Capítulo 34: Um Pequeno Presente

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Anna vestiu seu melhor vestido no dia seguinte para sair com Karenin. Eles iam sair juntos, pelo que Karenin prometera à Anna, deixando-a extremamente feliz por ter se lembrado.

Ela estava extremamente animada para ver a “Silver Coast” da qual Maria havia comentado. Tinha ouvido falar sobre isso em sua outra vida sobre Cote d’Argent. Por um tempo embaraçosamente longo, ela não percebeu que Maria falava sobre a mesma praia, considerando que elas estavam na França. Ficou fascinada ao ver o motivo pelo qual era chamada de Silver Coast.

À medida que se aproximavam do oceano, ela notou que o comércio portuário não estava tão desenvolvido. Os costumes eram relativamente simples e as pessoas gentis. Os produtos comerciais não eram tão sofisticados quanto os de Petersburgo, mas eram altamente valiosos. Para sua observação, na Cote d’Argent o valor de um objeto não estava em sua aparência, mas na história por trás dele.

Enquanto segurava um pequeno pente de cabelo prateado na mão, com o vendedor inteligente contando uma anedota emocional sobre uma nobre senhora e um pobre garoto que se apaixonou, ela viu pessoas reunindo ao redor deles para ouvi-lo. Quanto mais crescia o número de pessoas, mais apaixonado ele ficava.

Ela olhou para o pente, símbolo do amor. O pente de ângulo obtuso, era decorado com detalhes de corais vermelhos brilhantes e os dentes de prata enferrujados, mas que realçavam seu charme.

“Que história comovente!” Uma das senhoras bem vestidas ao seu lado foi às lágrimas.

“Nós vamos comprá-lo.” Karenin disse.

Depois que se afastaram, Anna segurou o pente embalado na mão e perguntou a Karenin: “Você acreditou nessa história?”

“Não há muitas damas nobres que se apaixonam por meninos pobres, Anna. A probabilidade é quase nula.” Karenin afirmou calmamente.

“Então por que o comprou?”

“Você gostou, não gostou?”

Karenin não olhou para Anna e continuou voltado para frente, mesmo quando ela o olhou com um rubor cobrindo as bochechas — ainda assim, seu olhar não passou despercebido por ele. Então ela seguiu seu exemplo e agiu de forma legal também.

“Oh, sim, mesmo que fosse uma história falsa, gosto desse presente.”

“O valor agregado de uma história aumenta o valor da coisa em si. Um empresário honesto nunca pode ser melhor do que um empresário traiçoeiro.” Karenin quase suspirou.

Anna riu e rebateu: “Você também pode dizer isso, pois as mulheres sempre ganham mais dinheiro”.

“Concordo.” Karenin assentiu com a cabeça.

Finalmente, chegaram a Cote d’Argent, uma fração da costa do sudoeste da França, localizada entre Biarritz e a foz do rio Adour. Anna ficou pasma assim que seus olhos pousaram na costa. Ela finalmente entendeu por que era chamada de Silver Coast. O final brilhando sobre a água e a areia a fazia cintilar e desprender caleidoscópios de cores. Era tudo tão brilhante — como prata. Ela quase correu direto pra água limpa antes de se controlar, pensando que não lhe era apropriado.

“Quero andar descalça, Alexei.” Anna implorou a Karenin.

“O tempo ainda está frio, Anna. Você pode ficar doente.”

Anna apenas continuou olhando-o com seus olhos grandes, projetando o lábio inferior ligeiramente. Karenin suspirou em derrota.

“Se você insiste, mas ainda acho…”

Anna não esperou que Karenin terminasse e tirou os sapatos. No instante em que seus pés tocaram a areia, fez uma careta.

“Você está certo.” Ela murmurou e calçou os sapatos novamente. “Está um pouco frio.”

“Eu diria que te avisei, mas não quero jogar sal na sua ferida.” Karenin a provocou com um grande sorriso no rosto.


Anna resmungou levemente e lhe mostrou a língua quando ele olhou para o outro lado.

“Você pode andar descalço quando o tempo esquentar.” Karenin a tranquilizou para melhorar seu humor.

Depois de um momento, Karenin percebeu que Anna estava olhando em volta com a cabeça baixa.

“O que está procurando?”

“Conchas do mar.” Anna disse e então se agachou, cavando a areia com os dedos.

Karenin também se agachou ao seu lado, segurando seu vestido para protegê-lo da areia. Anna pegou a mão dele e colocou uma concha em sua palma.

“É apenas uma concha comum, não tão preciosa quanto o pente de cabelo que me deu, mas, por favor, aceite-a como meu presente à você.”

A pequena concha havia sido enterrada na areia, trazida para a costa após suas aventuras no mar. Era fria ao toque, tinha uma cor normal e a dureza do material arranhou a pele de Karenin, declarando sua existência à ele. Contudo, rapidamente se tornou uma pequena concha única aos seus olhos.

“Nunca recebi tal presente.” Karenin disse gentilmente ainda olhando para ela.

A Noble Marriage (Novel)Onde histórias criam vida. Descubra agora