Capítulo 14: O Mais Sensato a se Fazer (2)

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Karenin olhou para a sua pequena esposa. Escutando a voz dela dizer as suas preocupações abertamente, fez com que se tocasse que não importava se ele fosse rejeitado ou não.

“Você está preocupada com rumores?”.

“Não, mas eu tenho medo de que eles machuquem as pessoas com as quais me importo”, Anna respondeu.

“Então, você tem que estar preparada, Anna. Nós não vamos acertar o tempo todo, até…” Karenin pensou antes de continuar, “Até que você já não tenha mais medo”.

“Eu não vou ter medo para sempre”, Anna disse com firmeza, enquanto suas bochechas coravam levemente. Ela olhou para o seu marido e disse, “Porém, eu acho que nós esquecemos de uma etapa importante”.

Karenin levantou a sua sobrancelha e disse, “Qual?”.

“Você sabe que tem uma sequência antes de se casar, certo?”, Anna riu, constrangida por estar dizendo isso abertamente, “Você sabe… estar em um relacionamento de verdade”.

Ela se sentou de joelhos, e apertou o cobertor e a sua camisola contra o seu peito antes de falar, “Você aceitou a minha proposta para se casar, então você não vai recusar ter um relacionamento sério, certo?”. A franqueza em suas palavras contrastavam com o quão tímida ela parecia.

Era verdade que eles haviam se casado rápido. Contudo, nessa sociedade, casamentos arranjados com rapidez ou não, eram centrados em duas coisas – estabilidade financeira e reputação, era mais como um emprego. Ela não queria que o casamento fosse apenas uma total obrigação. Anna queria que eles funcionassem como um casal.

A pergunta dela ficou no ar e entre eles havia um persistente silêncio. O único som que podia ser ouvido era o crepitar da luz oscilante da vela; o forte e íntimo aroma que flutuava através do ar era quase intoxicante. Com sua pequena esposa ajoelhada na cama e com metade dos ombros expostos, e um sorriso adornando suas feições, Karenin não poderia fazer mais nada, apenas concordar com o que ela havia dito. Karenin estava totalmente encantado pela visão que estava em sua frente.

Depois do longo silêncio, Karenin respondeu, “Apesar de realmente não saber muito sobre relacionamentos, eu concordo completamente”.

Anna abriu um grande sorriso, ela estava tão contente que quase comemorou batendo palmas. Contudo, controlou-se corando novamente, foi quando deu-se conta da situação em que estava, e colocou o cobertor firmemente contra o seu peito.

“Coloque suas roupas, Anna”, Karenin disse com uma voz baixa enquanto se virava, dando à Anna privacidade. Ela rapidamente se vestiu com a camisola e disse-lhe que havia terminado, levando Karenin a encarar-la novamente.

Sua esposa estava sentada na beira da cama com as pernas cruzadas, sua pele parecia ser mais branca que leite de vaca, o que ficava mais enfatizado sobre o brilho constante da luz das velas. Ela não conseguia ficar parada, enquanto continuava a esfregar uns contra os outros os seus dedos redondos.

“Não faça isso na frente de mais ninguém”, Karenin disse com uma voz grossa, quase inaudível.

“O que?”, Anna perguntou com um tom intrigado enquanto olhava para seu marido. Karenin caminhou e agachou-se na frente dela. Ele pegou seu pé e lhe colocou a pantufa, escondendo o delicado pé claro dela de vista.

Ninguém havia colocado os seus sapatos por ela antes, e nunca havia pedido para alguém fazer isso. Ela tinha suas costas ligeiramente dobradas, seu pescoço macio estava virado um pouco para o lado, e sentia como se o seu tornozelo estivesse formigando por conta do carinho de Karenin, uma sensação de calor passando através do corpo dela.

Ela riu de repente e sussurrou, “Alexei, eu encontrei outro motivo para me casar com você”.

Um bom marido colocaria docilmente os sapatos nos pés de sua esposa, e Anna estava completamente emocionada por aquele doce gesto.

“Qual?”, Karenin perguntou.

Anna sorriu, “Eu não posso dizer isso agora, deixe-me pensar, oh!”, Anna exclamou, seus olhos brilhando instantaneamente, “Ah! Agora eu sei o que lhe dar no seu aniversário!”.

Ela era sem dúvidas uma mulher peculiar. Ela nunca falhava em surpreender-lo. Karenin não conseguia entender a sua esposa, a qual parecia ter sido pega em sua própria mente. Ela começou a falar várias frases que eram compreensíveis apenas para si mesma, dizendo seus pensamentos, mas ainda deixando Karenin no escuro sem entender nada.

Ele a observou, observou o quão expressivo seu rosto era. Ele achava tudo sobre ela fascinante. Anna falava sobre expectativas mesmo seu marido não entendendo uma frase sequer.

Antes que Karenin pudesse se controlar, seus pés estavam se mexendo por vontade própria e se aproximando da mulher na cama. Ele então se agachou para poder ficar cara a cara com ela e perguntou, “Por acaso beijar minha própria esposa está de acordo com as suas expectativas?”

Anna ficou vermelha com a súbita troca de clima. “Isso é sensato a se fazer, certo?”.

Ele diminuiu a distância entre eles e a beijou nos lábios. Os lábios grossos dele se chocaram com os lábios macios dela. O todo seu aroma estava sobre ela, à medida que eles participavam de uma dança que só eles sabiam.

Esse era o segundo beijo de Anna com Karenin e era realmente mágico, igual o sol, a grama e o arco-íris juntos em um só.

A Noble Marriage (Novel)Onde histórias criam vida. Descubra agora