Nos próximos dias, Karenin não estava mais inundado de trabalho. Eles foram a muitos lugares juntos. Durante uma dessas viagens, Anna ficou pasma de quão amplo era o conhecimento de Karenin, independente se a conversa fosse de arte ou política.
“Não sabia que gostava de arte,” Anna comentou.
“Não gosto,” Karenin negou.
Estavam em pé parados em frente a uma enorme pintura com rabiscos “Dormir a Noite” no fundo. Mostrava uma cena onde todos estavam dormindo, exceto por uma mãe com roupas esfarrapadas, ela ainda estava acordada, cantarolando baixinho e persuadindo seu filho a dormir.
“Meu trabalho requer de mim muito conhecimento sobre essas coisas, e falar é parte do trabalho.”
Anna acenou em entendimento. Gostava de uma pessoa que pudesse ser diligente no trabalho, mesmo que nunca tenha se interessado nessa área, mostrava sua devoção a sua profissão.
“Ela é uma boa mãe, talvez podre, mas cuida bem de sua criança,” Anna disse então soltou um suspiro, seus olhos brilharam um pouco enquanto fazia isso. Se lembrou de sua mãe, não da falecida que nunca conheceu nesta vida, mas na sua vida passada.
Estava com doze anos quando ficou sozinha. A fim de trazer comida à mesa, sua mãe foi para o exterior, foi um período difícil. Anna não podia culpar sua mãe, apenas fez isso por ela, mas a criança foi privada da atenção e amor parental. Deixou um buraco nela, crescendo sem um senso de pertencimento…
Não havia dificuldades que uma pessoa otimista não pudesse superar; continuou a falar para si mesma. Sempre acreditou nessa filosofia, e com o tempo, provou a si mesma que estava certa.Karenin deu uma olhada na sua esposa, que parecia desamparada, uma nuvem desconhecida parecia pairar sobre ela. Engoliu suas palavras que estavam quase saindo de seus lábios, e tinha murmurado um ligeiro “Sim,”
Seus olhos azuis gelados estavam fixados na pintura. Sabia algo que ela não sabia, nem todo mundo sobre esse assunto. A verdade é, o artista da pintura uma vez confidenciou a ele, que isso era uma imagem da morte.
“Os ricos detestam reconhecer a morte real porque amam este mundo, amam as riquezas e a fama só encontradas neste mundo. Contudo, não é a mesma coisa com os pobres,” foi exatamente as palavras do exótico pintor. A pintura realmente retrata uma mãe cantando para sua criança dormir, uma criança que poderia nunca acordar de novo.
Karenin se recusava a privar essa informação de sua esposa.
“Estou um pouco emocional demais, não acha?” Anna tirou um lenço e secou suas lágrimas, parecendo um pouco envergonhada.
“Não é uma coisa ruim. Uma pessoa precisa de compaixão e empatia. É terrível se não tiver.”
“Uma pessoa com consciência pode ser gentil mesmo se ocasionalmente faça coisas erradas, mas uma pessoa sem consciência irá apenas se tornar um bandido frio.” Ele adicionou.
Anna olhou para Karenin, e então sorriu. “Me deparei com algumas coisas ruins antes, mas agora acho que todas valeram a pena.”
Karenin olhou para sua esposa, “Eu também, Anna.” Então, ela pegou seu braço e continuou o escutando apresentar outras pinturas. Como ele fez, Anna não pode deixar de admirar sua altura, nariz reto de onde estava. Era tão reto quanto sua pessoa, ela supôs.
***
Os Karenins declinaram a festa do chá feita pela Sra. De Malere uns poucos dias atrás mas quando este último os convidou pessoalmente para o café na Champs Elysèes, não puderam recusar mais.
No café, a Sra. de Malere elogiou Karenin por sua racionalidade e seu trabalho rigoroso sem hesitação. O jeito que batia seus cílios para o diplomata não escapou da atenção de Anna. Na verdade, Anna podia dizer que havia momentos em que a madame até parecia estar cruzando a linha.
“Seu marido é um sábio e raro homem. É muito marcante e tem um futuro brilhante. Embora precise participar de mais eventos sociais, será muito útil para sua carreira!”
Sra. De Malere deu a entender que Anna não deveria usar sua mente inculta, nem interferir com convites políticos inteligentes. Ela mandou vários convites, mas Karenin declinou com muito tato. Nunca houve um caso em que o convite de madame De Malere tivesse sido recusado, então ela naturalmente pensou que Anna disse algo para dissuadir seu marido. Depois de tudo, a intuição entre as mulheres sempre foi apelidada de ‘a mais precisa’.
Anna olhou para a mulher cuidadosamente, seu cabelo loiro combinava com ela, e seus olhos pareciam apaixonados e inteligentes. Possuía charme que era raro na maioria das mulheres, além disso, também possuía inteligência onde a maioria das mulheres faltavam.
Se fosse invejada por outras mulheres, Anna não podia as culpar. Mas essa mulher inteligente tinha um problema de possessividade. Sra. De Malere era ambiciosa, um tipo de mulher que sempre ganha não importa como.
Contudo, todos, não importa quão inteligentes eram, podiam ser estúpidos também. Como as mariposas atraídas ao fogo, desistem de tudo para alcançarem os seus objetivos.
“Meu marido é uma pessoa teimosa. Não gosta de pegar maçãs entregue por outros. Gosta de subir sozinho. Não acho que alguém neste mundo o conheça melhor que eu.” Anna respondeu com um sorriso. Não tinha ciúmes em relação a madame De Malere agora, e mesmo com sua beleza e inteligência sumiram sem nenhuma razão.
Anna não era nem inteligente como ela, mas entendia uma coisa…
‘Madame De Malere não o amava realmente.’
‘Ama nada mais que um fantasma que ela mesma imaginou e por causa de uma pequena aparência, acreditou que Karenin gostaria de ser o que ela tinha imaginado ele sendo. Amava e o admirava de longe, pensou que sua virtude mais atrativa era porque ele era gentil, inteligente e sabia como respeitar seus superiores.’
‘O considera como o homem que se entrega aos desejos, e usa sua beleza e sabedoria para atrair-lo, mas nunca se deu muito o esforço de realmente conhecê-lo. Isso é uma caçada, e madame De Malere quer apenas ganhar.’
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A Noble Marriage (Novel)
Storie d'amoreAo contrário de outras mulheres de sua idade, Anna conseguiu escolher um marido para si mesma. O homem que ela escolheu era sério, rígido em sua moral, mas também honesto até demais. Essas características eram o que o tornavam querido para ela. "Nos...