Porque Rosas São Clichês

Capítulo 9 - Um Alvo Inesperado

Quando a guerra se encontrava apenas lá fora, os homens que estavam nas tendas fingiam ter um momento de paz e diversão. Mesmo com tanta diversão, bebida e homens jogando conversa fora era sempre o momento em que Itachi se isolava, ele era um daqueles que preferia estar lá fora, atirando e se arriscando, por isso ficava na sua cama, quieto.

Mas Takashi nunca o deixava em paz, estava sempre ali. Quando entravam de férias e podiam voltar para suas "famílias" por alguns poucos dias Itachi nunca participava das festividades nos bares mas Takashi o convencia a sair sempre que possível quando conseguia persuadir o Uchiha.

E naquele dia em especial ele havia o convencido a assistir um dos jogos comunitários que as crianças do bairro de Takashi faziam. Ele convenceu Itachi dizendo que era importante as crianças dali verem os militares não só como homens armados, mas o Uchiha não estava tão focado nisso, ele foi apenas para o Haruno parar de importunar.

- É estranho te ver abalado desse jeito cara, você está pensando naquilo de novo?

Itachi não respondeu nada, Takashi não tinha receio de perguntar sobre o passado dele e mesmo que Itachi nunca tivesse lhe dito uma única palavra sequer, ele sabia.

- Você pode conversar sabe, somos amigos! - Takashi exclamou e viu o olhar de Itachi o analisar, como se perguntasse se era realmente verdade - Você sabe que eu sei, mas é melhor quando você fala.

- Eu adorava beisebol, sabia? Eu era ótimo. - Itachi disse sério enquanto assistiam as crianças jogando. - Eu gostava de frequentar essas quadras e ver as outras crianças com luvas caras e tudo mais. Então eu voltava pro orfanato e jogava taco com o restante, não me importava de não ter um uniforme ou campo de verdade, mas ele.. o Artur ele tirou isso de mim.

- Então você se lembra dele? Quantos anos tinha?

- Dez ou onze..

- Você nem tinha como se defender... - Takashi disse com uma voz melancólica, mas Itachi riu.

- Eu me defendi sim, eu corri atrás dele com um taco! - Itachi sorriu e Takashi também, balançando a cabeça negativamente. - Mas ele quebrou o meu ombro em três lugares diferentes, mas eu não me arrependo. Só me arrependo de não ter batido mais forte. Ainda assim, depois que meu ombro melhorou, eu odiava jogar, doía.. mas não era só isso.

- Vou te falar cara, passar pelo que você passou... Eu era um desses garotos aí quando tinha onze anos, tinha uma família boa e meus pais participaram de todos os meus jogos. Eu queria que você tivesse tido isso, eu sinto muito cara!

Pela primeira vez em muito tempo Itachi tinha sentido que podia confiar em alguém, compartilhar qualquer coisa já que eram amigos. E quaisquer desconfianças que sua mente normalmente criava foi jogada no lixo.

- Isso fez de mim quem eu sou, eu acho!

- É! - Takashi sorriu - Acabou te transformando no melhor agente das forças armadas!

- Não exagera.. - Itachi sorriu, mas sabia que era a verdade.

- Eu não estou! Olha, irmão.. saiba que pode contar comigo pra tudo que precisar!

Itachi observou Takashi cheio de incerteza mas quando o amigo lhe deu um sorriso sincero ele se desarmou, afinal queria ter um amigo, queria ser amigo de alguém. Ainda que no final, ele soubesse que não podia confiar em ninguém...

***

Lembrar sobre o passado, sobre a convivência que tinha com Takashi e depois recordar a morte dele eram coisas que a mente de Itachi vinha relembrando e relembrando.