A verdade é que facilmente nos deixamos enganar por aquilo que amamos.
A atração pelo que é errado...
Sakura nunca aceitou que ninguém se aproximasse de verdade, os que tentaram fugiram. Nada que passava por sua vida permanecia bem, assim como as...
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Noites se passaram sem Itachi conseguir dormir, pensando em como Sakura estaria naquele hospital e agora que a tinha ali perto de si ele pode ter um vislumbre de sono. Nunca teve um dia sequer que Itachi dormiu tão atormentado ou teve pesadelos com as ameaças que recebia ou com as mortes que causava. Ele dormia sereno sabendo que era o melhor no que fazia. Mas desde o dia que Sakura se tornou uma de suas prioridades algo havia mudado.
Nos dias em que ela esteve no hospital o que impedia ele de ir até ela era algo vergonhoso, medo talvez. Nada que ele fizesse poderia reparar o dano e talvez se aproximar dela de novo poderia ser pior, mas aquele sentimento egoísta novamente o invadiu. Um dia após ser levado pela agente Temari, ele foi solto, sabia que estar sobre a proteção de Orochimaru — ao menos, por enquanto — era o que o fez sair, mesmo que lá no fundo ele não quisesse.
Todas as vezes que sua cabeça se encostava no travesseiro ele tinha pesadelos, não eram pesadelos comuns. Era a guerra, as vítimas que sofreram com uma morte lenta em suas mãos, o sangue que ele derramou. Quando despertava aquelas imagens não sumiam, elas ficavam ali fazendo-o remoer tudo que já havia feito, de uma forma atormentadora.
Então preferia se manter de bem olhos abertos. Mas agora com Sakura dormindo embaixo do mesmo teto que ele, Itachi conseguia fugir daquela realidade, e mesmo que já esperasse algum tipo de pesadelo, nada o preparou para ter aquela sonho que estava mais próximo da realidade do que qualquer outra coisa em sua mente...
Aquela criança reclusa que havia sido abandonada num posto de bombeiros havia sido mandado para um orfanato bom, Raio de Esperança ou Luch Nadezhdy em russo, eram o que diziam. Aquela criança deveria ter nove ou dez anos, mas já não era uma criança tão inocente, já havia visto muitas coisas que outras da sua idade nunca sonhariam ver, e a culpa não era dele. Mas ele não gostava de estar sozinho, gostava de brincar e fingir que era normal como os outros — apesar das freiras de lá saberem que ele não era.
Era um dia de sol, algumas crianças jogavam basquete outras taco, aquela criança por outro lado havia ficado de castigo por ter desobedecido uma das freiras, ele havia pegado uma maçã.. ela estava tão vermelha.. e ele com tanta fome.. era só uma maçã e ele só tinha dez anos. O castigo havia válido a pena ao menos, foi o que ele pensou sentado no canto daquele cubículo velho. Mas justamente aquele dia, havia um "bom samaritano" que resolveu visitá-los, aquela criança nunca havia se aproximado desse homem, ele sempre teve a expressão feliz demais e chegava a ser estranho a frequência com que ele sorria para o menino.
Mas o homem por outro lado...
Aquele samaritano se aproximou de onde a criança estava sentada, ele se abaixou e encarou os olhos negros do menino de dez anos — aquele menino jamais se esqueceria daqueles olhos castanhos claros o olhando — e disse a seguinte frase: " Você é um menino bonito, Itachi. E meninos bonitos podem ter tudo o que quiserem!".
Deus, como aquilo era uma mentira.
Em antecipação, todos devem saber que quando um homem adulto diz que você é um menino bonito não vem algo bom a seguir. Mas ele não sabia daquilo, ainda.