Porque Rosas São Clichês

Capítulo 23 - Ainda Está Tudo Bem

Eu senti aquele véu caindo sob meus olhos e repousando lentamente em meu rosto. Minhas mãos, ainda tremulando, seguravam uma única rosa, tão vívida e vermelha.

Precisei abrir os olhos para ter certeza que não, eu não estava sonhando. Eu estava de branco, pés descalços, um buquê de uma única rosa em mãos e um véu me protegendo.

- Ei, minha pequena mulher.. - Chiyo se aproximou repousando ambas as mãos sob meus ombros - fique calma.. respire fundo. - fiz o que ela me pediu, mas não senti meu peito doer menos - Logo a frente está seus sonhos e só você vai poder fazer isso, ir até lá e agarra-lo para nunca mais soltar.

Aquela senhora me empurrou para frente, não fisicamente. Chiyo deu um solavanco em minha mente e me puxou para ir. Caminhando sob aquela passarela de pétalas de rosas brancas, as sentindo em meus pés que eu encarava freneticamente, por medo de olhar para frente. Até que senti as mãos de Chiyo calejadas em meu queixo, a olhei e encontrei as palavras:

- Erga a cabeça, você é o motivo disto tudo...

Aquela dor no peito ela era boa. Indiscutivelmente boa. Era um frio na barriga e um aperto que me acalentava, porque eu sentia o calor das pessoas a minha volta e também dos que ali não estavam.

Eu podia ver o olhar de minha mãe próxima ao altar, seu vestido seria lilás mesclando com a decoração que eu havia escolhido, e seu sorriso seria branco e radiante. Eu também podia ver meu pai, este estaria chorando e tentando se conter com um lencinho, e eu iria rir daquela cena. Ao lado dele estaria meu irmão, seu semblante sério após ter me dado o maior dos sermões e - é claro - um abraço forte: Eu te amo, mana!

E por fim, eu o via.

Itachi estava ali. O meu Itachi vestia branco, sua gravata era de um cinza claro e eu petrifiquei quando encontrei seus olhos. Tenho certeza que sequer o fino tecido do veu foi capaz de esconder o quão vermelha eu estava. Meus lábios tremiam e eu não entendia o porque, ou entendia mas não queria admitir.

Não queria admitir que:

Eu estava se casando com Itachi Uchiha.

Eu estava ali prontinha pra dizer sim e finalmente ter o final que eu imaginava desde o início. Desde a primeira vez que ele entrou naquela floricultura com terceiras e quartas intenções, mas que no fundo o destino já havia traçado nosso caminho espinhoso juntos.

Tantas lutas e desafios, daqueles que eu achei fielmente que o havia arrancado de mim. Mas não aconteceu. Itachi está enraizado em minha alma, minha pele. E disso, eu carrego a nossa extensão de amor, um pontinho de luz que nos deixou totalmente cegos: Saori.

Eu sorri. Lágrimas transbordando em meus olhos da mais pura felicidade. Por que aquilo foi o que eu sempre quis. Itachi, Saori.. foi o sonho que nunca precisei sonhar mas que me agarro fielmente na necessidade de tê-lo.

Eu o amo.

Eu amo Itachi.

- Você está... - o vi direcionar a fala para mim e sorri satisfeita. Ele estava tão nervoso quanto eu estava. Itachi segurou minha mão e me puxou para o altar. Foi então que senti aquela segurança que me revigora, como se eu pudesse fazer qualquer coisa porque ele estava ali, segurando aquela única mão - perfeita.

- Eu estou com você.. - constatei e seu sorriso pequeno também me transmitiu aquela sensação de calmaria.

Todas aquelas bobagens da cerimônia foram ditas mas o que me importava de verdade, o que eu queria dizer e ouvir finalmente havia chegado:

- Aceito!

- Aceito!

Itachi soltou aquele conjunto de letras e a dor no peito sumiu, e só restou ele ali. Me encarando como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. Como se não existisse outro lugar onde ele gostaria de estar senão comigo.