Nudes | Malila.

18

Marília havia decidido que falaria com Maraisa no dia seguinte. E assim fez, esperou a menor chegar na escola, afinal, obviamente, ela não dormiu no apartamento da maior pela discussão e, por conta disso, estava em sua casa sozinha pois seus pais ainda estavam viajando.

Por ironia do destino, ou não, Maraisa foi a primeira aluna a chegar na sala do terceiro ano e Marília já se encontrava lá, afinal, suas aulas seriam as duas primeiras. Maraisa assim que viu a mais velha, revirou os olhos e sentou na última carteira, colocando seus fones de ouvido e deitando a cabeça na mesa. Seus fones foram puxados delicadamente e ela continuou de cabeça baixa, afinal, sabia que a loira que lhe fazia sentir um misto de sensações estava em sua frente.

- Podemos conversar, Isa? - Disse carinhosamente e Maraisa continuou na mesma posição.

- O que quer? - Perguntou com rispidez, sua voz estava abafada por ela estar com a cabeça enfiada entre os braços cruzados sobre a mesa.

- Eu quero te pedir desculpa por ontem. - Suspirou, se sentando na carteira que havia na frente de Maraisa. - Eu não quis te dizer aquelas coisas horríveis, eu estava estressada... Me perdoa, eu te amo. - Disse envergonhada com o tom baixo. Maraisa levantou a cabeça com uma expressão inflexível e fria.

- Então deixe de amar. - Marília engoliu em seco. - Amar alguém e o sentimento não ser recíproco, é complicado. - A mais velha sentiu as lágrimas escorrerem de seus olhos sem pudor, ela até tentava enxugar, afinal, não gostava de chorar na frente de ninguém, mas eram muitas e era impossível de controlar.

- Eu não posso deixar de te amar, eu não consigo fazer isso. - Disse com a voz embargada. Seus olhos já estavam vermelhos e suas bochechas coradas, as palavras frias de Maraisa foram piores do que uma profunda facada no peito.

- O problema é todo seu, não meu. - Deu de ombros, colocando seus fones e deitando a cabeça sobre a mesa novamente, voltando a sua posição de minutos atrás.

Marília até pensou em dizer algo, mas alguns alunos começaram a entrar, estranhando um pouco o porquê da loira estar chorando e Maraisa de cabeça baixa. Para não levantar suspeitas, balançou a cabeça em negação e adotou a expressão séria e formal, esperando o resto dos alunos entraram para assim, poder começar a aula.

[...]

O olhar de Marília estava vidrado em Maraisa o tempo inteiro, ela só queria voltar no dia anterior e apagar o que havia dito para a menor, mas sabia que era impossível isso acontecer.

- Professora. - Maraisa a chamou e seu coração acelerou ao ouvir sua voz. - Poderia vir aqui um instante? Eu não estou entendendo o exercício. - Disse olhando o caderno e Marília assentiu rapidamente, caminhando até ela.

- Qual sua dúvida? - Seu tom de voz com Maraisa não era formal, obviamente, mas ninguém notava isso.

- Essa aqui. - Apontou para a questão e olhou para frente para não capturar os olhos da mais velha, esses que lhe deixavam desconcertada. Marília começou a explicar enquanto Maraisa fitava o caderno.

- Entendeu tudo? Ou quer que eu te explique de novo? - Disse de forma carinhosa e Maraisa negou.

- Não será preciso, eu já entendi. - Disse seca e Marília suspirou fundo, assentindo com a cabeça e lhe dando uma última olhada antes de sair dali e se sentar em sua mesa novamente, pegando seu telefone, discando rapidamente o número daquela que com certeza lhe ajudaria sem hesitar.

- Alô? - Maiara disse sonolenta do outro lado da linha, parecia ter acabado de acordar. Marília se levantou, tampando com a mão o microfone para poder avisar para seus alunos que precisava atender a ligação, mas que não era para eles fazerem bagunça.

- Baixinha, eu preciso da sua ajuda. - Disse após sair da sala, fechando a porta atrás de si.

- Hm... E para o que seria desta vez, Dias? - Chamou pelo sobrenome que Marília odiava, mas ela apenas revirou os olhos.

- Seguinte... - Começou a contar todo o seu plano arquitetado para Maiara, essa que concordou com tudo, afinal, adorava ajudar os outros.

Marília estava disposta a conseguir reconquistar sua garota.