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Maraisa

Ao coletar os fios de cabelo de Maiara, no dia seguinte, fui até o hospital que havia aqui perto e solicitei o exame de DNA. Ficaria pronto em duas semanas, o que me causou mais ansiedade ainda. Eu sabia que demorava, mas eu queria que ficasse pronto na hora, mesmo sendo algo impossível.

Voltei para a casa e vi minha esposa sentada no sofá, passando os canais, procurando algo que lhe agradasse. Assim que ela notou minha presença, endireitou sua postura.

‐ Solicitou o teste, amor?

- Sim, fica pronto em duas semanas.

Ela fez uma careta.

- A medicina anda tão avançada, qual o problema dos médicos em desenvolver um exame que leve menos tempo?

- Não faço ideia, só sei que posso morrer de tanto esperar.

- Não diz isso, logo mais nossas filhas vão nascer, você precisa tentar ficar calma. O que for pra ser, será. - Minha esposa me puxou delicadamente para perto, me envolvendo em um abraço caloroso.

[...]

As duas semanas finalmente haviam se passado. Dirigi até o hospital bem cedo, a fim de pegar logo os exames e ver o resultado. Marília me acompanhou dessa vez para me dar apoio independente do resultado.

Estacionei o carro em uma das vagas disponíveis e sai do automóvel acompanhada da minha esposa. Caminhamos juntas até a entrada do hospital e pedimos para a recepcionista avisar ao médico que estava com os meus exames que havíamos chegado.

Em poucos minutos o médico se aproximou de nós e fomos até sua sala. Nos sentamos nas cadeiras a sua frente e encaramos o grande envelope em minhas mãos. Eu estava sem coragem para abrir e o médico e Marília não me apressaram em momento algum.

Respirei fundo diversas vezes e umedeci os lábios diversas vezes também. Abri o envelope de uma vez em um lapse de coragem e ignorei todas aquelas letrinhas pequenas, procurando somente o positivo ou negativo.

Positivo.

Eu não tive reação. Marília puxou lentamente os exames de minhas mãos e não ficou tão surpresa com o resultado, ela já esperava, tenho certeza disso.

- Uau... Eu sabia. Vocês são mesmo irmãs. - Ela sorriu para mim.

[...]

- Se não estiver pronta podemos adiar... - Marília fez um carinho em minha mão.

Estávamos esperando Maiara chegar. Eu estava nervosa e minhas mãos suavam.

- Não... Ela merece saber. Você sabe que ela passou bastante tempo da vida dela tentando saber sobre os pais.

Minha esposa assentiu.

A campainha tocou minutos depois e Marília foi atender. Maiara entrou sorridente, mas assim que viu nossas caras, seu sorriso morreu.

- Oi, gente... Aconteceu alguma coisa?

Marília e eu trocamos um breve olhar.

- Aconteceu... Maraisa precisa conversar com você, baixinha. Senta ai. - Apontou para o outro lado do sofá.

- Vocês estão me assustando...

- Calma. - Toquei o braço da minha irmã.

Marília suspirou.

- Eu estarei no quarto qualquer coisa. - Assenti e observei minha esposa sumir do nosso campo de visão.

- O que aconteceu, metade?

Respirei fundo.

- Maiara... Eu não sei como começar a te explicar isso... - Suspirei e comecei a gaguejar um pouco a fim de tentar achar uma forma de dizer aquilo. Acabei desistindo de bolar um discurso plausível. - Maiara, somos irmãs.

Ela arregalou tão forte os olhos que jurei que ficaria vesga.

‐ O QUE?!

- Nós somos irmãs. - Repeti e lhe mostrei os papéis dos exames que estavam ao meu lado.

Maiara começou a le-los freneticamente. Ela passou por volta de cinco minutos com os olhos nos papéis, desnorteada.

- Eu... - Engoliu em seco.

- Maiara...

Ela não me deu tempo de continuar, pulou em meus braços e começou a chorar. Eu fiquei sem reação inicialmente, mas retribui e apertei seu corpo cuidadosamente.

- Eu... Sempre te considerei uma irmã, com ou sem papéis... Uma porcaria de teste de DNA não mudaria o que eu sinto. - Ela sussurrou emocionada. - Mas eu estou tão feliz em ter algo que comprove isso.

Foi inevitável não chorar. Ficamos abraçadas por um bom tempo, até que eu me afastei e enxuguei as lágrimas.

- Ainda precisamos saber o que aconteceu para que fôssemos separadas.

- Eu não me importo com isso. O que realmente me importa é que eu tenho uma irmã. E essa irmã é você, a pessoa mais incrível que eu já conheci em toda minha vida.

Voltamos a nos abraçar entre lágrimas, mas eu demoro a sentir uma pontada em minhas costas.

- Aí! - Me afastei e fiz uma careta ao sentir outra. Maiara se assustou.

- Está tudo bem? - Ela se levantou preocupada.

- Sim... Eu só acho que... Vai nascer. - Apoiei as mãos no sofá e comecei a respirar fundo enquanto contava até dez.

Maiara gritou por Marília, que desceu rapidamente.

- Suas filhas vão nascer! - Ela disse exasperada.

Marília arregalou os olhos e correu para o andar de cima, provavelmente para pegar minhas coisas e de nossas filhas. Maiara veio até mim e se ajoelhou, segurando minhas mãos.

- Respira, irmã. Eu estou aqui.

Irmã. Aquilo me acalmou de uma forma inexplicável.

*

Oi, alguém lembra dessa fic? 😭

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⏰ Última atualização: Oct 29, 2023 ⏰

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