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Marília

Maraisa recentemente havia entrado no terceiro trimestre da gravidez. Sua barriga estava gigante. Havíamos descoberto que eram gêmeas. Duas saudáveis garotinhas. Tentei fazer com que minha esposa maneirasse um pouco durante essas últimas semanas, mas era totalmente em vão. Maraisa começou a achar que ela e Maiara eram irmãs.

De início, gargalhei exageradamente, ela até me bateu por conta disso, mas eu não acho que seja impossível. Maiara cresceu sem os pais e Maraisa não conheceu os avós, nem por fotos.

- Descansa um pouco, meu sol. Nossas pequenas nascerão em menos de duas semanas, você precisa estar relaxada - Tentei convencê-la novamente, mesmo sabendo que não obteria sucesso.

- Eu vou fazer um teste de DNA, coisa que eu deveria ter feito desde que comecei a suspeitar disso, e caso dê positivo, minha mãe vai se arrepender caro de ter escondido isso de mim. - Maraisa andava de um lado para o outro enquanto alisava sua barriga.

Suspirei.

- E onde a Maiara entra nessa história toda? Não acha que ela merece saber que talvez vocês sejam irmãs? - Cruzei os braços abaixo dos meus seios.

- Eu não quero enchê-la de expectativas. Maiara é bastante sensível. Não quero que ela se decepcione caso isso tudo não passe de um enorme e maluco delírio meu. - Assenti.

- Certo. E como pretende coletar algo dela pro teste sem que ela perceba? - Questionei.

- Podemos... Pegar algum fio de cabelo dela? Ou algum copo, talher que ela usar, não sei.

- Acho que fio de cabelo é mais fácil. - Opinei e Maraisa concordou.

- Ela vem dormir aqui hoje. Obviamente trará uma escova de cabelo e bingo! Problema resolvido. - Sorrimos uma para a outra.

Maraisa parou de sorrir e suspirar, se sentando na beirada da cama. Desceu o olhar para a barriga e suspirou.

- Ei! - Me aproximei dela. - Vai dar certo, meu amor. Você vai ver. - Beijo seus cabelos pretos como a noite e ela me olha.

- Eu espero que sim. - Acariciei sua bochecha e lhe beijei com paixão.

[...]

Maraisa

Eu estava nervosa. Minhas mãos suavam. Maiara penteava seus cabelos e eu não conseguia desviar o olhar dos movimentos que ela fazia ao escovar o mesmo. Seu rosto era um borrão e eu só voltei a mim quando senti sua mão em meu ombro.

- Maraisa?

Pisquei algumas vezes e cocei a garganta, sorrindo sem graça e prestei atenção nela.

- Sim?

- Está tudo bem? - Ela franziu o cenho e eu assenti.

- Aham. É que eu estou com fome. - Fala sério, Maraisa. Não tinha desculpa melhor não?

Maiara riu.

- Acabamos de comer. - Arqueou a sobrancelha. - Mas aquela torta de frango estava maravilhosa. Não faz mal pegarmos mais um pedaço, não é?

Neguei rapidamente.

- Claro que não! Vamos. - Sorri largo. Ela estranhou, mas graças a Deus não me questionou. - Vai indo na frente que eu vou só fazer xixi. Estou apertada. - Ela assentiu e sorriu.

Assim que Maiara saiu do quarto, procurei feito louca em minhas gavetas o saquinho para guardar seus fios de cabelo. Quando achei, fui até sua escova e em um puxão só, todos os fios estavam em minha mão. Guardei-os e fechei o saquinho, escondendo bem em minha gaveta.

Respirei fundo e expirei pela boca, saíndo do quarto como se nada tivesse acontecendo ou estivesse prestes a acontecer.

Eu esperava que desse certo.

Nudes | Malila.Onde histórias criam vida. Descubra agora