Antes mesmo do novo vírus se espalhar pela Coreia, Ryu já sabia que estava infectada. Usada como cobaia em um Laboratório Militar, fugiu semanas antes da doença que transformava os humanos em monstros se espalhar pelo país até destruí-lo. Até então...
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O céu estava escuro, dominado por estrelas. Era assim que ele ficava todas as noites desde que os monstros começaram a dominar a Coreia e as luzes que iluminavam a cidade foram destruídas. Logo, as poucas que restaram serão desligadas, quando a luz acabar de uma vez por aqui. Não deve demorar muito para acontecer.
A luz da Lua entrava pela pequena frecha que deixaram entre as cortinas para iluminar o necessário no apartamento sem que fosse preciso ligar as luzes. Não queriam chamar a atenção de nenhum infectado do lado de fora.
As crianças ocuparam o pequeno sofá, onde dormiram, cobertos por um lençol fino que dividiam entre elas. Senhora Sook deitou-se em uma cama improvisada de cobertores no chão. Du-Sik dormiu na própria cadeira de rodas, a arma caseira continuava sendo segurava com firmeza, apoiada ao lado do corpo. Jae-Heon e Ji-Su dormiam no chão, encostados na parede com as armas o mais próximo possível.
Me sentei ao lado da porta de entrada quando a hora de Hyun-Su vigiar a porta chegou ao fim. Ele ficou ao meu lado, os olhos fechados e a cabeça encostada na parede. O observei por alguns segundos, prestando atenção nos detalhes de seu rosto. Cabelos oleosos e grandes, mas secos, como se não fossem lavados a algum tempo. Ele caia sobre a lateral do seu rosto, quase tampando seus olhos. Não troquei muitas palavras com ele. Hyun-Su não parece ser o tipo de garoto que gosta de conversar, e eu muito menos.
Tirei o celular do bolso, a luz branca que ele emitia era baixa, mas o suficiente para iluminar meu rosto e me fazer cerrar os olhos, até que eles se acostumassem com a luz. Abri a galeria, procurando pelo álbum com minhas fotos preferidas. Dei um sorriso ao encontrá-lo, vendo as fotos e vídeos com meus melhores amigos. Abri uma delas, deixando em tela cheia e analisando os rostos dos dois garotos. Sunwoo e Ishida.
Era uma foto que tiramos no metrô, logo depois de voltarmos de uma festa que durou a noite toda. Ishida estava sentado ao meu lado com um grande sorriso, deixando suas covinhas a vista. Ele tinha um visual chamativo. O corte de cabelo chamado mullet combinava perfeitamente com seu rosto fino. A franja grande caia sobre sua testa, deixando o aviso que estava na hora de apara-la. A orelha direita tinha um único furo, onde Ishida usava um pequeno brinco de argola que encontrou em uma das gavetas do meu quarto. Usava uma correntinha fina em volta do pescoço que caia sobre sua blusa preta.
Do lado dele, encostando a cabeça em seu ombro e com os olhos fechados, estava Sunwoo. O cabelo recém cortado estava bagunçado. Ele costumava a dividi-lo ao meio, fazendo com que duas ondas caíssem bem ao lado dos seus olhos, o que o irritava. Por conta disso, Sunwoo ficava as soprando para longe quando estava com preguiça de arruma-las. A boca dele estava meio aberta e eu me lembro que ele roncava alto na hora dessa foto, o motivo da risada de Ishida. Por sorte, não havia ninguém naquele vagão além de nós três, uma das vantagens de pegar o metro as quatro da manhã no centro da cidade.
