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Estava sentada no meio da recepção, os olhos fixos no teto cinza e manchado. Eun tentou me chamar para conversar, mas desistiu depois que eu o ignorei, fechando os olhos. Hyun-su veio logo depois, querendo saber se eu estava bem. Apenas balancei a cabeça, confirmando, ainda de olhos fechados. Ji-su pediu minha ajuda para organizar os suprimentos que restaram na dispensa e foi embora depois de alguns segundos sem reposta, ela não era muito paciente.
Não estou fazendo isso de propósito. Queria ter aceitado a conversa de Eun Hyuk, respondido a Hyun-su por meio de palavras e ido ajudar Ji-su. Mas no momento, eu estava tendo uma importante discussão com a Outra.
Outra não é uma pessoa, muito menos um amigo imaginário. Bom, ela é minha amiga, mas é real, pelo menos para mim, que consigo senti-la e ouvi-la. A Outra, na verdade, é a minha versão monstro, o vírus que me permitiu ter todos os poderes que tenho hoje.
Nós não costumávamos a discutir, a não ser pelos momentos em que ela queria assumir o controle, o que normalmente não significava que algo bom iria acontecer, por mais que Outra não mate ninguém que eu não a mande matar. Ela seguia minhas ordens, e em troca, eu ouvia o que ela tinha a dizer. Pode não parecer uma relação muito recíproca, mas funciona bem. Outra sabe que não posso deixa-la fazer o que quer, porquê se isso acontecesse, ela já teria matado todos os sobreviventes no primeiro andar, menos as crianças. Ela gostava das crianças. E as vezes ela também gostava de algumas das pessoas daqui, mas não costumava a durar muito tempo, algo simples sempre acabava a irritando.
De qualquer forma, esse não é o assunto da nossa discussão no momento. A cena do banheiro, onde a bola de fogo foi atrás de alguém do lado de fora, não sai da minha cabeça.
Perguntei a Outra se ela tinha alguma ideia de quem poderia ser, mas ela não me respondeu, o que era estranho. Quando repeti a pergunta, Outra disse que sim, um pouco irritada pela minha insistência. Agora, estamos a alguns minutos brigando por ela não querer me contar quem estava do lado de fora, muito menos o que aquela pessoa queria. Agora eu tinha certeza de que era uma pessoa, porque me lembrei de que consigo sentir a presença quando há monstros por perto. Eu não senti nada naquele dia.
Tive um certo pressentimento sobre isso, mas não ser dizer se ele é bom ou ruim.
- Você não sabe como é! Sentir a sua vida na mão dos outros!
"Faça ele parar de gritar, Ryu."
Fique quieta, Outra!
Me levantei, ignorando a voz reclamona em minha cabeça e olhando para o homem que gritava desesperado no corredor. O Cicatriz o arrastava pela gola da camisa até o portão. Não me lembro do seu nome, mas era um dos medrosos que se escondeu na creche enquanto o monstro atacava Du-sik e Su-yeong. Os cabelos cortados simetricamente, as bochechas com espinhas e um óculos retangular.
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Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet Home
Mystery / ThrillerAntes mesmo do novo vírus se espalhar pela Coreia, Ryu já sabia que estava infectada. Usada como cobaia em um Laboratório Militar, fugiu semanas antes da doença que transformava os humanos em monstros se espalhar pelo país até destruí-lo. Até então...