23 - Outra

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Estava sentada no meio da recepção, os olhos fixos no teto cinza e manchado

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Estava sentada no meio da recepção, os olhos fixos no teto cinza e manchado. Eun tentou me chamar para conversar, mas desistiu depois que eu o ignorei, fechando os olhos. Hyun-su veio logo depois, querendo saber se eu estava bem. Apenas balancei a cabeça, confirmando, ainda de olhos fechados. Ji-su pediu minha ajuda para organizar os suprimentos que restaram na dispensa e foi embora depois de alguns segundos sem reposta, ela não era muito paciente.

Não estou fazendo isso de propósito. Queria ter aceitado a conversa de Eun Hyuk, respondido a Hyun-su por meio de palavras e ido ajudar Ji-su. Mas no momento, eu estava tendo uma importante discussão com a Outra.

Outra não é uma pessoa, muito menos um amigo imaginário. Bom, ela é minha amiga, mas é real, pelo menos para mim, que consigo senti-la e ouvi-la. A Outra, na verdade, é a minha versão monstro, o vírus que me permitiu ter todos os poderes que tenho hoje.

Nós não costumávamos a discutir, a não ser pelos momentos em que ela queria assumir o controle, o que normalmente não significava que algo bom iria acontecer, por mais que Outra não mate ninguém que eu não a mande matar. Ela seguia minhas ordens, e em troca, eu ouvia o que ela tinha a dizer. Pode não parecer uma relação muito recíproca, mas funciona bem. Outra sabe que não posso deixa-la fazer o que quer, porquê se isso acontecesse, ela já teria matado todos os sobreviventes no primeiro andar, menos as crianças. Ela gostava das crianças. E as vezes ela também gostava de algumas das pessoas daqui, mas não costumava a durar muito tempo, algo simples sempre acabava a irritando.

De qualquer forma, esse não é o assunto da nossa discussão no momento. A cena do banheiro, onde a bola de fogo foi atrás de alguém do lado de fora, não sai da minha cabeça.

Perguntei a Outra se ela tinha alguma ideia de quem poderia ser, mas ela não me respondeu, o que era estranho. Quando repeti a pergunta, Outra disse que sim, um pouco irritada pela minha insistência. Agora, estamos a alguns minutos brigando por ela não querer me contar quem estava do lado de fora, muito menos o que aquela pessoa queria. Agora eu tinha certeza de que era uma pessoa, porque me lembrei de que consigo sentir a presença quando há monstros por perto. Eu não senti nada naquele dia.

Tive um certo pressentimento sobre isso, mas não ser dizer se ele é bom ou ruim.

- Você não sabe como é! Sentir a sua vida na mão dos outros!

"Faça ele parar de gritar, Ryu."

Fique quieta, Outra!

Me levantei, ignorando a voz reclamona em minha cabeça e olhando para o homem que gritava desesperado no corredor. O Cicatriz o arrastava pela gola da camisa até o portão. Não me lembro do seu nome, mas era um dos medrosos que se escondeu na creche enquanto o monstro atacava Du-sik e Su-yeong. Os cabelos cortados simetricamente, as bochechas com espinhas e um óculos retangular.

Os Mais Fortes Sobrevivem - Sweet HomeOnde histórias criam vida. Descubra agora