Antes mesmo do novo vírus se espalhar pela Coreia, Ryu já sabia que estava infectada. Usada como cobaia em um Laboratório Militar, fugiu semanas antes da doença que transformava os humanos em monstros se espalhar pelo país até destruí-lo. Até então...
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Os sobreviventes estão entrando no túnel após os militares do lado de fora atirarem contra nós. Eles pediram para que eu ficasse. Queriam que eu fosse com eles. Mas não posso fugir. Não tenho mais motivo para ir.
Eu me lembrei de tudo quando fui visitar Eun-Ji Ryu ontem a tarde.
Me lembrei, enquanto segurava sua mão e chorava porquê meu coração doía tanto ao vê-la daquela maneira. As lembranças simplesmente vieram, uma atrás da outra, preenchendo todo o vazio que havia se instalado em mim.
O dia em que a conheci. Aquela garota estranha que morava no último andar do prédio e gritava com um monstro três vezes maior que ela para tentar proteger as crianças. Ela falava com ele como se estivesse brigando com um cachorro malcriado, mas aquilo, por algum motivo, naquele dia terrível, me fez sorrir. Ela me fez sorrir.
O meu motivo pra viver. A minha âncora. A garota que eu amo.
Ela não estava indo para o túnel junto dos outros sobreviventes. Ela não estava no deposito quando fui procurá-la para levá-la comigo. Ela não estava em lugar nenhum. E eu... eu não quero ir sem ela. Então agora, estou caminhando em linha reta do lado de fora do prédio, em direção aos militares que vieram atrás de mim.
A cada passo que dou, só consigo pensar em uma coisa. Só consigo pensar em uma pessoa. Eun-Ji Ryu.
A imagem do seu rosto, com aquele sorriso branco e covinhas elegantes que aquecem meu coração. Suas brincadeiras que me faziam rir, a forma como ela me defendia de todos e de como tentava me proteger de tudo. As lágrimas tristes que escorreram pelo seu rosto, fazendo meu coração apertar enquanto a ouvia com atenção me contar suas histórias mais profundas. A forma em que ela me deixou conhecê-la e me fez sentir amado ao seu lado.
Não quero mais viver sem essa sensação. Não quero mais viver sem poder contar seus sorrisos e sem poder ouvir o som da sua risada que acelerava meu coração. Não quero pensar na ideia de que nunca vou poder dizer a ela que ela ganhou a aposta.
Você me fez rir mais vezes, Ryu. Você chegou ao dez primeiro. Porquê todas as noites, quando você pegava no sono ao meu lado e eu acordava de madrugada para ter certeza de que estava tudo bem, eu sorria ao vê-la ali, dormindo como alguém sem preocupações, como alguém que nunca sobreviveu a um vírus mortal ou perdeu os amigos.
Meu coração ainda está doendo.
Mas pelo menos agora eu me lembro de você.
De cada detalhe, de cada expressão, de cada pinta, de cada cicatriz. Me lembro de tudo. Tudo que um dia você me deixou conhecer.
"Ryu, se eu me transformar, promete que vai me matar?"
Suas sobrancelhas se franziram e ela fez um biquinho, demonstrando estar irritada pela minha pergunta. Por favor, Ryu, diga sim. Só confio em você.
