5 de Março de 2022 - 17:09
Eu consegui alcançar a esquina a tempo, seria humanamente impossível ele não estar ali, e foi exatamente o que aconteceu, eu cheguei até a esquina da calçada e o desgraçado do sobretudo não estava mais ali. Eu arfava, não de cansaço e sim de ansiedade, aquilo veio a mim de novo, aquela crise de ansiedade. Eu respirei fundo pra oxigenar o sangue e comecei a repetir pensamentos positivos tipo:
Eu estou bem.
Estou com meu melhor amigo.
Você vai dizer o que sente pra garota que gosta.
Confesso que esse último me deixou um pouco mais ansioso, mas ao mesmo tempo fazia eu me sentir mais leve em tirar esse peso das minhas costas. Pensei em mais coisas leves e que me acalmavam e gradativamente comecei a cogitar se eu fiz algo de importante e esqueci. Eu sei que o esquecimento me aflige a algum tempo, mas mesmo assim comecei a me preocupar em não lembrar de certas coisas que aconteceram. Foi nesse instante que uma epifania me atingiu.
Eu me lembrei de ter ido ao supermercado com Carlos, me lembrei do homem de sobretudo de ontem, por que diabos essa memória voltou do nada? Fiquei feliz, pensei que podia ser algo curável, mesmo que o medo de perder a memória ainda me afligisse.
Em sequência vi Carlos vindo atrás de mim correndo e junto a ele estava Luana, que provavelmente veio com Arthur e sua namorada, já que eles moravam no mesmo bairro de gente rica.
Luana usava um vestido não muito curto nem muito longo, colado e branco junto a isso calçava um tênis da mesma cor. Ela era uns dois centímetros mais baixa que eu, magra, pele clara, olhos azuis e seu cabelo liso e loiro ia até metade de cima da cintura. Já de longe ela estava linda, meus olhos se encheram de um brilho que posso jurar que dava pra ver de onde ela estava, e minha ansiedade e os pensamentos sobre aquele homem misterioso começaram a se esvair. Carlos chegou primeiro gritando:
- O que foi louco! - Ele colocou as duas mãos em meu rosto, uma de cada lado - O que aconteceu?
- Mal cheguei e você já tá dando trabalho - Disse Luana que agora estava mais próxima e seu cheiro preencheu minhas narinas me deixando ainda mais calmo - O que você tem?
- Eu não sei - Carlos tirou as mãos do meu rosto e eu encarei minhas mãos que brilhavam em suor - Acho que é muita energia acumulada, tive um pico de adrenalina.
- Aham sei - Disseram Carlos e Luana em uníssono.
- Depois a gente conversa - Comecei a caminhar para onde estava antes de correr - Vamos voltar.
Carlos e Luana se entreolharam sacando que eu estou tentando fugir do assunto e logo me acompanham. No meio do caminho Luana deixou Carlos ir na frente me puxou pra trás e disse:
- Rola eu ir com você e Carlos? - Meu coração acelerou - Sabe como é né, quanto menos tempo passo com o Arthur menos eu me estresso.
Eu entendia ela, e com certeza faria a mesma coisa, logo respondi:
- Claro, dá sim.
- Você veio dirigindo o carro da sua mãe?
- Eu não tô dirigindo - Levanto as mãos - Ordens da dona Talia.
- O que aconteceu? - Nós começamos a caminhar na direção da galera.
- Tô tendo uns problemas de saúde, acho que posso dizer assim.
- Que?
- Não é nada sério, não se preocupa.
- Mas o que você tem?
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Troco
Mystery / ThrillerTroco é uma antiga lenda que circula pelo Brasil e assombra milhares de crianças antes de porem suas cabeças nos travesseiros. Por algum motivo isso está conectado a uma festa que Heitor vai dar com seus nove antigos colegas do ensino médio numa faz...