5 de Março de 2022 - 16:45
Todos nós combinamos de nos encontrarmos no posto de gasolina Central, que obviamente ficava no centro de Aurora e numa distância considerável da casa de todos, levava uns quinze minutos de carro até o posto, eu já estava com minha caixa térmica (com a cerveja que eu não lembrava de ter comprado dentro, cerveja essa que estava no banco de trás do carro), celular e carteira em mãos. Coloquei uma roupa mais decente, uma blusa de frio azul-escuro que comprei na internet, calça jeans preta e um tênis azul-escuro para combinar com a blusa. Como meu cabelo era bem curto e eu não tinha barba, o resto eu deixei com a natureza.
Carlos apareceu perto das dez pras quatro, meio atrasado, ele usava um corta vento do Corinthians preto e branco, calça branca e um tênis da Nike preto e dourado, ele deu oi pra minha mãe eles conversaram um pouco sobre algo que nem prestei atenção. Ele mesmo pegou a chave no porta-chaves, colocou sua bebida junto com a minha na caixa térmica e nós entramos no carro na direção do Posto Central.
Do Posto Central até a fazenda demoraria mais ou menos uma hora, planejei chegarmos lá às cinco para não pegarmos a estrada durante a noite.
Eu e Carlos não conversamos muito no caminho até o posto de gasolina, ele parecia mais tranquilo que ontem e estava dirigindo suavemente pela agora conturbada Aurora. Eu tentei matar um tempo em redes sociais mas mais notícias sobre Evoluídos apareciam e eu logo desisti de fazer isso.
Após alguns minutos estávamos perto do local de encontro e eu vi alguns carros parados no mini estacionamento que havia no posto onde alguns rostos conhecidos já bebiam latas de cervejas e copos que com certeza continham álcool. Carlos parou o carro próximo a galera e assim que desceu deu um grande abraço em Olívia, uma garota quase da altura dele talvez uns cinco centímetros mais baixa, de black power, tinha os olhos cor de mel e a pele bem escura, ela usava uma blusa preta cropped de manga longa, calça jeans um pouco abaixo do umbigo e um tênis rosa-claro. Olívia era gente boa mas nunca esteve muito ligada a mim, sempre foi mais amiga de Carlos. A fofoca é que algum tempo após nós nos formarmos, Olívia começou a namorar uma outra garota da nossa antiga turma, essa se chama Martha, eu logo a vi e mandei um tchauzinho discreto e ela pareceu ignorar. Martha era baixa, quase uma anã perto da namorada, tinha a pele morena, cabelo encaracolado longo e olhos verdes, ela usava um casaco de tricô bege, calça marrom e sapatênis quase da mesma cor da blusa, Martha era um pouco diferente da namorada, gostava de coisas nerds como Star Wars, Super-heróis e mangá além de não ser muito carismática.
Assim que Carlos terminou de abraçar Olívia eu fui cumprimentá-la, ela se aproximou de mim dizendo:
- Quanto tempo Leitor - Sim, na nossa antiga turma havia a piada interna de me chamar de Leitor, nem me lembro do porquê. Ela esticou a mão na minha direção - Como cê tá?
Com sérios problemas de memória e com insegurança de chegar na garota que eu gosto. Pensei da maneira mais sincera possível, mas óbvio que eu não diria isso. Logo olhei pra ela sorrindo e disse:
- Tô bem - Eu segurei a mão dela e sacudi de leve - E você como tá?
- Na merda como sempre.
Martha pareceu escutar isso, se aproximou da namorada dando um soquinho de leve nas costelas dela e dizendo:
- Já disse que essas palavras atraem coisas ruins - Martha encarou brava a namorada de baixo pra cima, parecia um gnomo ao lado dela - Para de ficar falando assim amor.
- Ok, ok, desculpa - Olívia deu um abraço na namorada - Estou indo bem, Leitor, mas hoje não é dia pra falar de coisas ruins né?
Ela estava certa. Eu caminho pra perto de Carlos, que é meu porto seguro em situações sociais, mas antes digo:

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Troco
Mistero / ThrillerTroco é uma antiga lenda que circula pelo Brasil e assombra milhares de crianças antes de porem suas cabeças nos travesseiros. Por algum motivo isso está conectado a uma festa que Heitor vai dar com seus nove antigos colegas do ensino médio numa faz...