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5 de Março de 2022 - 21:10

- Merda, merda, merda - Disse Gabriel olhando para trás pelo vidro enquanto Troco sumia na escuridão - Pelos meus cálculos era pra ele demorar um pouco mais.

- Heitor, por que você estava rindo? - Rob perguntou sem tirar os olhos de mim, parecia assustada.

- Como assim rindo? - Eu dirigia colado no Gol de Olívia conduzindo o mais rápido possível - Eu não estava rindo.

- Eu vi você rindo agora a pouco e...

- Vocês por acaso viram a mesma coisa que eu? - Disse Gabriel num tom alto - Não é hora para discussão sobre a merda de um sorriso.

- Desculpa - Disse Rob olhando para Gabriel e se recolhendo no canto, ao lado da porta - Como ele veio sem ninguém ver? E como ele foi tão rápido?

- Não sei - Eu dirigia focado na estrada - Mas temos que agir rápido, afinal tem algo sobrenatural aqui.

- Além de tudo, ninguém tem essa força sobre humana - Disse Gabriel ainda olhando a parte de trás do carro pelo vidro - Você e Carlos vão precisar ficar responsáveis por incendiar a casa e atrair Troco, eu e Rob vamos ter que ficar no carro de prontidão pra sair, você dirige Rob?

- Não tenho carteira - Ela ainda estava reclinada no canto, parecia pensativa.

- Eu não dirijo muito bem, mas vai ter que ser eu pelo visto - Gabriel disse voltando o olhar pra frente.

- Ainda bem que já tá ligado nisso - Falei de maneira fria.

Mais ou menos vinte minutos se passaram até que nós consequentemente chegamos novamente aquela maldita casa, eu deixei o carro estacionado pronto para uma possível fuga no pasto aberto e Olívia também fez isso, os carros estavam prontos para outro despistar. Eu desci do carro, Gabriel e Rob também e então se sentaram nos bancos da frente, sendo Gabriel o motorista. Eu segui na direção do carro de Olívia, Leo desceu primeiro colocando o rifle nas costas novamente ele parecia inexpressivo e calmo como sempre, logo após Carlos também desceu, e esse sim parecia estar em estado de choque ele tinha os olhos arregalados e encarava a distância de maneira desesperada. Eu me aproximei dele dizendo:

- E aí, como cê tá? - Ele pareceu demorar um pouco pra perceber que eu estava ali do lado dele, mas logo sacudiu a cabeça e respondeu:

- Tô naquele mesmo estado que conversamos antes - Ele colocou a mão no meu ombro - Mas vamos acabar logo com esse inferno.

Vi Leo se aproximar de nós, e estávamos entre os dois carros, ele esticou a mão fechada:

- Toma - Ele abriu a mão e nela tinha o isqueiro de prata e aquela carta que li anteriormente - É pra você me devolver esse isqueiro hein.

Eu dei um riso bobo e respondi dizendo:

- Vou devolver cara - Dei um soquinho no ombro dele - No fim tenho certeza que vai dar tudo certo.

- Amém - Falou Carlos juntando as mãos - Vamos lá.

- Eu vou para estrada esperar Troco aparecer pra dar a volta com ele e chegar a casa o mais rápido possível - Disse Leo se virando.

- Ei Leo - Ele virou a cabeça de lado para escutar - Boa sorte e obrigado.

- Me agradeça no fim de tudo.

Ele estava otimista e neste momento eu senti que tudo realmente daria certo. Leo seguiu seu caminho e eu fui com Carlos até o carro do falecido Arthur pegar o galão de gasolina pra deixar a casa pronta pro incêndio.

Antes de irmos aos finalmentes, Carlos tirou o Santana da garagem da casa e o deixou perto dos dois carros que esperavam em prontidão. Após isso nós fomos na direção da casa e eu comecei a espalhar a gasolina por todo primeiro andar. Eu deixei a porta aberta fazendo uma espécie de caminho por entre o fogo imaginário que se espalharia em breve. Empurramos os móveis para longe desse caminho por entre o fogo imaginário e deixamos tudo pronto para que pudéssemos escapar. Fui na frente até as portas dos quartos em busca da porta do porão e na primeira tentativa eu a encontrei, pois estava arrombada. Era uma escada muito velha que descia reta para baixo, eu e Carlos nos entreolhamos e Carlos disse:

- Tem um furo no nosso plano - Ele coçou a cabeça - Precisamos dar um jeito de manter Troco aí embaixo - Ele apontou com a cabeça escada abaixo.

- E como você planeja tapar esse furo do nosso precioso plano?

- Vamos fazer uma espécie de bomba com o resto da gasolina do galão - Ele apontou pro galão na minha mão - Dá pra fazer isso jogando o isqueiro inteiro aí dentro e correndo bem rápido. Com isso explodimos a escada e impedimos que Troco suba.

- Ok, vou deixar o galão aqui embaixo então - Ele assentiu com a cabeça.

- Vou lá conferir se todos estão bem - Disse ele indo pra saída - Qualquer coisa grita.

- Digo o mesmo - Respondi indo até as escadas do porão.

Foi uma descida dramática, cada passo dado nos degraus de madeira era um estalo e eu ia olhando e analisando aquele ambiente assustador cheio de símbolos estranhos e assim que cheguei até metade da escada eu vi aquele cara dentro do porão.

O mesmo cara que vi ontem no mercado, o cara que vi virando a esquina hoje mais cedo, o homem de sobretudo. Ele estava de costas, e assim que notou minha presença ele se virou e disse:

- Olá Heitor - Ele sorriu com certa maldade no olhar - Estava à sua espera.

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