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5 de Março de 2022 - 20:03

Não, penso comigo mesmo, não vou deixar esse desgraçado matar outro amigo meu.

Eu abro a porta do carro e saio, ouço Martha e Olívia perguntarem o que estou fazendo, mas eu ignoro e sigo correndo pra perto de Troco, que não está muito longe.

Eu corro o mais rápido que consigo até eles numa tentativa de impedir o desgraçado sorridente dos olhos esbugalhados de matar Carlos, sigo correndo e vejo Troco com o braço totalmente esticado segurando Carlos no alto, ele leva o punho da outra mão pra trás num gesto que irá socar e esmagar a cabeça de Carlos com um soco, e novamente numa espécie de câmera lenta eu grito:

- TROCO! - Ele parece ignorar - TROCO SEU DESGRAÇADO!

Ele ignora e avança o soco na direção da cabeça do meu último amigo.

Um som de tiro é ouvido.

E a bala parece atingir a lateral da cabeça de Troco, que larga Carlos, este por sua vez cai no chão se arrastando para trás rapidamente. Eu me aproximo e ajudo ele a se levantar e nós vamos juntos correndo na direção do Gol, eu olho para os lados na tentativa de ver quem deu o tiro, foi uma tarefa difícil já que estava de noite e as únicas luzes vinham da área da piscina, mas felizmente era de lá que vinha o tiro, o atirador estava lá.

Era Leo, ele efetuou outro disparo, que não vi onde acertou pois estava focado em chegar ao carro.

- LEO! VEM PRO CARRO RÁPIDO! - Gritei pra ele, ele pareceu assentir, pendurou o rifle de caça com a alça nas costas e correu na direção da garagem.

Eu e Carlos entramos no carro com uma velocidade sobrenatural, eu fechei a porta e Olívia começou a dar ré na direção da saída da garagem.

- Espera, Leo está vindo - Exclamei - Foi ele que deu os dois tiros.

- Eu não sei se ele vai esperar - Disse Martha com uma expressão de terror em sua face encarando Troco se levantar devagar.

Como ele ainda estava vivo? Juro que vi a bala atingir a lateral da sua cabeça. Enquanto todos olhávamos para Troco se levantando Leo abriu a porta do outro lado dando um susto em todos nós. Ele tirou o velho rifle das costas e entrou com ele em mãos colocando-o no meio de suas pernas, assim que fechou a porta Olívia deu a ré mais rápida que eu já vi na vida até sair da garagem e chegar ao pasto aberto, ele manobrou o veículo e seguiu na direção da estrada que cortava a mata no meio.

Alguns minutos se passaram e ninguém falou nada, a única coisa visível na frente do carro eram as luzes do farol que iluminava o chão de terra e pedras.

Nesse instante eu notei que estava suando muito, tirei minha blusa de frio e amarrei ela na cintura ficando apenas com uma camisa simples vermelho-escura, quase da cor do Santana da minha mãe.

Foi quando Carlos quebrou o silêncio e disse:

- Obrigado Leo - Leo pareceu demorar para processar o que estava acontecendo até assentir com a cabeça - Se não fosse por você eu estaria morto agora.

- Onde você arrumou isso, Leo? - Perguntou Martha olhando para trás na direção do velho rifle.

- Eu explico melhor quando a gente estiver seguro, vamos deixar as histórias pra depois.

- Como diabos aquele desgraçado do Troco se levantou depois de tomar um tiro na cara e outro no peito? - Perguntou Olívia que tremia as mãos no volante - Era pra ele estar no inferno já.

- Eu não sei, vamos focar em sair daqui primeiro - Disse Leo num tom de voz extremamente calmo.

- Concordo - Disse Carlos que tinha respingos de sangue do Troco em sua cara, só havia reparado nisso agora.

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