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5 de Março de 2022 - 20:34

Era Gabriel e Rob, eles vinham correndo no meio da estrada de terra entre a densa noite escura, eles pareciam cansados e espantados em nos ver naquela situação. Arthur se levantou nesse meio período e eu fiquei de prontidão pra porradaria. Mas ele só riu, gargalhou baixinho e disse:

- Não adianta me bater seu lixo - Ele riu mais um pouco - Dá pra perceber que quem tá mais machucado é você.

- Não no momento - Disse enquanto via que a testa dele tinha um pequeno hematoma e ele tinha a mão posta na parte de trás da cabeça - Ah quer saber, foda-se você.

Eu fui na direção de Gabriel e Rob que chegavam mais próximos agora, ambos estavam atrás do Gol, abaixados, com as mãos nos joelhos e arfando como idosos cansados. Eu me aproximei deles, Daiane parecia conversar com Arthur, Carlos, Leo, Martha e Olívia vieram junto comigo pra perto dos recém chegados.

- Faz quanto tempo que vocês estão correndo? - Perguntou Martha se aproximando de Rob e colocando a mão nas costas dela.

- Pera ae...eu...preciso - Disse Rob pausadamente tentando recuperar o fôlego, ela pegou o celular no bolso, olhou as horas - Estamos vindo para cá a pouco mais de uma hora.

- Eita porra - Disse Carlos indo até Gabriel - Que ideia estranha a de vocês de virem até aqui a pé.

- Foi na hora do desespero - Disse Gabriel recuperando o fôlego - Mas enfim, por que diabos vocês estão parados aqui e não meteram o pé?

- A estrada está bloqueada - Disse Martha apontando pros troncos bloqueando a estrada - E a floresta está "enfeitiçada" - Ela fez aspas com os dedos.

- Como assim, enfeitiçada? - Perguntou Gabriel já de pé e recuperado.

- É uma longa história, mas resumindo... - Disse Leo assumindo a frente - Não tem como nós fugirmos daqui já tentamos de todas as formas - Uma pausa se estabeleceu e Gabriel e Rob se entreolharam em decepção - Pelo visto estamos numa oferenda para o diabo e seis de nós terá que morrer.

- Cê tá de sacanagem, para de bobeira - Disse Gabriel com um sorriso que foi se desfazendo após ver o tom sério no rosto de todos nós - Pera, é verdade?

- Sim cara, infelizmente - Disse Olívia se aproximando de Martha - Leo deu dois tiros no Troco e ele se levantou, tem algo de sobrenatural aqui, até Martha tá acreditando nisso agora.

- Eu não disse isso - Exclamou Martha que ajudava Rob a se levantar, ela agora parecia recuperada da corrida - Mas é uma possibilidade.

- Agora que estamos todos reunidos, a possibilidade de Troco estar vindo pra cá é muito alta - Disse Leo caminhando em direção ao carro de Olívia - Eu tenho uma ideia, se juntem aqui.

Todos nós fomos até o meio dos dois carros onde estavam Daiane e Arthur já de pé e conversando sobre algo, quando chegamos eles pareceram calar a boca.

- Cola aí - Disse Leo para o casal gesticulando com a mão - Eu tenho um plano - O casal hesitou - Querem sair dessa ou não? Se ficarem de birra não tem como vencermos.

- É verdade, temos que deixar essas merdas de lado - Disse Olívia se aproximando da roda.

Eles se entreolharam e se aproximaram com certo receio. Eu logo me posicionei ao lado de Carlos. Um silêncio constrangedor se estabeleceu até que Leo pareceu perceber que ele era a deixa e começou a falar:

- Antes de eu sair correndo do porão para ver o que estava acontecendo com Carlos - Ele mantém a voz calma como sempre faz - Eu reparei num detalhe interessante - Ele fez um pausa para limpar a garganta - Aquele ritual provavelmente é o que mantém Troco atrás de nós e o que impede a gente de fugir pela floresta ou pela estrada.

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