Episódio 3 (pt.1)

21 5 73
                                    

Era sexta-feira. A semana havia sido exaustiva para todos. Ninguém a está terminando da mesma forma que começou. Tudo parecia estar meio cinzento, como se estivesse ficando pálido e perdendo a cor. Os alunos chegam para mais um dia de aula. Os jogadores do time de futsal receberam uma liberação para treinar durante o período de aula, para que pudessem se preparar para o torneio nacional de novembro, uma competição com os melhores times escolares da Confederação do Equador. Os jogadores do Colégio Conexão estão  se esforçando para trazer o tricampeonato para a escola. Todos já estão  na quadra. Nicolas está na cara do gol, e pede a bola para Ivan, que decide chutar direto da sua posição. O goleiro defende.

– Cara, eu pedi a bola! Eu conseguia marcar! Você é fixo, eu sou o pivô, você tem que passar pra mim! – dizia, incomodado.

– Fica quietinho aí, Nick – murmura.

– Não, cara, se a gente quer ganhar, você precisa parar de jogar sozinho.

– Tá querendo arrumar confusão? – caminha em sua direção.

Valentin se aproxima dos dois.

– Ei, bora continuar o jogo. Você volta pro seu lugar, e você fica frio.

O jogo recomeça. Roberto recebe a bola, tocando para Valentin do outro lado, que passa para Nicolas. Ivan vem correndo da sua posição, esbarrando com força em Nick, que cai de cara no chão, machucando sua gengiva.

– Que porra é essa, irmão? – Valentin questiona.

– Foi sem querer – dá de ombros.

– Tá legal, acho que tá todo mundo precisando esfriar a cabeça hoje. – o técnico intervém. – Todos pro chuveiro. Vamos adiar o treino. Mas mantenham o foco se vocês quiserem trazer esse troféu.

Valentin ajuda o garoto a se levantar, sua boca está sangrando. Todos os jogadores vão para o vestiário, tirando suas roupas e indo para debaixo do chuveiro. Nicolas não fala nada. Ivan para ao seu lado, o encarando.

– Você suja a imagem desse time. – cospe no chão. – Você deveria cair fora.

– Eu não vou – diz baixo.

O rapaz sorri.

– Não queremos um assassino na quadra. – fala. – E nem um  boiola. Tenho certeza que você tá pensando nos nossos paus agora, né? Já deve ter batido várias lembrando desse vestiário.

Nick o olha no rosto.

– Qual foi, cara? Deixa ele – Valentin diz.

– Não. Eu não quero ele com a gente. Ou ele tá fora, ou eu saio.

– Irmão, o campeonato é mês que vem. Deixem as diferenças de lado até a gente ganhar a taça.

– Nunca vamos ganhar com ele – protesta.

– Você sabe que ele é um dos melhores. A gente não vai conseguir sem ele, assim como a gente não conseguiria sem você.

Ivan se vira para Valentin.

– Para de defender esse cara. Eu já disse, com essa bicha eu não jogo.

– Bom, eu não concordo com isso. Roberto, Diego?

Eles apenas dão de ombros.

– A gente era amigo, cara. Eu nunca te fiz nada – Nicolas finalmente fala algo, dando dois passos na direção de Ivan.

– Não chega muito perto, ou eu te denuncio por assédio, bichinha. Você não deveria estar nesse vestiário.

– Pega leve, cara.

DominóOnde histórias criam vida. Descubra agora