Julio sentia os lábios de Coliseu escorrerem pelo seu pescoço, deslizando pelo peitoral exposto com a camisa desabotoada. Ambos estão ali no, no sofá da sala. O colombiano observa cada momento, vendo-o descer até a virilha, mordiscando seu membro já ereto, por debaixo da bermuda. Em um impulso impetuoso, agarra-lhe o pescoço com pressão, o empurrando contra o estofado.
– Me quiero follar contigo – sussurra junto ao seu rosto.
O moreno olha no fundo dos seus olhos, provocador.
– Aqui? – murmura. – Nesse sofá? – corre a ponta dos dedos pela nuca do rapaz. – Parece um bom lugar pra ter você dentro de mim – a língua passeia entre os lábios.
O garoto pergunta a si mesmo se o outro está falando sério. Mas não hesita. Arranca-lhe a parte de cima da farda, com gravata e tudo. O beija com intensidade e calor, sem dar trégua. Coliseu toma a atitude de empurrar o jovem para deitá-lo sobre o assento, subindo em cima do seu quadril, ainda vestindo a parte de baixo do uniforme. Sente aquela ereção pressionar as nádegas. Julio agarra-lhe a cintura, forçando seu membro ainda mais contra ele, para que o mesmo sinta o quanto o deseja.
– Quítate la ropa – resmunga.
O outro obedece e o colombiano aproveita para fazer o mesmo. Ambos então se encontram nus. O moreno volta a subir em seu colo, desta vez o tronco do menino está erguido, e eles se beijam. Sente a glande roçar sua pele lisa. Coliseu segura aquele membro, encostando a ponta dele em sua entrada, sem forçar uma penetração.
– Todavía no. – diz, sussurrante. – Te voy a chupar hasta que casi te corras, luego te voy a follar hasta hartarse de mi polla – mordisca seu lábio.
Está pronto para cumprir sua promessa quando a campainha toca. Reclama, injuriado. Estica a mão para alcançar seu celular, abrindo o aplicativo das câmeras de segurança, vendo o advogado do lado de fora da casa.
– Certo, veste uma ropa – resmunga, irritado.
Pega sua cueca do chão e caminha para ir abrir a porta, enquanto o outro tenta recolocar o uniforme. Poucos segundos depois volta com um homem engravatado o seguindo.
– Boa tarde, senhores. – fala, lançando um olhar para os dois. – Lamento se atrapalhei algo, prometo que serei breve. – abre a maleta que segura, retirando um envelope de papel de dentro. – Eu consegui isso em tempo recorde. Aqui estão todos os documentos de identificação, no nome de Dominique, bem como um passaporte e uma passagem de avião no mesmo voo. – coloca o objeto sobre o encosto do sofá. – Eu vou reforçar mais uma vez: não levem muitas coisas, apenas o básico, aquilo que for extremamente essencial.
– Muchas gracias.
– Espero que façam uma boa viagem – sorri.
Olívia sente a água morna molhar todo o seu corpo, da cabeça aos pés. Fecha os olhos para relaxar. O vapor embaça o vidro do box. Sente Valentin chegar por trás, entrando também embaixo do chuveiro, beijando seu ombro com carinho. Está nervosa, mas vira-se para ele, encontrando olhos ansiosos. Ele alisa seu queixo, depositando um beijo suave nos lábios.
– Você gostou? – murmura.
A garota balança levemente a cabeça para cima e para baixo.
– Desculpa pela forma que eu tratei você. Eu não deveria ter sido tão estúpido – a envolve em seus braços.
– Tá tudo bem. Eu até entendo, não foi legal eu ter escondido isso por tanto tempo – aninha a cabeça em seu peito.
Roberto abre a geladeira, pegando dois sanduíches que estavam dentro de pode de vidro. Aquece durante trinta segundos no micro-ondas. Caminha até os fundos da casa, para um pequeno quarto na área de serviço. Bate duas vezes na porta e ela se abre. Entra, colocando o lanche sobre uma cômoda.
– Eu tenho que dar uma saída. Você precisa de alguma coisa? – pergunta.
– Eu queria um pouco de água – Ivan responde.
– Os meus pais estão fora, você pode sair pra pegar, mas não fica andando pela casa. – diz. – Vou nessa, não demoro de voltar.
O rapaz assente.
– Obrigado, irmão – seus olhos ameaçam lacrimejar.
✶
São sete horas da manhã quando Julio e Coliseu chegam ao aeroporto. O telão no alto, informando vários voos diferentes, mostra que o avião para Singapura sairá às nove em ponto. Fariam uma escala em Doha e só chegariam ao destino quase dois dias depois.
As coisas, para alguns, parecem ter começado a voltar ao normal na escola. Talvez não o normal de antes, mas será sem dúvidas uma nova normalidade. Os estudantes chegavam para mais um dia. Valentin e Olívia trocavam amassos no pátio. Algumas pessoas criam coragem para entrar no comitê recém fundado por Darcy, onde poderão compartilhar suas experiências em relacionamentos ruins. Um garoto bate à porta, colocando a cabeça para dentro da sala.
– Oi – é tímido –, eu gostaria de saber se todos podem participar – questiona.
– Sim. – responde. – Seja bem-vindo.
Wesley novamente não havia comparecido ao colégio. Nem Nicolas. Este, por sua vez, estava em casa, com o celular em mãos. Tremia de ansioso. Leva o telefone mais uma vez ao ouvido, escutando a secretária eletrônica indicar a caixa postal.
– Amor – chora –, por favor, me atende. Eu preciso de você.
Desliga, discando o número de Isaac outra vez.
– Me perdoa. – lágrimas escorrem incontrolavelmente. – Eu fui tão estúpido em perder você. Eu te amo mais do que tudo. – soluça. – Não desiste de mim.
Bate repetidas vezes a própria cabeça contra a parede, atordoado. A única conclusão em que pode chegar, é que de fato se odeia. Talvez não mais por ser gay, mas por ter fodido com tudo.
Não desiste de tentar ligar.
– Não faz isso. – chora, completamente descontrolado. – Eu não sei o que fazer, eu me sinto perdido. – sua voz já começa a falhar, rouca de tanto chorar. – Por favor... eu preciso de você. Eu preciso – as lágrimas não cessam nem por um segundo.
Eis que uma voz do outro lado finalmente diz:
– Esta caixa de mensagens está cheia.
Nick solta seu celular no chão, deixando seu corpo sucumbir sobre ele mesmo. Seu rosto sente a temperatura gelada do piso de azulejo. Saliva escorre pela boca. Já não consegue mais sentir aquilo. O coração comprime como se estivesse vagando pelo vácuo do espaço.
Cria forças para se levantar, cambaleando. Anda trôpego, quase caindo em seus próprios pés, até o quarto do pai.
– Me perdoa. – murmura para si mesmo. – Eu amo você – lamenta.
Abre a última gaveta do guarda-roupa, afastando uma trouxa de meias e cuecas. Encara aquele objeto metálico de cor escura. Com as mãos trêmulas, segura a pistola, pegando também o pente da arma que estava ao lado. Insere a munição. Novamente se põe de pé, voltando ao seu quarto.
Se agacha no chão, ainda chorando em desespero. Gostaria que alguém aparecesse ali, agora. Isaac poderia retornar suas chamadas bem naquele instante. Mas não. Nada aparece. Está sozinho. Então apoia os joelhos no solo, tremendo, colocando o cano da arma na boca, até a ponta tocar sua goela. O metal fica molhado com a baba que escorre enquanto permanece chorando. Destrava o gatilho, sentindo um calafrio percorrer todo o corpo. Em sua mente, neste instante, apenas vem as pessoas que um dia já machucou. Matheus. Laís. Isaac. Talvez fosse mesmo um monstro. Gostaria de poder pedir perdão a todos, mas era impossível. Não havia mais chances para ele.
Fecha os olhos. Liberando ainda mais lágrimas. Parece se dar conta do que está prestes a fazer, e chora alto, como um bebê, sem conseguir controlar seus berros desesperados. Mas então para. Abre os olhos, encarando um ponto fixo em sua frente, na parede. A visão está turva, embaçada pelas lágrimas. O choro se encerra. Seu olhar emana uma estranha esperança, parece ter finalmente encontrado aquela luz no fim do túnel.
E atira.
FIM
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Dominó
Подростковая литератураUma morte ocorre durante um episódio de bullying quando um valentão tem a sua sexualidade exposta para a escola inteira. Após isto, todos precisam lidar com seus atos e as consequências deles, em um catastrófico efeito dominó, que não deixará uma ún...