Wesley deixa a casa de Isabela. Era tarde demais, a moça já havia partido. Seu coração comprime com pesar. Havia conseguido se despedir, mas não gostaria que fosse uma despedida. A vontade era poder viver aquele momento em looping pelo resto da vida. Passa a mão nos cabelos, sacando o telefone do bolso. Abre a lista de contatos, discando o número de algum dos seus secretários. Após dois toques, ouve uma voz masculina e suave dizer:
– Pois não, senhor?
– Felipe, eu preciso de um táxi aéreo agora.
– Ah, certo. Qual o destino, senhor? – é solícito.
– Nova Amsterdam.
Há um silêncio enquanto o homem faz uma breve pesquisa no computador a sua frente.
– Bom, eu lamento, mas não há nenhum disponível para hoje. O mais próximo é daqui a dois dias. – fala. – Entretanto eu posso deixar agendado.
– Você não ouviu o que eu disse? Eu preciso dele agora! Dá um jeito, eu te pago pra isso. – bufa. – Me liga quando conseguir.
Desliga. Anda de um lado para o outro, ansioso. Em um minuto e meio o aparelho recebe uma ligação.
– E então? – dispara.
– Há um helicóptero partindo em até três horas, porém estão cobrando duzentos mil pelo serviço em cima da hora. Eu devo confirmar?
– Já deveria ter feito. Paga quinhentos, quem sabe eles agilizem esse tempo. – resmunga. – Faz uma mala de roupas pra mim, não coloca muitas coisas. Separa meus documentos, eu vou usá-los. Ah, e vê se você aluga um carro pra mim com alguma locadora de Nova Amsterdam, vou precisar assim que chegar lá. Eu não gosto de Audi, você sabe. Um Porsche tá bom – discorre.
– Como desejar, senhor.
Marcus chega em casa. Está trajando seu uniforme de policial civil. Entra pela porta, indo diretamente até a cozinha. Abre a geladeira, pegando uma garrafa de cerveja. Força a borda do gargalo na quina da pia para remover a tampa de metal. Ingere a bebida lentamente, sentindo o frescor daquele líquido gelado. Está tudo em silêncio. Aparentemente encontra-se sozinho na residência. Tira o colete, largando-o sobre a mesa. Daquele cômodo consegue ver a porta do quarto de Nicolas aberta, e uma mancha escura no piso. Instigado, caminha lentamente até estar próximo o bastante para perceber. É uma poça de sangue. Seu corpo gela e adormece, então a garrafa simplesmente desliza entre seus dedos, estilhaçando cacos de vidro e cerveja no chão. Os olhos se enchem de lágrimas, incrédulo. Não sabe o que fazer. Leva as mãos à cabeça, dando uma meia volta. Se agacha, apertando a testa. Levanta-se, tremendo, batendo os pés contra o solo, como se não acreditasse. A respiração se torna ofegante. E então grita, em plenos pulmões.
Nick está ali, segurando o cabo de uma pistola Glock, com a cabeça toda estourada. O sangue, ainda fresco, se esvai de dentro do garoto, junto alguns pedaços sólidos. O homem aproxima dele, tocando em seu rosto frio. Lágrimas caem sem parar.
– O que você fez? – chora, rouco. – Acorda, filho. – balbucia. – O papai tá aqui, não faz isso, não... – lamenta, pesaroso. – Por favor... deus... – a voz embargada. – me ajuda... traz ele de volta...
Mas não havia como, era impossível.
Coliseu abre os olhos, sonolento. Estica seu corpo sobre a cama, espreguiçando-se. Está nu. Levanta e caminha até a enorme janela no quarto, com uma vista panorâmica do alto da cidade. Olha de relance para trás, vendo Julio deitado de bruços, descoberto. Retorna para junto do companheiro, inclinando-se sobre ele, beijando a pele das suas nádegas, subindo pelas costas em uma trilha de beijos, até a nuca. O outro suspira.
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Dominó
Teen FictionUma morte ocorre durante um episódio de bullying quando um valentão tem a sua sexualidade exposta para a escola inteira. Após isto, todos precisam lidar com seus atos e as consequências deles, em um catastrófico efeito dominó, que não deixará uma ún...