– Qual o motivo dessa reunião? – pergunta, com a voz grossa.– Bom, o senhor já foi informado sobre o incidente envolvendo o seu filho e um outro garoto, certo? Infelizmente o outro aluno faleceu.
– Sim, foi terrível esse acidente. Mas o meu filho não teve nada a ver com isso, o menino tropeçou e caiu. Acontece.
– É. Mas também temos outro problema. – Nicolas fica o tempo todo de cabeça baixa. – Há uma foto que foi divulgada, em que o seu filho aparece em uma situação íntima com um outro rapaz, nas dependências da escola...
Óscar pega seu celular, o entregando para Marcus. A foto está exibida na tela do aparelho.
O pai solta uma risada irônica ao ver aquilo, jogando o telefone em cima da mesa.
– Isso é claramente uma montagem. Estão querendo difamar o meu filho nesse colégio. Como não conseguiram com o acidente, agora vão tentar dizer que ele é veado. Ele não é. O meu filho é homem. – Marcus olha para o garoto. – Não é? Fala pra ele que essa foto é falsa.
Nick, que até então está em silêncio, de ombros encolhidos, ensaia algumas palavras.
– É. A foto é falsa. Eu nunca fiz isso – fala, encarando suas mãos sobre o colo.
– Levanta a cabeça, como um homem. Você não fez nada de errado. Estão querendo difamar você.
Obedece, erguendo seu olhar.
– É verdade, diretor. Não sou eu na foto, é uma montagem – consegue dizer, trêmulo.
– Não se esqueça, Óscar, que o seu dever é proteger os alunos nesta escola. E eu espero que o meu filho seja muito bem protegido contra essas pessoas que estão querendo o mal dele.
– Eu não vou esquecer. – sorri, falso. – Acho que encerramos este assunto por aqui. Eu acompanho vocês até a porta.
E assim o faz, se levantando e os guiando até a saída, fechando a porta e soltando alguns palavrões assim que eles saem.
Marcus vai para casa, e Nicolas para a sala de aula. Porém ao chegar, ele se depara com vários estudantes segurando cartazes. O professor tenta convencê-los a se sentar direito, mas os mesmos se negam. Há pelo menos umas cinco cartolinas diferentes, escritas com palavras de ordem, ou com acusações, chamando o rapaz de assassino e pedindo justiça por Matheus.
– Eu entendo, mas vamos tentar resolver de outra forma – o professor dizia.
– Eu não vou assistir mais nenhuma aula com ele – falava uma aluna.
– A gente quer que ele seja expulso! – bradava outro.
Nick encolhe os ombros, abaixa a cabeça e tenta ir se sentar no seu lugar, mas os alunos se colocam na frente dele.
– Você não vai ficar no mesmo lugar que a gente.
– Eu vou chamar o diretor – o professor coloca as mãos na cabeça, deixando o ambiente.
Ele chega na direção, falando assim que entra:
– Óscar, nós temos um problema. Os alunos estão protestando, não querem que Nicolas assista a aula com eles.
– Ai, meu cu – bate com a mão fechada na mesa, estressado.
– O que a gente faz?
– Sei lá, porra. Fala que eu morri! Vai!
Na sala, o clima começa a esquentar. Nick é empurrado de um lado para o outro. Alguém puxa sua gravata, outro bate em sua cabeça. Eis que, de repente, um copo de isopor, cheio de refrigerante, atinge seu rosto, o deixando completamente sujo e humilhado. Julio, que até então está sentado junto a parede e não participava do ato, se levanta, indo para frente dos alunos, e arrastando Nicolas para fora da sala, o segurando até o banheiro. Eles entram. O colombiano arranca a placa que ainda estava presa em suas costas.
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Dominó
Genç KurguUma morte ocorre durante um episódio de bullying quando um valentão tem a sua sexualidade exposta para a escola inteira. Após isto, todos precisam lidar com seus atos e as consequências deles, em um catastrófico efeito dominó, que não deixará uma ún...