Episódio final (pt.4)

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Julio já esperava no bar. Tomava uma dose de uísque com bastante gelo. Seus dedos cirandam a borda do copo, pensativo. Sente uma presença ao seu lado e desvia o olhar para o jovem, abrindo um sorriso. Coliseu vestia camisa de botões e jeans.

– Eu tô muito fora do padrão pra esse lugar? – pergunta timidamente.

– No. – responde com ternura. – Tu estás guapo como siempre.

O rapaz se senta em uma banqueta ao lado do colombiano.

– Quieres beber alguna cosa?

– Não precisa, valeu – sorri com timidez.

Uma moça canta uma música cover em um microfone. Os dois de encaram, fitando os olhos um do outro, ouvindo aquela melodia.

– Aconteceu tanta coisa esses dias que eu nem consegui te perguntar como você está, sabe, com todo o lance do seu pai. – diz. – Eu não queria ser muito invasivo também – encolhe os ombros.

– No, está tudo bien. – responde. – Creo que ainda estoy sentindo mi cuerpo anestesiado. Siempre tive medo que esto lo acontecesse.

– Então você sabia? – seu tom é acolhedor.

– Si. Por eso eu no dei todo el dinero que la madre de Mateo necesitaba. – suspira. – Estaban investigando todas las personas com qualquer ligação financeira com mi padre, e eu no queria que Rebeca se envolvesse nisso. – confessa. – Se eu transferisse uma quantidade grande de dinero para ela, eu a estaria pondo em risco.

Coliseu balança a cabeça, como se tivesse entendido.

– Eu sinto muito por não ter ficado do seu lado quando você teve que lidar com tantas coisas sozinho. – fala. – Poderia ter sido um amigo melhor.

– No te preocupa. – coloca sua mão sobre a dele, em cima do balcão. – Tu no crees que eu soy uma persona terrible por ser conivente com todo eso?

O garoto usa o polegar para alisar os nós de seus dedos.

– Eu nunca acharia isso de você. – o encara, bem no fundo dos olhos, e em um ato de coragem inclina seu corpo para a frente, depositando-lhe um selinho nos lábios. – Era sobre isso que você queria falar comigo? – indaga.

– No. Quer dizer, más o menos. – pondera. – Voy tentar ser direto, porque no hay outra forma de dicir esto. – suspira. – Mi padre quer que eu vá para Singapura. Voy ter uma identidad nueva. E estoy partindo em dois dias.

O rapaz não diz nada de imediato, tenta digerir aquela informação, sentindo um gosto amargo na boca.

– Mas logo agora? – solta o ar com pesar. – Justo no momento em que estamos nos encaixando?

– Lo sé – murmura.

– Eu não vou bancar o altruísta e dizer que você deve ir porque é melhor pra você. – segura sua mão com firmeza. – Eu não quero que você vá. Quero que você fique comigo, porque eu sinto que eu estou gostando de você de um jeito que eu nunca gostei de ninguém, e pela primeira vez eu me sinto desejado por outra pessoa. Não me deixa aqui.

Julio o observa, surpreso com toda essa declaração. Sente o seu coração querer sair pela boca. Poderia até mesmo dizer que o ama, bem ali, e seria verdade, mas talvez não estivesse pronto o suficiente.

DominóOnde histórias criam vida. Descubra agora