Episódio 5 (pt.2)

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Isabela bate na porta da sala do diretor.

–  Entre – ouve a voz.

Óscar a encara, esperando-a dizer alguma coisa.

–  Bom dia. Eu posso falar com o senhor por um minuto?

–  Depende. Se for me trazer mais problemas, eu dispenso.

A jovem se aproxima um pouco mais. Parece estar nervosa.

–  Eu gostaria de pedir transferência.

–  Como?

–  Eu já conversei com os meus pais, e eles também acharam melhor que eu mudasse de escola.

–  Mas, por qual motivo? – indaga.

–  O senhor deve ter visto o vídeo. Até porque a escola removeu o conteúdo do ar.

–  Ah, aquilo? Aquilo não foi nada. – sorri. – Na próxima semana ninguém mais vai se lembrar disso.

–  De qualquer forma, eu ainda quero a transferência, o mais rápido possível.

A última aula havia acabado. O professor acaba de sair da sala enquanto alguns alunos ainda arrumam seus materiais. Julio se aproxima de Coliseu, que sorri. Haviam conversado pouco desde a festa.

–  Você tá chateado comigo? – pergunta.

–  No. – responde. – Eu solo quería que você estivesse conmigo cuando eu recibí aquela notícia. Nunca me senti tan solo.

–  Me desculpa. – repuxa o canto da boca, sem graça. – Eu tava me sentindo meio confuso e achei melhor ir embora. Tentei te ligar quando eu soube, mas você não atendeu, achei que estivesse com raiva de mim.

Vão caminhando para fora da sala.

–  Bien, creo que no fiz falta, ahora tu no desgruda más de la madame – dá de ombros.

–  É uma longa história. Mas eu consegui sair com ela, pelo menos.

–  Hum, ótimo. – murmura. – Tu quieres ir lá em casa, tipo, ahora? – convida. – Eu basicamente no tengo nenhum amigo além de você.

–  É claro – sorri.

–  Certo, solo necesito ir al banheiro. Por favor, no te vayas desta vez. Me espera aqui.

Nicolas sai de dentro da cabine do lavabo, indo até a pia molhar as mãos. Ivan entra pela porta, com Roberto e Diego no seu encalço. Nick os encara pelo espelho.

–  Olha só quem está aqui – sua voz está cheia de malícia.

No mesmo instante o garoto se vira para sair, mas os três estão em sua frente.

–  Cara, eu só quero ir pra casa – está trêmulo.

–  Pra que a pressa? – levanta a mão para tocar seu rosto. – Agora vir de costas, vai.

–  Por favor... eu só quero ir embora – balbucia.

–  Eu mandei você virar.

Os olhos do rapaz automaticamente começam a se encher de água. Sente medo.

–  Eu não quero que você faça aquilo de novo – uma lágrima escorre.

Ivan lhe agarra pelo colete com força.

–  Você tem que saber qual é o seu lugar.

–  Eu sei por que você faz isso. – cria coragem para falar com autoridade. – Você se sente pequeno. Existe uma necessidade em diminuir todos a sua volta, porque esse é o único jeito que você tem de se sentir menos insignificante. Você precisa rebaixar todo mundo, porque a sua pequenez não consegue lidar com o fato de que você é medíocre. – fala. – Eu sei, porque eu também era assim.

DominóOnde histórias criam vida. Descubra agora