Episódio final (pt.2)

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Olívia bate na porta da diretoria antes de colocar a cabeça para dentro. Vê Óscar a encarando por detrás do birô, não parece bem humorado. A moça entra por completo na sala, sentindo-se levemente intimidada.

- Você vai falar o que quer ou vai ficar aí com essa cara? - dispara.

- Hã, desculpa... - se aproxima. - Eu queria, na verdade, pedir que o senhor organizasse a minha transferência.

- Você também, é? - revira os olhos. - Qual o motivo?

A jovem pigarreia.

- Bom, eu acredito que eu não vou me sentir muito confortável em permanecer estudando aqui no colégio - diz.

Franze o cenho, irritado.

- Você tem ciência de que não existe transferência entre escolas particulares para alunos bolsistas, não é? Se você sair daqui, irá para um colégio público. - fala. - Aliás, você sabe quantas pessoas dariam o sangue para ter uma bolsa integral nessa merda? E você quer simplesmente dar o fora. Eu tenho cara de idiota, garota?

- Não, senhor - o tom de voz é baixo

- É, foi o que eu pensei. - rosna. - Eu irei preparar a sua transferência, senhorita, mas saiba que você nunca mais vai estudar em um colégio como este. - tira seu óculos do rosto, colocando em cima da mesa. - Se não quiser, não precisa nem assistir as próximas aulas, pegue suas coisas e vá embora. Ou aguarde até eu lhe entregar a transferência, que se foda. Agora saia da minha sala.

Não responde nada, apenas vira seu corpo e sai, encarando o chão. Vai até seu armário, talvez devesse mesmo ir embora logo, lhe pouparia mais dor de cabeça. Abre a porta de ferro pegando seus pertences aos poucos e colocando-os dentro da mochila. Não caberia tudo, mas era possível levar os livros na mão, embora fossem pesados. Valentin chega mais perto, curioso, tentando agir como se não quisesse nada.

- Bom dia - diz ao parar a seu lado.

- Bom dia - resmunga de volta.

O rapaz a observa esvaziar o armário.

- O que você tá fazendo? - sorri, confuso.

- Eu pedi transferência, tô saindo da escola.

Pisca os olhos depressa, se esforçando para captar a informação.

- Pera aí, quê?!

- É. - suspira. - Vou cair fora. Não dá pra ficar aqui nessas condições. Você não sabe o inferno que é isso.

- Não, calma... Você não pode ir embora - fala.

- Ai, Valentin, hoje não. Eu só quero ficar em paz - bufa.

- Olívia, é sério, você não pode ir embora - reforça.

- Por quê? O que eu ganho ficando aqui? Eu não tenho que ficar só pra poder provar alguma coisa.

- Você não tá pensando direito.

- E quem é você pra decidir isso? - é um pouco ríspida. - Só me deixa sozinha.

Roberto começa a assistir aquela discussão, até que decide intervir também.

- Tá tudo certo aí? Ele tá te incomodando, amor? - murmura.

- Meu deus, sai daqui você também - revira os olhos sem nem encará-lo.

- Amor?! Que porra é essa? - franze o cenho.

- Ué, cara, achei que não tivesse problemas pra você, já que vocês terminaram mesmo - dá de ombros.

- Você nem faz o estilo dela, porra - seu tom está severo.

DominóOnde histórias criam vida. Descubra agora