Episódio 5 (pt.4)

10 5 86
                                    

Nicolas bate no portão. Encara seus pés e suas mãos estão suadas. Não demora muito para que Rebeca apareça. Está com o semblante abatido, e o encara de cenho franzido, desgostosa.

–  O que diabos você está fazendo aqui? – é ríspida.

Nick cria coragem para olhar em seus olhos.

–  Será que eu posso entrar? Eu preciso conversar com você – a voz trêmula.

–  Eu não tenho nada pra falar com você. Já não basta toda a desgraça que você fez?

–  Eu sei. – balbucia. – Eu machuquei pessoas. Eu só queria que a senhora soubesse que eu sinto muito. – a respiração está entrecortada. – Eu vim pedir perdão por... – os olhos enchem de lágrimas. – Eu só queria que a senhora me perdoasse... por ter matado o seu filho – uma lágrima escorre.

A mulher o avalia com os lábios flexionados, enojada.

–  Você consegue se perdoar?

Mais lágrimas vêm à tona.

–  Não. – tenta embargar o choro. – Eu não consigo.

–  E por que logo eu deveria? – diz, começando a lacrimejar. – Você poderia ter tirado qualquer coisa de mim. – suspira. – Mas você tirou aquilo que eu jamais vou conseguir ter de volta.

O rapaz já não mais consegue conter seu pranto.

–   Eu não consigo parar de pensar nisso. – ofega. – Cada dia que passa tem se tornado pior. Eu preciso do seu perdão pra sentir que eu ainda posso ser uma pessoa de verdade.

–  Pare de agir como se você fosse a vítima, quando só houve uma vítima nessa história. – fala. – O meu filho está morto. Tudo de ruim que acontecer com você, ainda será pouco.

Ele chora copiosamente.

–  Agora saia da minha porta – entra em casa, abalada, batendo o portão.

Roberto está sentado, esparramado em seu sofá, com o braço por trás de Olívia. Há um balde de pipoca entre os dois. Na tevê é exibido um filme nacional, mas que ele particularmente não está prestando muita atenção.

–  Hoje tá calor, né? – resmunga.

Remove sua camisa pela cabeça, voltando a por o braço atrás da moça. O rapaz tira o balde que está entre eles, chegando seu quadril para o lado.

–  Você quer beber alguma coisa?

–  Não, tô de boa.

–  Hmm. Eu vou pegar um refri pra mim.

Se levanta, indo em direção a cozinha, voltando com um copo pela metade. Coloca sobe o encosto do sofá. Roberto bufa impaciente.

–  Só tá a gente aqui, que tal se pausar o filme um pouco? – sugere, virando-se para Olívia.

–  Como assim?

Coloca a mão no rosto dela, se inclinando para um beijo, mas a garota chega seu corpo um pouco para trás.

–  Calma, err... Eu acho que você entendeu errado, eu não vim aqui pra isso – sorri, desconfortável.

DominóOnde histórias criam vida. Descubra agora