Capítulo 35

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Assentimos com a cabeça, sem saber o que dizer. Não esperávamos ouvir isso (definitivamente não). O que poderíamos fazer para não participar desse plano deles, desse novo programa? Queria que o senhor Bell tivesse uma ideia, algo que pudesse nos ajudar a sair dessa enrascada, no entanto, pelo visto, nem ele sabia como nos ajudar.

Passamos alguns minutos apenas nos entreolhando, em silêncio. Selena foi a primeira a se levantar, passando as mãos nos olhos e dizendo que estava cansada e com sono. Kath a acompanhou, seguida por Zeke e o senhor Bell. Hesitei em me juntar a eles, no entanto, quando me levantei e caminhei até a porta com Jesse ao meu lado, ouvi Amy nos chamar. Nos viramos em sincronia, fitando ela e Lilly, uma ao lado da outra.

– Tem uma coisa que preciso dizer para vocês. Acrescentar, na verdade – disse Amy, respirando fundo.

Franzi as sobrancelhas. Por que ela não falou para Kath e Selena, então? Por que esperou que fossem embora? Como se ela tivesse lido meus pensamentos, continuou:

– Não podia falar isso na frente dos outros. Selena logo culparia Zeke, Kathy ficaria irritada, achando que é mentira; e Zeke, bem... – deu uma risadinha para tirar a tensão e revirou os olhos antes de voltar a nos encarar. – Não é certo acusar as pessoas, sei disso, mas acho que sei quem é o espião...

Senti alguém me cutucar o braço. Fechei os olhos e abri-os, percebendo que tínhamos chegado ao nosso destino. Houston pagou ao taxista, agradecendo, e todas saímos do carro em direção à caverna. Esse era o momento que nos encontraríamos com os homens do novo programa e aceitaríamos a oferta. Meu coração batia acelerado. Estava assustada, com medo do que eles poderiam terminar fazendo conosco.

Bell e Houston foram na frente, no entanto, nenhuma conversando com a outra, nem uma palavra. Howard parou ao meu lado, deu um sorrisinho encorajador e andamos também sem trocar palavra. Então (sem mais nem menos), o nome do garoto que Amy desconfiava começou a ecoar na minha cabeça. Queria esquecê-lo, afinal, não tínhamos certeza de que ele era o espião. Não poderíamos ter.

Alguns minutos se passaram para que pudéssemos ver a caverna. Se andássemos mais um pouquinho, chegaríamos. Queria chegar lá o mais rápido possível para que a conversa terminasse logo e nós pudéssemos voltar para a PCS. Essa história de termos que fazer parte de outro reality show me apavorava até demais. Não teria coragem para enfrentar mais um Além do Alcance.

Quando paramos em frente à caverna, Selena tirou uma lanterna da bolsa e a acendeu. Foi a primeira a entrar, seguida de Kath, eu e Amy. Descia com as mãos e pernas trêmulas. Não sabia no que pensar, ou o que esperar. Eles poderiam ter armado para nós. Poderiam... ter feito qualquer coisa. Deveríamos ter pedido para que o senhor Bell nos acompanhasse, no entanto, sua filha achou que não deveríamos arriscar. A maioria concordou com ela, e ele não foi.

Mais alguns degraus para que chegássemos à base. Caminhamos pela caverna à procura dos três homens. Não os encontramos. Não tinham chegado ainda. Então, nos sentamos perto da língua de escombros.

Selena abriu sua bolsa e tirou um pacote de biscoito, distribuindo alguns para cada uma de nós. Recusei, agradecendo. Estava tão nervosa e assustada que não sentia fome. Na verdade, se comesse, vomitaria. Queria ir embora dali, e esse era meu único desejo no momento.

Kath verificou seu relógio de pulso, nos avisando que aproximadamente meia hora havia se passado. Por fim, terminei pegando um biscoito ou outro do pacote que Selena havia levado. Não aguentava mais esperar. Minhas pernas balançavam de tanto nervosismo e inquietação.

– Acho melhor irmos embora – afirmou Bell, depois de uns cinco minutos, olhando para os lados, desconfiada. – Talvez eles estejam armando algo para nós. Quem sabe alguém aparece aqui e nos enfrenta, fazendo perguntas sobre sermos sereias, e grava tudo... Quem sabe não foi tudo mentira, esse acordo deles... Vamos embora agora. Estamos aqui esperando, demonstrando o quanto fomos estúpidas em acreditar neles...

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