Capítulo 19

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23 de fevereiro – Quarta-feira

Nunca havia me sentido assim tão... solitária! Na maioria do tempo, ficava sozinha no meu quarto, estudando para poder esquecer que meus amigos estavam me ignorando e para continuar com médias excelentes. Continuava sem acreditar que aquilo estava acontecendo por causa daquele idiota!

Eles tinham me trocado por Zeke Parker – o garoto que tentei afastar de mim para que ele não descobrisse a verdade sobre eu ser uma sereia. Comecei a me questionar – dias depois – o motivo de ter mentido para minhas amigas. Deveria ter contado a verdade – é claro –, só que todas elas achariam que eu era um monstro...

Até aquele momento, Bridget era a única que parecia acreditar em mim e me apoiar. Sentia-me mal, embrulhada, por ter mentido para ela, todavia, achava que era tarde demais para voltar atrás. Elas jamais me perdoariam – especialmente Katheryn.

Usei esse meu tempo sozinha para divagar. Pensar em mim, nos meus pais biológicos e adotivos, no meu irmão, na minha vida... Nada daquela aventura era verdade. Eu não deveria estar ali. Não deveria estar longe do Castelo Branco e – principalmente – do mundo das sereias. Pertencia àquele lugar mais do que todas elas e – de repente – desejei saber mais sobre o que poderia ter acontecido com minha mãe... no dia em que fui embora.

Havia tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que não havia um minuto sequer que eu não sentisse minha cabeça latejar.

Enquanto estudava, lembrei-me de que tinha aula de tênis com Lilly. Pelo menos, ela não estava sabendo do ocorrido, ou seja, continuávamos amigas, continuávamos nos falando normalmente.

Levantei-me da cadeira e me apressei para vestir a roupa e me encontrar com Conner, na quadra. Quando cheguei lá, minha amiga já me esperava, ao lado do professor. Eles me olharam e, então, ele pediu para que fôssemos para as nossas devidas posições, entregando-me uma bola amarela.

Alonguei-me, como costumava fazer, e começamos a jogar. Tentei extravasar toda a raiva que sentia naquele treino. Queria tirar os pensamentos dos últimos acontecimentos e focar apenas em algo positivo, todavia, não sabia no que pensar. Não tinha mais ninguém ao meu lado – apenas Bridget. E Lilly.

Não podia contar com os meus pais, meu irmão, ou Jesse. Amy e Katheryn – mesmo sendo as garotas que mais queria deixar de pensar – eram os nomes que mais ecoavam na minha cabeça, de modo que me fazia jogar com mais irritação e determinação. Tentei me focar em Lilly...

Só que minha mente voltou ao dia em que fomos à casa dos Bell, quando Conner "encontrou" o livro preto...

Naquele dia – depois de todas aquelas descobertas e de tudo que nos foi dito –, pedi para conversar com Lilly, em particular. Tinha algumas perguntas para fazer para ela, e não queria que mais ninguém soubesse. A história da minha mãe e de eu ser daquele mundo não era algo que eu desejasse compartilhar no momento.

Fiquei aliviada – após Zeke contar sua história para a namorada – de não ter contado para elas.

– Você parece extremamente preocupada, Selena. O que foi? – indagou, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas, assim que nos afastamos de todos e ficamos perto da parede, conversando aos sussurros.

– Algumas lembranças me vieram à mente... sobre um Castelo Branco, seres Mitológicos e Marine... minha verdadeira mãe – murmurei com o coração acelerado, fazendo-a arregalar os olhos. – Sei que você veio comigo e com Jake para esse mundo a fim de nos proteger.

Respirei fundo.

– Lembrei-me da Guardiã e de um líquido que ela nos mandou tomar para nos esquecermos de tudo... – minha voz falhou. Senti um aperto no peito. – Como você se lembrou da sua missão, de nós? – apontei discretamente para mim e para as garotas. – E como foi que chegou até a caverna Melissani? Eu soube que a encontraram lá, sozinha...

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