Capítulo 5

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19 de dezembro – Segunda-feira

Estava sozinha, sentada à mesa da cozinha. Tomava chocolate quente lentamente, numa caneca branca, enquanto as lágrimas começavam a escorrer. Era meia noite, e meus pais e meu irmão já tinham ido dormir. Dali a uns minutos, eu precisaria me arrumar. O dia da nossa ida à caverna Melissani tinha chegado.

Selena e Bridget, em breve, chegariam na minha casa. Nós seguiríamos juntas para a caverna. Senti um aperto no peito. Inicialmente, a aventura era incrível. Ser sereia e tudo o mais... Na verdade, ainda era, mas, depois da conversa que tive com meu pai, senti uma pressão ainda maior nisso tudo, especialmente porque não tinha compartilhado um pequeno detalhe com minhas amigas.

Tipo, eu não queria que elas sentissem mais pena de mim do que, aparentemente, já sentiam.

Adorava ter cauda e superpoderes, mas a parte de ir para uma "guerra" me fazia estremecer e sentir medo. Não por estar apavorada com essa ideia, mas sim com a de não conseguir voltar para casa. Robert tinha acabado de retornar...

Funguei, passando a mão no nariz.

Eu não conseguia me imaginar sem ele novamente. Então, eu precisava ter êxito nessa missão, tanto por mim quanto por minhas amigas.

Logan me veio à cabeça. Queria poder vê-lo mais uma vez antes de partir, mas, infelizmente, ele tinha viajado para a Europa, de modo que fazia uns dias que não nos víamos. Sentia bastante falta dele! E isso me afogou ainda mais em lágrimas. Escondi o rosto nas mãos, os cotovelos na mesa, abandonando a caneca bem perto de mim...

Havia decidido dar uma chance para Robert. Ele me explicaria o motivo de ter fingido sua morte e ter demorado uma eternidade para voltar para casa. Logan e Lizzie me acompanharam até a varanda e pararam, enquanto eu me aproximava... sozinha. Meus pais já tinham avisado aos meus amigos sobre a minha saída repentina, e todos estavam me esperando, preocupados.

Emma correu na minha direção e me envolveu em seus braços com lágrimas tomando-lhe o rosto. Retribuí o abraço com força e pedi desculpa por ter sumido daquele jeito. Ela disse que estava tudo bem, e Robert perguntou se podíamos conversar a sós... eu e ele.

Parei à sua frente, cruzando os braços.

– Por que sozinhos? – quis saber, franzindo as sobrancelhas. – Por que não pode ser com Emma? Qual é o problema, pai?

Ele respirou fundo e aproximou seus lábios do meu ouvido.

– Querida, por favor – sussurrou com a voz suplicante. E, se ele não tivesse continuado a falar, eu não teria cedido. Teria feito com que ele conversasse comigo bem ali, na frente da minha mãe e de todo mundo. – Eu sei, Amy... sei que é uma sereia. Por favor, nós precisamos conversar.

Estremeci, arregalando os olhos. Aquilo me pegou desprevenida. Como ele sabe? Não era possível! Simplesmente não era... Ele tinha acabado de chegar e... Tentei pensar e encontrar uma solução, mas nada parecia certo.

Robert acenou com a cabeça, voltando a me chamar para uma conversa particular. Emma me observou, arqueando as sobrancelhas, os olhos brilhantes, esperando ansiosamente por minha resposta. A única coisa que podia fazer era segui-lo para dentro de casa e deixar que falasse...

– Amy, que você está fazendo? – ouvi uma voz feminina perguntar, me fazendo virar na direção da porta com os olhos arregalados.

Emma não podia me ver daquele jeito. Suspirei, aliviada, ao ver meus amigos. Sabia que a voz era de Selena, que vestia blusa de manga comprida e calça jeans. Bree, que estava parada ao lado dela, vestia short, blusa e suéter, nem parecia que estava a caminho de uma aventura. Ou de uma "guerra". E Jesse estava com camisa e calça. Nada fora do comum. Parecia até que estávamos prestes a ir ao cinema.

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