Capítulo 7

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20 de dezembro – Terça-feira

Tínhamos saído da caverna depois de, aproximadamente, uma hora e meia. Era inacreditável que aquilo tivesse acontecido – que o Portal não estivesse funcionando. Deveríamos ter previsto isso, pois demoramos demais. Esperamos muito, apesar de sabermos que não tínhamos tempo para isso.

Não parava de pensar nesse acontecimento enquanto nadávamos de volta à casa dos Howard. Não sabia se estava feliz ou triste por isso. Aliviada ou decepcionada.

Assim que chegamos em Trinidad – algum tempo depois –, despedi-me de minhas amigas. Observei cada uma delas seguir na direção de suas casas. Amy parecia devastada – muito mais do que todas nós – e incrédula. Parecia que algo tinha sugado suas energias. Ela tinha se safado de uma guerra – pelo menos, momentaneamente –, portanto, não deveria estar tão triste assim. Certo?

Por outro lado, era como se Bridget ainda não tivesse percebido que aquilo havia acontecido, que teríamos de pesquisar mais para poder – finalmente – entrar no mundo das sereias. Teríamos que batalhar muito mais para chegar lá, e ainda teríamos a guerra para enfrentar. Isso era apenas mais um obstáculo para nos retardar, para atrapalhar ainda mais as nossas vidas.

E eu – ali parada – não sabia exatamente o que fazer. A única coisa que não consegui controlar ao vê-las desaparecendo daquele jeito foi chorar. Meus ombros tremiam; eu fungava e soluçava.

Mesmo que o Resort fosse longe, e eu estivesse cansada, decidi ir caminhando até lá. Precisava pensar em todas as besteiras que havia feito naquela noite, e em outros momentos, com meus amigos. Tinha feito várias coisas sem me importar com as consequências, afinal, tinha uma guerra para lutar.

Respirei fundo e ergui a cabeça. Não consegui evitar as lágrimas – elas vinham com força total.

A caminho do Resort, pensei em como havia tratado Jesse, Amy e Bridget. Tinha feito aquilo com as garotas, pois queria acabar logo com aquela "missão" – não queria demorar nem mais um segundo, não queria perder tempo –, e tinha tratado Jesse daquela maneira, pois queria afastá-lo de mim, mais do que já havia afastado.

Ele era o meu melhor amigo... e se eu não retornasse? Não queria que ele ficasse sozinho, esperando por mim. Queria que ele seguisse em frente, e sabia que ele só faria isso quando parasse de gostar de mim. Ou se estivesse com raiva de mim. Ele precisava me esquecer, precisava me odiar, para o caso de eu não retornar. Jesse merecia alguém melhor do que eu.

Naquele momento – caminhando –, percebi que havia feito uma tremenda estupidez. Com as lágrimas escorrendo por minha face, peguei o celular e disquei o número de Jenner. Esperava que ele estivesse acordado e que me atendesse imediatamente – já que estava tão preocupado com essa "missão" quanto nós, só que ele não atendeu.

Fiquei esperando, esperando, esperando... Jesse continuava a me ignorar – se ele estivesse acordado. Pensei em passar na casa dele ao invés de seguir diretamente para o Resort, todavia, isso poderia não ser uma boa ideia. Então, suspirei e continuei andando para o Resort.

Levei as mãos aos bolsos da calça jeans e utilizei o tempo desse percurso para pensar – pensar cada vez mais. Lembrei-me do ano que se passou na Pacific, de como conheci Bridget, Amy e Kath e de como me tornei amiga delas. Esperava que elas não me odiassem por ser – diversas vezes – áspera e apática. Às vezes, até eu não gostava de como agia e reagia. Passei por maus momentos nesses últimos dias, todavia, tinha minhas amigas para me ajudar...

Meu único problema era que eu não sabia agradecer por tê-las. Era como se Howard, Salvatore e Bell tivessem nascido apenas para se preocupar comigo. Quando algo me acontecia, nada mais importava. Elas tinham que fazer de tudo para me agradar, como se eu fosse o centro do universo. Percebi – nesse momento – que não era uma boa amiga. E isso me fez chorar ainda mais.

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