Capítulo 27

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25 de março – Sábado

Horas e horas haviam se passado para que Jesse e eu finalmente chegássemos onde a Constelação queria que fôssemos – ou que eu fosse. Ora conversávamos, ora ficávamos em silêncio, e – durante esse tempo juntos – percebi o quanto sentia sua falta. Antes, éramos apenas nós dois; depois, Amy e Bridget apareceram e trouxeram Drew e Jason para o nosso grupo. Kath não tardou a se juntar a nós, assim como Logan e...

...Zeke.

Senti um calafrio só de pensar nele.

Não estava reclamando de ter as meninas ao meu lado, todavia, não vou mentir... queria relembrar os momentos em que éramos apenas nós dois – Jenner e eu.

Quando chegamos ao nosso destino, respirei fundo e franzi o cenho. Já era noite, e estávamos parados em uma floresta – rodeados por árvores – e, bem à nossa frente, havia algo como uma cabana de madeira, uma casinha. Entreolhamo-nos, confusos e – ao mesmo tempo – curiosos.

Que será que há lá dentro?

Respirei fundo e dei alguns passos à frente. Jesse me acompanhou até certo ponto e, então... parou.

Virei-me para ele, franzindo o cenho. Notei que ele não tinha parado por vontade, porque ele continuava tentando dar passos à frente, só que não conseguia sair do lugar. O que está acontecendo? Alguma força o estava impedindo de me acompanhar – algo como mágica. Meu coração acelerou. O que há dentro dessa casinha?

– Não consigo continuar, Selena – disse o óbvio, depois de mais uma tentativa, suspirando e meneando a cabeça em negativa. – Sinto muito, entretanto, você terá de prosseguir sozinha.

– Tem certeza de que ficará bem aqui fora, sozinho? – indaguei com os olhos cravados nos dele.

– Pode ir. Não se preocupe comigo, ficarei esperando por você bem aqui... – respondeu com um breve sorriso, gesticulando.

Aquiesci com a cabeça, dando de ombros e me virando na direção da casinha. Descobriria o que quer que estivesse lá dentro.

Caminhei lentamente, com o coração acelerado, e subi os degraus da entrada. Bati à porta algumas vezes – esperando que alguém viesse me cumprimentar. Isso, todavia, não aconteceu. Virei-me para meu amigo, desejando que ele me dissesse alguma coisa. Jesse apenas gesticulou e me encorajou a continuar, afinal, já tínhamos chegado até ali.

Fechei os olhos e respirei fundo; o coração quase saindo pela boca. Olhei para a porta e abri-a, um pouco hesitante. Engoli em seco, arrepiada, quando ouvi a porta ranger. Entrei, e escutei o rangido da porta se fechando. O piso também rangia a cada passo que eu dava, o que me deixava com as pernas bambas.

Olhei com cautela ao meu redor. Inicialmente, parecia uma casa comum. Sala de estar, cozinha, uma escada... Poucos minutos depois, tudo mudou.

Nas paredes de madeira surgiram imagens, cenas do meu mundo. Guerra, morte, sangue... esperança. Tudo que se passava lá era transmitido através dessas paredes. Senti um arrepio na espinha e uma pontada no peito.

– Tem alguém aí? – gritei o mais algo que consegui com a voz trêmula, olhando de um lado para o outro.

Ninguém disse nada. Ninguém apareceu. Pelo menos, por um tempo. Aproximei-me de uma das paredes, observando atentamente àquelas cenas, sendo hipnotizada por elas. Minha casa. O Castelo Branco. As criaturas mitológicas...

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