Capítulo nove

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Apertei meu nariz contra o vidro da janela, mas minha respiração o embaçou no exato momento em que um raio cortou o céu. Ele estava mais escuro que o normal, contudo a eletricidade que cortava aquela imensidão de escuridão vez após vez, fazia o meu coração falhar dentro do meu peito.

Seria possível que a chuva realmente viesse?

Eu odiava a primavera com todas aquelas tempestades que vinham de inesperadamente.

Caminhei até o closet e o abri, eu precisava arrumar minha nova cama para o caso da chuva vir com os seus trovões capazes de tremer todo o quarto.

Todo o mundo.

Engoli em seco.

— Você não pretende dormir aí de novo, pretende?

A voz de Lorenzo assustou-me.

Virei o meu corpo para ele e o observei em silêncio.

Lorenzo estava irritantemente bonito com uma calça moletom escura e uma camiseta branca, os cabelos escuros estavam molhados do banho que ele deveria ter acabado de tomar. A sombra da barba por fazer só dava o toque final para a beleza pecaminosa daquele homem.

E eu queria muito dar uma bofetada naquele rosto escandalosamente bonito.

Eu havia aberto meu coração a Lorenzo, contado um dos meus grandes segredos relacionados ao meu passado, havia chorado na sua frente, eu nunca chorava na frente de ninguém, havia mostrado minha vulnerabilidade e aceitado o seu abraço e para quê? Para ele sair praticamente correndo e me deixar sozinha no lago com os primeiros sinais de uma tempestade.

Eu estava sozinha nas margens com a água molhando meus pés quando o primeiro raio cortou o céu. Eu me encontrava sozinha, tremendo de medo naquele ambiente que durante a noite era muito assustador.

— E isso por acaso importa? — respondi secamente.

Voltei minha atenção para o closet.

— Pelo visto você se virou bem ao vestir a camiseta sozinho — retruquei.

Eu não queria nem pensar na forma como ele estava me olhando dentro daquela camisola sensual demais para mim, contudo, era a única disponível no momento.

A maneira como a seda grudava no meu corpo, desenhando cada curva minha, me incomodava, na maioria das vezes eu gostava de esconder a minha feminilidade. No meu subconsciente eu acreditava que assim evitaria olhares famintos de homens grotescos, contudo aquilo era mais para me enganar, vítimas de estupros não existiam devido à roupa que usavam.

— Você não apareceu para me dar o remédio — Lorenzo falou e eu bufei.

— Você é grandinho o suficiente para tomar os seus próprios remédios.

— Você está chateada?

— O que você acha? — respondi secamente.

— Bom...

Ouvi os passos de Lorenzo ao passo que ele entrava mais no quarto.

— Então, eu gostaria de pedir desculpas pelo modo como agi.

Virei-me irritada e cruzei os meus braços.

— Você gosta bastante de pedir desculpas, não é? — cuspi as palavras — seria legal se você parasse de ser um imbecil, aí não teria pelo quê pedir desculpas.

Lorenzo empalideceu com as minhas palavras.

— Por que você está tão irritada? — ele cruzou os braços musculosos — estou sendo sincero com as minhas desculpas.

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora