Capítulo onze

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LORENZO

Fazia anos que eu não via Nico pessoalmente, ele era filho do subchefe do clã do Filippo. A Ndrangheta, assim como a Camorra, era formada por clãs, cada qual com um chefe, diferente da Cosa Nostra que havia um chefe para comandar toda a família.

O curioso era que agora Nico havia se tornado o chefe no lugar de Filippo, já que o traidor não teve filhos no casamento e Anna era a única herdeira disponível, mas que estava sendo odiada por todos, inclusive eles.

— Vamos ao meu escritório, lá poderemos conversar com calma — falei enquanto subia novamente as escadas com Nico logo atrás de mim.

Eu estava evitando olhar para a Lianna.

Dormir com ela havia sido a coisa mais absurda que eu já havia feito, mas eu sentia que Lianna precisava de mim naquela noite, o seu olhar perdido e como ela se encolheu no chão quando a tempestade veio... Eu não iria permitir que ela passasse por aquilo durante a madrugada, eu queria me certificar de que estaria por perto para abraçá-la.

O problema não foi esse, não foi dormir com ela.

O problema foi ter gostado de ter o calor e a curva do seu corpo próximo do meu, foi ter gostado de dormir sentindo o cheiro de coco no seu cabelo.

Eu era um monstro por sentir aquelas coisas, eu estava me sentindo um traidor e sendo infiel a tudo que Luna e eu havíamos construído.

— Quem é aquela gatinha que abriu a porta? — Nico falou se jogando na cadeira de frente para minha.

Franzi o cenho.

— Minha esposa — respondi secamente.

Nico olhou confuso para mim, para a foto de Luna na mesa e para a porta.

— A última vez que nos falamos você era casado com outra pessoa — ele falou com um sorriso forçado no rosto.

— Eu era, até a matarem com o filho que estávamos por ter.

Um brilho de tristeza surgiu nos olhos verdes de Nico.

— Sinto muito por isso, Lorenzo.

Dei de ombros.

— Agora me diga o que veio fazer aqui, há dez anos eu não te vejo, você se enfiou na Itália e nunca mais entrou em contato com nenhum de nós.

Nico suspirou.

— O dever me chamou — ele resmungou — eles me elegeram chefe do antigo clã do Filippo e eu não podia realizar isso estando na Itália.

Assenti.

— Mas o que você exatamente deseja comigo? — perguntei bruscamente — estamos em guerra e eu poderia simplesmente matá-lo, a 'Ndrangheta se uniu com a Yakuza, a tríade e a Bratva e nos atacou, você são traidores.

Nico deu uma risada.

— Sei disso — ele balançou a cabeça contrariado.

Pelo semblante no seu rosto, ele era tão contra o ataque quanto eu.

— Filippo e a filha dele arruinaram o clã, acredita que aquela ruiva desgraçada prometeu coisas para cada uma das máfias ajudá-la e ela não pagou nada? Simplesmente se escondeu e danem-se as pessoas, eu estou com um problema para resolver.

Franzi a testa curioso com aquela informação.

— Ela pagou a Bratva com a própria irmã — falei.

Nico gargalhou.

— Anna não vendeu a irmã dela — ele respondeu.

— Como assim?

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora