Capítulo vinte

7.7K 660 334
                                    

Assim que acordei, a primeira coisa que vi foi Lorenzo com uma toalha, enrolada no quadril, de frente para o closet, na sua mão estava um perfume Channel. Ele observava com atenção o perfume entre os seus dedos e seu rosto estava rígido.

Sentei-me na cama tentando fazer silêncio, mas o farfalhar do lençol chamou a sua atenção e seu corpo virou-se para mim, seus olhos encontraram os meus e fui recebida com um olhar perdido, vazio.

Suspirei.

Eu não gostava de vê-lo assim.

— Você acordou — Lorenzo sussurrou guardando o perfume no lugar e retirando uma camisa de dentro do closet. — Bom dia.

Cocei meus olhos e bocejei.

— Bom dia. — Levantei-me da cama pronta para me refugiar no meu quarto, eu não sabia se Lorenzo estava com bom humor, se ele sequer se lembrava de ter sido doce comigo na noite anterior. — Preciso de um banho e...

— Tudo que falei ontem foi sincero — Lorenzo estava de costas para mim, seus dedos abotoaram a camisa azul-petróleo — eu queria ter conhecido você primeiro.

Engoli em seco e encostei-me na porta, Lorenzo virou o rosto para mim, ele estava sério.

— Você é exatamente tudo que eu sempre procurei em uma esposa — arquejei surpresa, Lorenzo caminhou lentamente até onde eu estava — seria tudo diferente se eu tivesse me casado com você e não com a Luna.

Eu não sabia o que dizer.

Pela primeira vez alguém havia me deixado sem palavras.

— Uma pena não é? — ele murmurou tocando na minha bochecha com o polegar — mas não há o que fazer, me casei com Luna e fui enfeitiçado por aquela mulher, hoje estou pagando por isso.

— Lorenzo... — sussurrei.

— Estou indo atrás das provas que a sua prima me falou — Lorenzo estava com os olhos cheios de ódio — e se eu encontrar algo, escreva o que estou dizendo, essa desgraçada não vai mexer mais com o meu coração, eu não permito.

Lorenzo pegou uma calça, foi para o banheiro e se trancou lá dentro.

E eu fiquei ali tentando recuperar o fôlego.

* * *

Após tomar banho e trocar minha camisola por jeans e camiseta, desci as escadas e encontrei Lorenzo tomando café da manhã sozinho, me juntei a ele.

— A melhor parte do meu dia é o café da manhã — falei tentando quebrar o gelo, ele sorriu — principalmente quando tem creme de avelã para passar no meu bagel.

Lorenzo bebeu um pouco do seu café.

— Você gosta bastante de doce, não é? — assenti.

Mordi um pedaço do meu bagel e suspirei de prazer, notei Lorenzo engolir em seco enquanto me olhava com atenção.

— Qual o problema? — perguntei com um sorriso — eu me sujei?

Ele apenas meneou a cabeça e bebeu o resto do café.

— Preciso ir, quero resolver isso logo — Lorenzo levantou-se e beijou o topo da minha cabeça — tente não matar o Antônio afogado igual você fez comigo.

Ele falou brincalhão.

Revirei os olhos.

— Na verdade, quero ir com você — ele me olhou assustado — posso te ajudar a procurar, eu quero te ajudar a lidar com essas... essas coisas — segurei na sua mão com força.

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora