Capítulo dezesseis

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LORENZO

Os dias passaram-se em uma lentidão agonizante e Lianna ainda mantinha a porta do quarto trancada. Na realidade eu quase não a via, ela passava seus dias enfiada nos jardins querendo dar suas várias opiniões para os jardineiros e o arquiteto que ela havia contratado.

Às vezes eu a observava pela janela do meu quarto e sentia saudade de quando suas ideias e seus insultos eram dirigidos a mim. Eu deveria estar ficando louco, como alguém poderia sentir falta de insultos?

Bufei.

Ela também visitava Anna diariamente e toda vez que ia, levava um monte de comida. Para mim ainda era estranho ver a minha esposa cuidar de um monstro como aquele. Eu sempre tinha a sensação de que uma vez que Lianna fosse, Anna daria um jeito de fazê-la não voltar mais.

No entanto, em uma das vezes que ela havia ido, algo que Lianna mencionou me deixou incomodado, os meus soldados estariam violentando aquela mulher? Bom, se tivessem, eles iriam pagar caro por essa atitude, eu não podia ignorar, não quando a minha... a Lianna passou por esse pesadelo.

Observei a tela presa no meu cavalete.

Desde que ela havia decidido me punir por uma idiotice que falei — e que me arrependi de imediato — eu passava minhas tardes enfiado no meu ateliê de arte desenhando.

Quando cheguei aqui logo depois da nossa briga, eu imaginava que iria desenhar Luna.

No entanto, eu estava completamente enganado.

Tudo que eu desenhava era relacionado a Lianna.

Todos os meus desenhos envolviam o sorriso dela, o seu olhar, a curvatura do seu pescoço, que eu lutava contra todas as minhas forças para não beijar, para não esconder o meu rosto ali e respirar o seu perfume, como eu havia realizado na última noite em que dormimos juntos.

Eu até mesmo desenhei as malditas lavandas que não saiam da minha cabeça.

Isso estava me matando, eu não estava me reconhecendo.

Eu amava a Luna, eu havia jurado pelo meu sangue continuar amando-a mesmo depois que ela se fosse e aqui estava eu querendo jogar tudo para o alto só para beijar Lianna, só para sentir novamente seu corpo contra o meu, o sabor dos seus lábios.

Às vezes eu me pegava imaginando coisas piores, como, por exemplo, como seriam os seus seios, qual seria o formato e o tamanho, se caberiam na minha mão, se eram marrons ou um rosa-claro, qual seria o gosto deles na minha boca.

Eu não podia desejá-la, mas aqui estava eu cometendo essa maluquice.

Suspirei frustrado.

Assustei-me quando a porta se abriu e Lianna entrou irritada no meu ateliê.

— Algum problema? — perguntei, tentando disfarçar a rigidez no meu corpo.

— Aqueles grosseiros ignoram todas as minhas sugestões e adivinha só — ela sibilou — só porque sou mulher.

Notei Lianna cruzar os braços e unir os lábios em um bico adorável que ela sempre fazia quando estava com raiva, de repente senti uma vontade absurda de cobrir o espaço que nos afastava e desfazer a sua irritação com beijos.

Beijos em diversos lugares.

Engoli em seco.

— Eles são uns idiotas por não considerar a sua opinião — foi tudo o que falei.

Lianna assentiu, agradecida.

— Eu também acho — murmurou.

— Demita um deles e mostre que você é quem manda — sugeri — tenho certeza que existem muitos outros arquitetos e designers de exteriores por aí. — falei.

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora