Capítulo quatro

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Já eram quase dez da noite e Lorenzo ainda não havia chegado.

Eu estava extremamente ansiosa e preocupada com ele, então decidi observar aqueles quadros na entrada da casa, eu queria muito tirar alguns, eles realmente me incomodavam, alguns me olhavam como se estivessem me julgando.

Notei um quadro que até então eu não havia percebido, era enorme e ocupava mais espaço que os outros, contudo estava numa parte que eu ainda não havia visto.

Ali, desenhada de uma maneira muito delicada, estava Luna.

Era quase real.

Engoli em seco.

Luna me olhava como se soubesse de todos os meus pensamentos e segredos, era como se ela estivesse pronta para sair daquele quadro para me arrancar da sua casa.

Uma movimentação na entrada chamou a minha atenção e me fez desviar os olhos do quadro. Caminhei apressada até o hall de entrada e uma visão me deixou chocada.

Com o rosto pálido e rígido, mostrando estar sentindo muita dor e com o braço enfiado em uma tipoia, estava Lorenzo.

A sua camisa estava suja de sangue.

Senti o meu coração bater mais rapidamente.

— O que aconteceu? — aproximei-me dele e tentei o apoiar contra o meu corpo.

Lorenzo deu uma risada amargurada.

— Levei um tiro, eles conseguiram remover o projétil, mas essa merda perfurou minha clavícula, o médico achou melhor que eu usasse isso por um tempo — assenti, ouvindo com bastante atenção — eu só gostaria de descansar.

Abri um sorriso.

— Vou pedir ajuda para levá-lo até o seu quarto — falei com dificuldade.

Lorenzo era muito pesado.

Chamei por Murilo e por Antônio que observavam tudo à distância.

— Vocês podem me ajudar a levá-lo para o quarto dele? — Abri um enorme sorriso — por favor?

Os dois homens prontamente pegaram Lorenzo cada um de um lado e o ajudaram a subir as escadas, aproveitei e fui até a cozinha, ele precisava comer algo, mas eu estava com medo de dar algo muito substancial e Lorenzo acabar passando mal.

Madalena estava terminando de limpar a cozinha.

— Precisa de algo, senhora? — ela me perguntou.

Abri um sorriso envergonhado, já estava tarde da noite e a pobre mulher deveria estar cansada.

— Não se preocupe, sobrou um pouco de sopa de frango e legumes do jantar?

Madalena assentiu e foi até a geladeira e retirou um pequeno pote com um líquido amarelado, seus olhos estavam preocupados.

— Lorenzo chegou ferido, pensei em esquentar essa sopa para ele.

Peguei o pote de sopa, então a preocupação daqueles olhos escuros se transformou em surpresa.

— O que foi?

Madalena olhou para o lado envergonhada e falou baixo.

— É que a falecida esposa nunca fez comida alguma para ele — olhei em choque para a mais velha — e olha que ele já chegou em situações piores.

Fechei a cara, a cada minuto que passava eu descobria mais podres daquela mulher.

— Bom, não se preocupe, eu mesma irei esquentar a sopa, você pode ir descansar — Madalena assentiu e tirou o avental, a observei sair da cozinha.

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora