Capítulo dois

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Acordei cedo no outro dia e fui até a cozinha.

Lorenzo estava dormindo no sofá com um livro caído na barriga, caminhei até a cozinha e coloquei a cafeteira para funcionar, aproveitei para fazer uns ovos mexidos com bacon para quando ele acordasse, visto que havia sido gentil comigo e eu iria retribuir a gentileza.

Alguns minutos depois Lorenzo acordou e se sentou no sofá confuso, observei seu nariz se mexer enquanto ele respirava fundo sentindo o cheiro de bacon frito na manteiga.

Seus olhos escuros encontraram os meus.

— Acabei pegando no sono sem querer — Lorenzo comentou enquanto se sentava no banquinho de estofado preto próximo do balcão.

Apenas assenti.

— Você preparou o café da manhã?

— Preparei.

— Não precisava.

Dei uma risada enquanto mordia um pedaço gorduroso de bacon.

— Bom, eu estava faminta e você foi gentil comigo ontem, resolvi retribuir.

Levantei-me e coloquei num pequeno prato de porcelana os ovos e os bacons, em uma caneca acrescentei o café preto e coloquei na frente de Lorenzo.

Ele apenas sorriu em agradecimento e começou a comer.

Aproximei a caneca dos meus lábios ansiosa para beber o meu café e sentir aquele jato de adrenalina que só ele poderia me proporcionar.

— Vamos nos casar hoje.

Cuspi o café no balcão, olhei para Lorenzo em choque e surpresa com o que ele havia dito, seus olhos se desviaram do balcão sujo de líquido marrom para mim.

— Por que as mulheres sempre fazem isso quando abro a minha boca?

Peguei um guardanapo de papel e limpei a sujeira que eu havia feito, olhei para Lorenzo como se ele fosse louco.

— Por que será, não é mesmo? — respondi secamente — talvez seja porque você fale coisas absurdas quando não se passou nem das dez da manhã ainda.

Lorenzo deu uma risada, seus olhos escuros ficaram ainda menores do que eram e brilhantes.

Ergui as minhas sobrancelhas.

Eu havia feito aquele homem, que todos diziam que não sorria desde a morte da esposa, rir? Meu peito se aqueceu e me senti feliz por ouvir sua risada.

Era óbvio que Lorenzo havia perdido o costume de fazer aquilo, até ele havia se surpreendido com o fato de rir.

— Você é engraçada — Lorenzo bebeu um pouco do seu café — mas de toda forma teremos de nos casar, então para que adiar?

Assenti devagar.

Ele tinha um ponto indiscutível.

— É só por isso que você quer casar hoje? — perguntei enquanto jogava o guardanapo encharcado de café no lixo.

Lorenzo suspirou e olhou para sua comida, daquele jeito ele até parecia um menino de novo, todo triste e vulnerável.

— Bom, convenhamos que meu irmão não vai demorar para se casar com a sua prima — assenti.

Isso era óbvio, os dois eram completamente apaixonados um pelo outro, sequer conseguiam esconder isso.

— Sei que eu acabaria atrapalhando os dois se estivesse vivendo com eles — havia algo no seu olhar que me deixou profundamente tocada — sei quando estou sobrando.

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora