Capítulo trinta e dois

5.2K 441 93
                                    

Eu só pensava no Lorenzo e na Anna.

E se ele aceitasse aquele plano? E se ele realizasse mesmo a troca? Eu não me perdoaria se Anna...

Se a minha irmã morresse.

Um barulho de chaves chamou a minha atenção e eu sentei-me mais rígida, eu ainda estava na cadeira, Nico havia feito um curativo na minha testa e após me mostrar a carta, ele deu um longo suspiro e saiu.

Aposto que ele imaginou como a vida dele seria mais fácil se eu não fosse casada, assim ele se casaria com a herdeira da 'Ndrangheta e continuaria com o maldito cargo de Chefe. Felizmente eu já era comprometida com Lorenzo, eu só não conseguia sentir minha aliança e meu anel de noivado no meu dedo, será que Nico havia tirado ele de mim?

A porta se abriu e o miserável apareceu, ele estava com um sanduíche natural nas mãos e uma garrafa de água na outra.

— Trouxe o seu jantar. — Ele falou pegando o banquinho e sentando-se na minha frente, Nico aproximou o sanduíche da minha boca e eu apenas o olhei. — Não tem veneno e muito menos calmante.

Ergui o queixo teimosamente.

Ele revirou os olhos e mordeu um pedaço grande do sanduíche, mastigou e então engoliu. Suas sobrancelhas escuras arquearam e os olhos verdes brilharam.

— Viu? — Nico aproximou o sanduíche para mim. — Só quero ter certeza de que Lorenzo não pense que estou fazendo você passar fome.

Mordi um pedaço do pão porque eu estava com o estômago roncando, após comer ele todo, Nico me ofereceu a água, mas eu o esperei beber e quando vi que ele não estava desmaiado no chão, bebi o líquido refrescante.

— Por que você quer tanto matar a Anna? — perguntei por fim.

Nico estava pronto para sair, mas ele me olhou um tempo, em silêncio.

— Ela colocou a tríade e a Yakuza contra a 'Ndrangheta — ele falou.

Franzi a testa.

— Mas vocês sempre foram inimigos delas, as famílias da máfia italiana sempre tiveram rixa com a Tríade e a Yakuza. — Falei calmamente. — Então não acredito que seja só isso.

Nico suspirou e algo brilhou nos seus olhos.

Eu suspeitava de que não era só aquilo, mas ele jamais contaria para mim.

— Antes tínhamos o apoio da Cosa Nostra e da Camorra, sua irmã e o seu pai acabaram com os nossos aliados, os membros querem ela morta, as máfias inimigas querem ela morta, a única pessoa que não quer isso é você. — Ele fez uma pausa — E por quê? Você não acha que para Anna a melhor saída seria a morte?

Abri um sorriso e neguei.

— Ela é uma pessoa quebrada, assim como eu, e se tive a chance de ser feliz, por que ela não pode ter também?

Nico me observou em silêncio durante um tempo.

— O Lorenzo não pensa assim — ele murmurou — vamos fazer a troca durante o amanhecer.

Então ele saiu do quartinho em que eu estava presa e trancou a porta.

Senti lágrimas grossas escorrerem pela minha bochecha.

Por favor, Lorenzo, não.

Implorei mentalmente.

* * *

Acordei quando Nico acendeu as luzes e alguns homens entraram com ele.

— O próximo idiota que machucar a nossa convidada — ele apontou para mim — vai morrer.

O Soberano da Cosa Nostra - Os Mafiosos, 3Onde histórias criam vida. Descubra agora