CAPÍTULO 16

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Vegas gritou por Pete, defendendo-o da acusação de que estava sendo muito imprudente com suas tarefas diárias, assumindo muitos riscos sozinho e fazendo pouco pela segunda família.

O mafioso se afastou dele, fazendo uma linha em direção à porta para tomar um pouco de ar. Instintivamente, Pete estendeu sua mão para agarrar seu braço e impedi-lo de se afastar.

Então, a maciez de suas palavras não era eterna como pensou. Não havia nada além do lento batimento de seu coração contra o peito e o tremor de seu braço enquanto observava as veias saltadas no braço de Vegas.

Devia tê-lo deixado ir, Vegas estava nervoso.

Teria sido melhor vê-lo sair por aquela porta do que ouvir seu grito estridente e autoritário, vê-lo se afastar com os olhos fechados enquanto puxava o braço de Pete junto ao peito só pra ver a espiral de carne vermelha brilhante ao redor do pulso.

Seus olhos capturaram os de Vegas enquanto Pete cobria protetoramente sua lesão mais recente.

Lágrimas encheram os olhos do mafioso, quase instantaneamente. Mesmo que Pete falasse freneticamente alguma coisa, suas palavras não eram nada além de sussurros em seus ouvidos.

Pete então correu para o banheiro, e foi essa correria  que finalmente o arrastou para fora de seu transe pessoal.

Muitas perguntas o bombardearam de uma só vez: O que acabou de acontecer? Ele deveria segui-lo? Pete gostaria que fizesse isso? Pete teria medo dele agora? No final, Vegas só precisava saber se ele estava bem.

Pete forçou seu corpo para frente, seus pés se arrastando contra o tapete do seu banheiro compartilhado enquanto Vegas seguia seu caminho.

A porta do banheiro ainda estava aberta, enquanto Pete se mantinha inclinado sobre a pia, deixando a água fria rolar sobre o seu braço marcado.

Vegas imediatamente esfregou as lágrimas dos olhos com a mão antes de desligar a água que o garoto usava. O mafioso olhou para o espelho do banheiro, com os olhos arregalados encarando seu reflexo por trás de Pete, mas não falou nada de início.

— Amor, eu... — Começou Vegas com a voz trêmula.

Não havia nada a dizer, nenhuma desculpa para o uso bruto das algemas na noite anterior, não havia nada que se desculpar. Vegas estava tão agitado, tão excitado, que sua peculiaridade se ativou por conta própria e ele simplesmente o prendeu junto à cabeceira de madeira.

Depois de momentos em silêncio, Pete finalmente falou, mais suave do que Vegas ouviu nos últimos vinte minutos. — Você não precisa se preocupar, Vegas. Não dói muito.

Mas Vegas sentiu seu coração se contorcer com palavras tão perdoadoras, suas mãos apertando suavemente ao redor da cintura de Pete.

— Você deveria estar com raiva. Eu não evitaria qualquer punição que você quisesse lançar sobre mim, qualquer insulto, qualquer ameaça... — Mas Pete olhou para o reflexo de Vegas com a mesma quantidade de amor que sempre recebia do mafioso. Ele se esticou para pegar o kit de primeiros socorros e lhe sorriu gentilmente.

Foi bastante fácil para Pete colocar o aloe vera em sua marca, mas quando Vegas tentou envolver seu braço junto ao pulso marcado, Pete deu um passo à frente e pegou as bandagens mesmo que precisasse se inclinar sobre o balcão.

Quando Vegas tomou seu braço, não tinha certeza se o deixaria ajudar ou se afastaria dele. Não tinha certeza se seria capaz de aguentar caso Vegas se culpasse ainda mais. 

Pete apenas estremeceu ao toque, seu coração parecia querer cair no estômago.

— Talvez ainda doa um pouco. — Admitiu, mas relaxou, como se tivesse total confiança nele para cuidar da lesão.

Aquela confiança foi o suficiente para fazê-lo abaixar a cabeça com vergonha e evitar seu olhar aquoso e, em vez disso, Vegas teve a visão de sua pele com marcas, cruas e avermelhadas. Quando ele finalmente terminou, ainda estava tremendo e respirando forte.

— Eu deveria ter tido mais controle. — Vegas se repreendeu duramente, odiando que ainda tivesse a coragem de colocar a cabeça no seu ombro em algum desejo lamentável e egoísta por sua afeição. Sabia que era totalmente patético, mas estar com Pete era uma das poucas maneiras pelas quais ele sabia como se recuperar.

— Eu disse que está tudo bem. — O agora líder dos guarda-costas da segunda família sussurrou calmantemente.

— Não está. — Interrompeu o mafioso, mais para ele mesmo do que para o outro. — Eu digo para você se proteger e sou eu quem te machuca.

— Eu deixei, foi prazeroso para nós dois. — O guarda-costas explicou.

— Isso não é uma desculpa. — Seu braço direito serpenteou cuidadosamente em volta da cintura de Pete abraçando-o mais de perto. Vegas estava com muito medo de tocá-lo, e machucá-lo novamente.  — Eu não deveria ter te agarrado tão brutalmente assim, foi demais para você e...

— Vegas... — Pete gentilmente acariciou a bochecha dele, deixando seu polegar deslizar pela mandíbula marcada e pelos lábios macios. — Eu conheço a pessoa que você é, e aquela que você quer ser. Você não é o tipo de homem que machucaria quem ama propositalmente. Nós gostamos desse tipo de coisa, foi bom para nós dois. Você é forte, atencioso e gentil, e eu te amo por isso.

Com aquelas palavras, Vegas finalmente cedeu e se deixou abraçar Pete com força. O mafioso se sentia culpado por seus gostos peculiares, mesmo que Pete insistisse que também gostava. Ele não merecia que fosse tão bruto. Ele nunca mereceu nada de ruim, ele merecia cuidado e amor.

Pete acariciou seu ombro, enterrando a cabeça na dobra do pescoço de Vegas. — Sinto muito, Vegas. Entenda que não é só você que gosta. Eu gosto de sentir a dor, gosto de quando se perde nos meus olhos e me segura com força. Eu gosto quando você é  rude, gosto que me prenda e... eu gosto das marcas.

Dizer aquilo era constrangedor, mas pareceu surtir efeito em Vegas que acenou com a cabeça.

Vegas gentilmente segurou os ombros de Pete, levantando-o para olhar nos olhos dele antes de lhe dar um beijo terno sobre os lábios. — Eu prometo ser mais cuidadoso a partir de agora, para que você não precise se preocupar tanto com isso.

Pete ofereceu a ele um sorriso sincero ao qual foi devolvido com um beijo repentino. Então, o guarda se afastou e adicionou outro à sua testa e outro à sua bochecha, gentilmente apimentando a situação que antes era tensa.

O polegar de Vegas escorregou levemente sobre suas bandagens, sua mão direita segurando-o livremente apenas o suficiente para levá-lo até os lábios.

— V-egas... — Pete gaguejou, sentindo seu rosto esquentar enquanto o mafioso continuava a beijar as pontas dos dedos, a palma da mão e o pulso. — O que você está fazendo?

Ele disparou um olhar apaixonado, seu polegar ainda acariciando seu braço lentamente. — Quando eu era pequeno, minha mãe costumava fazer isso toda vez que eu me machucava. — Explicou Vegas com a voz baixa e pensativa como se lembrasse da memória.

— É um pouco embaraçoso. —  Murmurou enquanto seu coração vibrava, mas Pete simplesmente olhou para o seu rosto com um sorriso fraco.

O herdeiro da segunda família fechou a mão ao redor da de seu amado, esfregando levemente os dedos. — Você pode ficar desnudo um pouco mais?

— ...Eu posso. — Sussurrou para Vegas enquanto deixava que ele o mimasse com toques mais ternos.

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