CAPÍTULO 6

1.2K 156 38
                                    


Quando Kinn finalmente despertou, já não encontrou o rosto daquele que o deixou sem fôlego na noite anterior. Era clara, para o primeiro mafioso, a atitude do ex-guarda costas.

Era óbvio que Porsche não estaria lá.

Desde a última vez que o havia visto, muitas coisas mudaram em suas vidas. Não era só Porsche que havia mudado, mas suas atitudes também mudaram. Ele parecia bem controlado, como se tivesse amadurecido.

É claro que Porsche sempre seria o Porsche, mas no fundo Kinn entendia o porquê de toda aquela mudança, assim como também sabia que tinha parte da culpa sobre isso.

Confiança, amor e dever, eram coisas que pareciam não funcionar muito bem juntas, nunca funcionaram.

Por mais esforço que fizessem, ainda haviam coisas difíceis de se controlar, difíceis de serem explicadas. Ter uma fraqueza, alguém para se preocupar, poderia tornar tudo um grande caos.

Existem três lados para cada história. O do chefe, o dele e a verdade.

Kinn ainda ficou na cama por algum tempo, pensando, encarando o lugar que o ex-guarda havia estado durante a noite. Os lençóis bagunçados ainda tinham o formato de seu corpo, ainda carregava o seu cheiro.

Sequer conseguia esquecer cenas da noite anterior. Porsche havia sido tão viril que acreditava que ele não o havia esquecido, pelo menos o seu corpo não o havia esquecido, não completamente.

Seus olhos sempre foram os mais sinceros, tão sinceros que palavras eram desnecessárias. Por muitas vezes se perdeu na intensidade daqueles olhos.

— Sr. Kinn, seu café da manhã. — Pol falou ao bater na porta suavemente, tirando Kinn de seus devaneios.

Com um suspirar longo, Kinn se sentou sobre a cama e arrastou o lençol sobre o colo desnudo. Só então ele se voltou pra a porta de madeira ao falar calmamente apoiado junto aos travesseiros.

— Entre. — Foi breve em sua fala, como sempre.

Pol não demorou para entrar no quarto e deixar a bandeja de café sobre o criado mudo. Ele estava pronto para dar as costas para Kinn quando olhou para o chão próximo a porta, encarando a bituca de cigarro que Porsche havia deixado na noite anterior.

O jovem guarda-costas se abaixou para pegar o toco antes de se virar para Kinn que o olhou com a sobrancelha erguida. — Está fumando?

Sua fala havia saído tão natural que o guarda se arrependeu ao se desculpar com uma breve reverência. O primeiro mafioso apenas deixou passar ao notar quem era.

— Preocupe-se com seu trabalho. — Murmurou autoritário ao lhe lançar um gesto para que saísse dali.

Então Porsche havia fumado antes de sair, o que dava a entender que ele ainda havia ficado ali por um tempo. Muita coisa poderia ter passado em sua cabeça astuta, ou talvez, até mesmo arrependimento pela noite de... amor? Prazer? Não tinha certeza.

O poder era uma linha tênue, ou você enlouquecia, respeitava ou simplesmente se rendia ao fim. Não havia meio termo, não quando tudo era baseado em status.

Kinn não tardou em sair do quarto. Mal havia mexido na comida, mas havia aproveitado o café. Sua pose imponente passava pelos corredores acompanhado de guardas, dificilmente ficava sozinho, mesmo em casa.

Red Lights [KinnPorsche Vol1]Onde histórias criam vida. Descubra agora