CAPÍTULO 10

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Quando Kinn chegou no portão da casa de Porsche, ele estava lá e não o deixou passar. Kinn se ajoelhou diante de Porsche, sem forças para ficar de pé e com medo de olhar para o rosto dele, apenas fitou o chão.

Porsche tocou suavemente sua testa com a ponta dos dedos. — Kinn, não faz isso. — Praticamente suplicou.

— Eu fiz o melhor que pude, Porsche. — Sua voz era rouca. — Eu não sei se foi suficiente. — Kinn falou de repente, dolorosamente. Ninguém entenderia por que ele havia feito tudo isso, por que em sua dor e amor ele sentiu que essa escolha seria a mais sábia naquele momento.

Desculpe, ele queria dizer, mas não conseguiu. Kinn então descobriu que tinha força suficiente para olhar para cima, para Porsche, e assim o fez.

O rosto de Porsche estava cansado, ele sorria como se soubesse o que Kinn estava pensando, mas seu sorriso era triste.

Houve silêncio e no silêncio Kinn conseguiu se acalmar, acalmar as batidas ritmadas de seu coração aflito. — Paciente, duradouro e fiel, era assim que nosso amor deveria ser. Foi o Khun quem me ajudou a ter coragem de falar com você. — Disse finalmente, depois de estudar o rosto dele.

Porsche então apenas balançou a cabeça em uma expressão confusa, uma expressão que recusava ouvi-lo. Qualquer que fosse a desculpa, não estava pronto para ouvir.

— Por favor... — Ali, ajoelhado diante do homem que teve os sentimentos feridos, se sentiu jovem e estúpido.

— Eu não posso, Kinn. Eu me machuquei e causei danos, mesmo quando tentei fazer o bem. Acho que não há mais nada que eu possa fazer sobre isso. Nada, pelo menos, que não se volte contra mim, ou dê errado. — Explicou com pesar. Seu coração doía e batia como louco, mas não podia deixar que Kinn de novo o machucasse.

— Isso dói. —  O primeiro mafioso sussurrou parecendo derrotado, perdido nos seus próprios sentimentos.  — Mais do que você imagina.

Ter Kinn tão submisso daquela forma o deixava em pedaços. Alguém que era sempre tão imponente, agora parecia fraco demais, frágil demais. Nunca pensou que um dia pudesse amar tanto alguém como amava Kinn e era esse amor que ainda o fazia querer estar ali, com ele.

— Vem. — Porsche lhe estendeu a mão e o ajudou a se levantar do chão. — Vamos conversar. O que quer que você decida fazer a seguir, seu lugar não é aqui comigo, você sabe disso. Eu não sou do seu mundo e não acho que nossos sentimentos sejam fortes o suficiente para superar algo mais. —  A voz dele era irônica para esconder o medo que o afligia. — Não achei que você se ajoelharia.

— Eu costumava ser mais orgulhoso. — Kinn murmurou com tristeza.

Era a primeira vez que Porsche não dizia nada, não resmungava e não retrucava. Estava ali porque sabia que Kinn precisava de ajuda e por maior que fosse sua dor, ainda não conseguia ignorá-lo.

— Eu não sei o momento em que meu mundo caiu. — Dizer isso foi doloroso, a dor e a traição aos seus ideais se misturaram com sua vergonha já pesada. Ele deveria ter sabido, ele poderia ter sabido antes.

Porsche ainda não conseguia entender como tudo desmoronou. Kinn era distante, despercebido e frio. Todo o companheirismo que tinham parecia ter desaparecido como mágica.

Não era pelo trabalho, não era pelas famílias, mas talvez... só talvez, pudesse ser por seu pai.

Desde que Korn teve a saúde prejudicada a meses atrás, Kinn havia se transformado. Ele sequer sorria mais, sequer o procurava mais, sequer olhava em seus olhos.

— Eu fiz o meu melhor para cuidar de você. — Kinn interrompeu seus pensamentos. — Nós não deveríamos, ficar tão próximos. —  Ele pausou por um momento, até onde Porsche sabia, não tinham qualquer relação familiar que os impedissem de ficar juntos. — Ele me fez prometer que eu me afastaria de você. — Outra pausa. — Eu me preocupei com você, com seus sentimentos.

Red Lights [KinnPorsche Vol1]Onde histórias criam vida. Descubra agora