Prólogo

340 22 190
                                    

Eliza Thompson

É uma tarde de sábado e meu pai acaba de receber uma chamada de emergência, uma pessoa acaba de chegar na emergência com sinais de suicídio. Eu deveria sentir ódio, afinal, graças a essa pessoa agora teremos que interromper uma coisa que raramente acontece, um almoço entre pai e filha.

Meu pai é um ótimo pai, depois que a minha mãe cometeu um suicídio quando eu tinha apenas 5 anos, o meu pai foi o meu porto seguro. Depois de uns meses ele se formou em medicina. Desde então é raro termos um almoço já que ele está sempre salvando vidas. Eu ficava sob os cuidados das enfermeiras e seguranças do hospital.

No começo eu sentia ódio, mas depois eu vi que essas pessoas precisavam da ajuda do meu pai. E desde que eu comecei a tentar ver com outros olhos, tudo o que eu consigo sentir quando situações desse tipo acontece, é preocupação.

Agora estamos a toda velocidade na estrada rumo ao hospital. Sim, estamos, nós dois. Eu sempre vou para o hospital depois da escola, eu gosto de ir porque eu simplesmente me apaixonei por medicina, porque eu gosto de vir distrair e consolar crianças que sofreram perda ou que estão com alguma doença. Eu penso que as crianças são as que mais sofrem nesses casos hospitalares, elas são seres tão pequenos e indefesos. As crianças sentem mesmo quando os pacientes são os adultos, elas não entendem as situações e logo entram em desespero.

São nessas horas que eu entro em ação, as destraio e consolo fazendo brincadeiras e presentes com o dinheiro do meu próprio bolso. A verdade é que eu AMO crianças, e eu tenho muito prazer em ajudar ou a segurá-las no colo para acalmá-las quando os responsáveis não podem fazer isso.

Meu sonho é cursar medicina e trabalhar na ala infantil. Ou seja, quero ser pediatra.

Chegamos ao estacionamento do hospital quando meu pai sai correndo enquanto veste o jaleco branco. Não informaram ao meu pai o estado do paciente por isso tanta pressa. Já vou me preparando para destrair ou consolar responsáveis, ou até mesmo o paciente. Sempre que vejo o meu pai chamando os responsáveis para conversar do lado de fora do quarto e é nessa hora que eu dou o meu melhor.

Normalmente eu vou para o hospital com o meu pai para ver as crianças, mas vou tentar conversar com esse paciente. Vai ser a minha primeira vez conversando com um paciente adolescente. Bem, eu acho que é um adolescente.

Normalmente meu pai atende de  adolescentes a adultos. Mas eu particularmente prefiro as crianças, elas têm um espaço reservado no meu coração. Entro no hospital já cumprimentando a todos, a maioria dos funcionários  já me conhecem, eles me viram crescer aqui dentro.

- Boa tarde Veronica, em qual quarto o meu pai está atendendo? - pergunto a nova atendente do hospital.

- Boa tarde, o Senhor Thompson está no quarto 456. - Veronica responde depois checar a informação em um caderno.

- Obrigada. - digo e não espero a sua resposta, corro em direção ao elevador e subo para o 4° andar.

Como eu sei que é o quarto andar? Esse hospital tem 10 andares, sendo os dois primeiros para crianças, os outros dois para adolescentes e jovens e outros dois para adultos e idosos. Os outros dois foram separados como UTI neonatal e as salas de parto. O 9° andar tem academia e espaço para meditação e o 10° é um lugar restrito onde só funcionários podem ir, meu pai disse que lá tem funcionários descansando, comendo, tomando remédios entre outros.

Meus pensamentos se vão quando o elevador abre e ouço gritarias no 4° andar. Vou andando em direção a gritaria para saber o que está acontecendo e vejo o meu pai tentando acalmar uma senhorinha enquanto ela tenta se soltar de seus braços.

30 razões para viverOnde histórias criam vida. Descubra agora