2|Supermercado e fantasias

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Elizah Thompson

São seis da manhã e só agora eu fui perceber que uma tragédia aconteceu. Eu estou sem comida alguma em casa.

Normalmente eu vou com a Luci, nossa cozinheira, fazer compras no mercado. Mas Luci teve que sair da cidade por uns tempos para ficar com a mãe idosa, e desde então estamos esperando Luci chegar para reassumir o seu posto. Mas o que não percebemos é que um mês já havia se passado e que nós não fomos fazer compras.

Então agora aqui estou eu sentada no chão da minha cozinha tentando ligar para o meu pai para ver o que faremos agora. Eu estou sozinha em casa sem recurso algum para ir às compras a essa hora da manhã, e eu odeio fazer compras sozinha.

- Pai. - o chamo assim que ele atende ao telefone.

- Oi, princesa. O que houve? - meu pai fala num tom doce, como sempre.

- Eu estou sozinha em casa, eu estou com fome, a comida acabou, não tenho dinheiro e nem companhia para fazer compras. - choramingo.

- Eu tenho um cartão guardado, está no criado mudo do lado direito. Sabe a senha, não é? - meu pai pergunta.

- Sim, papai. É a data de nascimento da mamãe. - digo.

- Ótimo, agora eu tenho quer ir porque estou atendendo a um paciente e eu só parei para te atender. Mas não se preocupe, não é grave, ele vai ficar bem. - meu pai diz.

- Certo, tchau papai. - desligo.

Ótimo, consegui o dinheiro necessário para fazer compras, mas quem irá comigo? Meu pai provavelmente deve chegar bem depois do almoço, as empregadas estão todas de folga e mesmo se não estivessem elas não iriam, até porque não faz parte do trabalho delas.

E falando em trabalho, eu finalmente consegui o número do Henry. Deu muito trabalho, eu tive que ir ao hospital perguntar sobre os últimos pacientes do 4° andar, convencer a recepcionista a me dar a pasta com os documentos, pegar o telefone do responsável que é a avó, depois tive que conversar com a mesma por duas horas, sim DUAS HORAS. E por fim, consegui o número de Henry.

Preciso marcar com ele para prosseguimos com o plano, ainda faltam vinte e nove razões. Henry...

- Espere aí. - digo sozinha após chegar a lista. - O segundo item é ir ao supermercado vestidos de fantamas. Eu posso arrastar Henry comigo para o supermercado para fazermos compras! - exclamo animada.

Vamos lá Henry, me atenda porque temos compras para fazer, e melhor, vestidos de fantasma.

- Não sei quem você é mais já vou avisando que eu não tenho dinheiro para pagar sequestro de ninguém. - uma voz grossa e sonolenta diz assim que atende o telefone no terceiro toque.

Eu reconheço essa voz, Henry está de brincadeiras a essa hora da manhã.

- Oi, Henry! - sorrio mesmo que ele não possa ver.

- Ah... Elizabeth? - Henry pergunta confuso.

- Elizah. - o corrijo.

- Mesma coisa. - ele suspira.

Não, não é. Penso.

- Tanto faz, vamos cumprir o segundo item da lista agora. - informo.

- Por que eu aceitei fazer isso mesmo? - Henry reclama.

- Por que no fundo você quer viver e ser feliz. Agora levanta da cama, temos coisas a fazer. - ordeno.

- SÃO SEIS E MEIA DA MANHÃ, VOCÊ ESTÁ LOUCA? - Henry praticamente grita indignado.

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