4|Pulseiras da amizade

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Elizah Thompson

São oito da manhã e eu observo
Henry brincar com Emma de pique-pega no jardim aqui de casa. A cena é realmente linda de se ver, o que me dá mais vontade de ter uma irmãzinha e também trás toda saudade que eu sinto da minha. Sim eu tinha, só que ela sequer tinha nascido, quando a minha mãe se suicidou ela estava gravida de dois meses. Eu estava super empolgada já que eu sempre tive o desejo de ter uma irmã e eu sentia que era menina. Foi uma perda em dobro.

Apesar de todos os sacrifícios e desafios que Henry tem com Emma, ele tem uma grande sorte, e eu espero que ele saiba disso. Por mais que Emma sinta falta de um pai de verdade, ela sempre vai ser grata por tudo que Henry está fazendo por ela agora. E graças a ele, ela vai ter infinitas lembranças boas na memória quando for adulta, lembranças de um irmão pai que dá um banho em muitos homens que acham que duzentos reais de pensão é suficiente para sustentar a criança e a mãe junto.

Eu sei que é horrível, mas eu estou com muita inveja de Henry, não é uma inveja do tipo que se deseja o mal só porque não tem ou nunca vai ter, mas inveja do tipo triste que é feliz por tal pessoa ter o que você nunca vai ter. Eu estou feliz por Henry ter Emma, se não fosse por ela, ele não estaria aqui ainda. Logo que ele tivesse voltado do hospital ele poderia ter tentado suicídio de novo, mas ele viu que precisava ver Emma crescer primeiro.

E mesmo que quase impercetível, Emma faz muito bem a Henry e vice versa. Eles são bem mais felizes juntos, é a primeira vez que vejo henry logo cedo de manhã tão bem humorado. Quando fui buscar ele as sete ele estava só o pó da da rabiola e muito mau humorado, mas agora nesse exato momento as sete e dez da manhã eu estou vendo um Henry completamente diferente.

Henry acordou sorridente e fazendo piadas, seu apetite está bem maior e o brilho se faz presente em seu olhar, como no primeiro dia em que ele esteve aqui. É a primeira vez que o vejo sorrir desse jeito, tanto que só na hora do café eu pude notar que ele tem uma covinha no lado esquerdo. Pude reparar que no café da manhã Henry ficou me encarando algumas vezes, o mais impressionante é que mais uma vez eu não me senti desconfortável.

Henry tem esse poder de me fazer sorrir mais do que o normal, de fazer eu me sentir confortável e tranquila. Eu me sinto em paz quando estou com ele, e eu tenho a plena certeza de que ele sente o mesmo quando está comigo.

Acabei de lembrar que ainda não liguei os irrigadores giratórios então a grama está totalmente seca o que não é tão bom, de repente sinto uma ideia surgindo na minha mente. Henry e Emma estão brincando bem perto de um dos irrigadores, acho que vocês já entenderam a minha ideia, não é?

Aperto o botão para ligar os irrigadores, não demora nem dez segundos e os jatos de água invadem o jardim fazendo com que Emma solte um grito de empolgação, Henry olha para mim abismado e por fim vem correndo em minha direção.

De primeira eu não entendo mas depois vejo o seu sorriso maldoso enquanto se aproxima e começo a correr para o lado oposto do dele, mas foi tarde de mais, ele conseguiu me alcançar e me pegou no colo indo em direção aos irrigadores, definitivamente me molhar não estava nos meus planos então começo a me debater em seus braços, mas logicamente eu falhei miseravelmente na missão porque eu já estava sem forças de tanto rir.

Henry chega perto e eu consigo sentir jatos de água em meu rosto, por fim Henry me solta alegando que se Emma e eu não fugissemos dele ele iria nos jogar na piscina sem dó nem piedade. Segundos depois estávamos nós três correndo entre as águas dos irrigadores dando gargalhadas e sorrisos grandes de felicidade, com certeza é um momento que ficará marcado em minha memória para sempre, acho que ter irmãos é tipo assim.

Mas eu não iria querer ser irmã de um cara gostosão igual ao Henry.

Tomo um susto com o meu próprio pensamento, um susto tão grande que eu simplesmente paro de correr e em menos de um segundo Henry me pega no colo novamente. Oh Deus eu não tive nem tempo de raciocinar sobre mole que eu acabei de dar, a única coisa que eu percebi foi que eu estava sendo carregada como um saco de cimento e que fui arremessada para a água como uma bola de basquete em uma rede.

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