7|Nova música favorita

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Henry Adams

Acordo com barulho de vozes, muitas vozes. Algumas gritantes, outras calmas, algumas de suspiros, outras chorosas.

Eu não estou entendendo, tento abrir os olhos mas as luzes brancas são fortes demais, sinto meus olhos doerem. Mas aos poucos me forço a acostumar com as luzes, viro o meu rosto e a primeira coisa que eu vejo é ela.

Ela está me olhando pela vidraça do quarto, consigo ver o seu sorriso aumentar duas vezes mais, eu não consigo ouvir mas percebo pelos os seus gestos que ela está chamando alguém com muita empolgação. Pisco e a imagem que vejo é Elizah com Emma no colo e a minha avó ao seu lado, todas estão com sorrisos enormes e aliviados mas também com olhos inchados e vermelhos de choro. Tento sorrir para demonstrar que estou bem, mas me encomodo com um aparelho que está dentro da minha boca, acredito que seja um ventilador respiratório.

Minha atenção se volta para a janela quando Elizah bate, ela está segurando um papel que tem o meu nome escrito e envolta tem vários corações vermelhos, posso ver quatro pessoas desenhadas um pouco em baixo, estão em forma de palito. Só pode ser coisa de Emma.

Oh meu Deus, eu estou vivo. O cara lá de cima me deu mais uma chance, prometo não desperdiçar. Vou dar o melhor de mim para fazer essas três mulheres felizes, elas são as que mais me apoiam e fazem eu me sentir bem. Serei eternamente grato a elas.

Eu levo um susto quando sinto algo encostando em mim, um susto tão grande que os bip do aparelho cardíaco aumenta a frequência, não evito de arregalar os meus olhos, rolo os meus olhos pela sala e avisto cinco enfermeiros. Eu nunca vi tanto enfermeiro junto em toda a minha vida, e de onde esses filhotes de Jesus Cristo surgiram? Eu podia jurar que estava sozinho nessa sala.

Eles analisam sei lá o que em mim, anotam coisas nas quais eu não faço ideia do que se tratam e saem sem falar um piu. Assim, sem mais nem menos.

Ainda me sinto fraco, então me deixo levar pelo cansaço sabendo que agora estou seguro. Mas interrompo o meu descanso quando ouço o barulho da porta se abrir, eu não preciso de um espelho para saber que meus olhos estão brilhando, ver Elizah me trás uma ótima sensação de paz.

Tento me levantar mas ela rapidamente corre até mim me impedindo de sequer sentar na cama, ela disse que tenho que ficar deitado e de repouso até amanhã. Eu não sou louco de contrariá-la.

- Ouvi dizer pelos corredores que talvez amanhã você tenha alta, se você tiver terá que ir para a minha casa, você não tem escolha. - Elizah sorri.

Sorrio bem de leve o que a faz sorrir ainda mais, me sinto muito fraco para tentar dizer qualquer coisa.

Elizah se aproxima de mim e me da um abraço desajeitado visto que ainda estou deitado, mas bem apertado. Consigo sentir o cheiro de morango dos seus cabelos e o seu perfume adocicado que me lembro vagamente de ter visto a marca, o nome é Petit. Esse é o meu mais novo perfume favorito, Petit.

- Eu nunca mais, vou deixar você ir. - Elizah diz mas o som de sua voz sai abafada pois ainda está em meus braços.

Me permito fechar os olhos e somente aproveitar o momento, senti-la em meus braços, sentir o meu coração acelerar enquanto todas as lembranças do que já vivemos e as expectativas do que podemos viver juntos aparecem em minha mente tudo ao mesmo tempo, sinto o meu coração ficar quientinho. Eu preciso fazê-la gostar de mim.

- HENRY! - Emma abre a porta com toda a força que tem naqueles bracinhos magros. Outra onda de susto me invade e posso ouvir Elizah rir enquanto se afasta. - Eu senti a sua falta, irmão. - Emma se joga em cima de mim me abraçando, meu corpo todo começa a doer mas não deixo transparecer isso. Estou feliz demais por poder abraçar ela, não é uma dor que vai me impedir de fazer isso.

30 razões para viverOnde histórias criam vida. Descubra agora