Henry Adams
Estou destruído, a minha casa está destruída, a minha família está destruída, a minha vida está destruída.
Está tudo horrível e é tudo culpa do meu maldito progenitor. Mais uma vez o Senhor Adams chega bêbado em casa, toda vez que ele bebe ele fica agressivo. Toda vez que ele bebe, ele trás a morte da mamãe à tona, e como se não bastasse isso, ele ainda insiste em colocar a culpa em mim.
A verdade é que isso tudo é culpa dele.O dia era 26 de outubro quando estávamos eu e meus pais no carro, estávamos a caminho de casa para pegar a minha irmã na creche, estávamos felizes pois um dia atrás ela tinha completado três anos, eu não lembro qual foi o motivo mas eles começaram a brigar feiamente, eu nunca tinha visto eles brigarem assim. A minha mãe sempre foi do tipo calma e era por isso que as brigas nunca iam além de meras palavras rudes em um tom ácido e acusador, quase como um susurro, mas naquele dia eles começaram a gritar como se não houvesse amanhã. - realmente não teve - Era a minha mãe quem estava dirigindo naquele dia, eles estavam tão bravos que eu a ouvi dizer para que ele parar pois já estava passando mal, ouvi ele grunir um "Não me importo" foi quando ela se virou para ele intrigada e muito irritada, a atenção dela saiu do trânsito por um segundo, e como numa porcaria de uma passe de mágica, o caminhão de mudança atravessou a rodovia e estava vindo bem a nossa frente. Foi quando eu gritei "Caminhão" a minha mãe se assustou e girou o volante do carro como se um portal para o paraíso estivesse bem do lado. - bem, para ela foi - batemos no escosto da ponte e o corpo da minha mãe que era o único a estar sem cinto, foi arremessado para fora do carro sem dó, eu a vi cair no abismo das águas nada cristalinas do rio. Essa foi a última vez que a vi.
E o meu pai? Ele estava desacordado. Eu fiquei desesperado, e sai do carro na esperança de ver a minha mãe agarrada em algum lugar da ponte, porém não vi nada. E mesmo hoje, dois anos depois, nunca achamos o corpo e muito menos os acessórios e peças de roupas que ela estava usando no maldito dia.
Mas voltando a briga, o meu pai já chegou quebrando tudo alegando que a decoração da casa lembrava muito a mamãe, mentiroso. Mudamos a decoração bilhões de vezes já que todo mês ele inventa uma bebedeira e quebra a casa toda inclusive eu.
Toda vez nós brigamos pelo mesmo motivo, é sempre ele querendo querendo bater na minha irmã porque na cabeça dele o aniversário do dia anterior a morte da minha mãe, deu azar e por isso aconteceu o acidente. Mas é lógico, eu nunca deixaria que ele machucasse a minha irmã então sempre parto para cima falando para a minha avó subir com Emma, minha irmã.
Nós trocamos socos e pontapés, palavras rudes e gritos de dor, desprezo e desaforos, xingamentos e acusações, ódio e vingança. Mas nada trás a minha mãe de volta, nada faz ela atravessar por aquela porta e dizer para pararmos de brigar como sempre fez com a sua doce voz pacificadora.
Depois de meu pai quebrar a casa, quebrar o meu corpo e o meu psicológico, ele se cansa e vai para a cozinha. Essa é a deixa que eu tenho para pegar Emma e vazar daquele inferno, toda vez é a mesma coisa.
Mas dessa vez algo mudou, dessa vez ele escolheu me machucar com as palavras. Suas palavras tem o poder de perfurar a minha pele e ossos até atingir em cheio o meu coração, e despedaça-lo em mil pedaços, mil pedaços são as mil palavras maldosas que saem de sua boca. As mesmas que insistem em aparecer todas de uma só vez na madrugada, me fazendo reviver toda a dor e impedindo que eu tenha um sono tranquilo. As mesmas palavras que me sufocam mais do que suas mãos em volta do meu pescoço, as mesmas palavras que doem mais do que os socos no estômago que já recebi de meu progenitor.
As mesmas palavras que podem ser ouvidas através das paredes fazendo com que a minha irmã chore e grite por uma trégua, as mesmas palavras que fazem querer me atirar de um penhasco e nunca mais me levantar, nunca mais acordar. As mesmas palavras que me fazem querer vomitar de nojo de mim mesmo, que me fazem duvidar de quem eu sou, sendo que foram elas mesmas que fizeram me perder dentro de mim mesmo, e que graças a elas eu já não sei quem sou. As palavras que eu queria gritar dizendo que eu posso ser melhor do que isso, que eu posso ser totalmente o aposto. Mas na verdade eu não tenho coragem então só ouço de cabeça baixa absorvendo todo o desprezo e decepcão que vem de brinde, e aceitando de que eu realmente sou tudo o que me foi acusado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
30 razões para viver
RomanceElizah Thompson é uma garota de bem com a vida, mas não pense que foi sempre assim, ela tem um terrível passado que venceu graças ao apoio que recebeu de seu pai que a criou sozinho desde a morte de sua mãe. Mas em uma situação inusitada, ela de dep...