10|Pão Caseiro

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Henry Adams

Estou sentado no sofá com Emma em meu colo, ela está dormindo como um anjo. Nesses últimos dias o sono dela está mais tranquilo do que já foi em anos, realmente mudar um pouco os ares faz bem.

Estava pensando sobre ontem, e caramba como foi legal. Nós fomos ao rio dos desejos que eu tenho a certeza de que nós vamos lá mais vezes, e quem sabe levar os nossos filhos? O meu sonho é ser pai, fazer tudo o que meu pai não fez e ainda mais um pouco, imagina ter um mini você te dando o primeiro sorriso banguela, falando a primeira palavra que você tanto queria, engatinhando pela primeira vez rumo aos seus braços, andando pela primeira vez até você, dormindo tranquilo em seu colo enquanto você canta para ele, ou quando ele corre pela casa com o seu celular, quando ele aprende a andar de bicicleta e milhares de outras coisas.

Eu não precisei pensar muito no que eu iria escrever no papel, eu simplesmente pedi o mais profundo e desesperado desejo do meu coração.

Eu estou com muitas esperanças e expectativas novas para o futuro, isso me dá bastante medo. Medo de dar tudo errado, medo de não conseguir cumprir nada por incompetência, medo de fazer alguém sofrer... querendo ou não, a minha mente ainda é escrava dos pensamentos ruins e mesmo eu estando determinado a superar tudo isso, eu infelizmente não paro de pensar em coisas negativas e suicidas. É como se a minha mente fosse um aparelho que fica voltando sempre na mesma a fita, e mesmo que venham fitas novas, a fita antiga ainda é a sua favorita.

Odeio pensar sobre o quanto sou depressivo, isso me deixar pior do que já estou, mas droga! É tão automático que eu não consigo evitar, como eu queria poder controlar esses pensamentos idiotas que insistem em me corroer, é como beber um veneno que demora minutos para fazer o seu trabalho completo mas que enquanto ele não faz de fato, você sofre muito, mas ao invés de minutos para mim são anos. A anos que eu bebi a droga desse veneno e fico me martilizando sempre pelas mesmas coisas, mas o veneno nunca conseguiu me matar, a não ser a minha pobre e exausta alma.

Droga, eu preciso saber lidar com as situações sem ter que correr para os braços de Elizah, até porque, como eu vou fazer quando ela não estiver mais aqui?

Espera, tem a possibilidade de eu perder ela a qualquer momento como foi com a minha mãe? Oh Céus, faz horas que Elizah saiu de casa sozinha alegando que iria fazer uma surpresa e não voltou mais. Que merda!

Será que... não, ela está bem, tem que estar. Eu não sei mais viver sem ela, só de pensar que um dia eu poderei passar por mais um luto, e ainda pela garota que eu gosto me faz querer cometer um suicídio só para eu morrer primeiro e não ter a infelicidade de perder mais alguém.

Levanto do sofá tomando bastante cuidado para não acordar Emma. Estou ligando para Elizah mas ela não atende, está caindo na caixa postal direto.

Quando ela chegar em casa eu nunca mais a deixo sair sozinha assim, a partir de hoje irei sempre acompanhá-la não importa para onde, não posso perde-la. Isso é ser muito abusivo e controlador? Deus me livre ser como o meu pai era com minha mãe, prefiro morrer.

Estou andando de um lado para o outro a uns quinze minutos, talvez esse espaço esteja um pouco mais fundo que o resto da casa por causa disso. Devo estar parecendo um psicopata louco que acaba de ser internado.

A maçaneta da porta faz um barulho, parece que alguém está tentando abri-la para entrar. A porta se abre e vejo cabelos castanhos escuros bagunçados pelo vento, adentrar a sala de estar com sacolas, deve ter ido as compras.

Caramba que alívio que foi ao ver Liz aparecer, foi como se todas as pedras que me perfuravam sumissem e todas as feridas que me foram causadas cicatrizassem como em um passe de mágica incrível.

30 razões para viverOnde histórias criam vida. Descubra agora