1 - Infância

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Um menino de seis anos entrou caminhando de forma lenta no quarto e viu sua mãe fazer sinal para que ele fizesse silêncio mas com um doce sorriso nos lábios.

Lan XiChen correspondeu ao sorriso com apenas um pensamento em mente: sua mãe era o ser mais lindo que existia. Ela parecia um anjo em vários aspectos. A pele clara que parecia resplandecer o sol, as asas branquinhas, os olhos dourados e seu sorriso sempre bondoso e gentil, mesclado ao olhar de puro cuidado.

As enormes asas brancas de Lan Sury desciam pelas laterais da cama e quase tocavam o chão. E XiChen se sentou com cuidado na beirada da cama, o pequeno Huan havia herdado a cor dos olhos de sua doce mãe e ao se aproximar e ver o seu irmãozinho mamando, percebeu que ele também.

O pequeno alfa se se aproximou devagarinho, tomando cuidado para não se sentar sobre suas asas também brancas com pequeninos floquinhos pretos, como uma coruja das neves, animal esse que era o seu dom de se transformar. Ele ainda estava aprendendo a controlar a transformação, pois era difícil voltar a si, sem deixar a consciência animal lhe levar por dias a fio.

 Ele ainda estava aprendendo a controlar a transformação, pois era difícil voltar a si, sem deixar a consciência animal lhe levar por dias a fio

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_Huan meu querido, olhe seu irmão.
O garotinho estendeu a mão e a passou de forma delicada sobre o bracinho da criança com um sorriso na face e uma expressão serena, levando a mão em seguida ao rosto da mãe, lhe fazendo carinho ali, mas logo ele recolheu a mão e encarou Sury com uma expressão de choro.

_Mamãe...

Ela apenas sorriu. Sabia que o seu pequenino sentiria no momento que a tocasse devido ao dom do seu Clã.

A alma de Lan Sury estava rachando desde o momento que ela, ainda grávida de seu segundo filho, soube da morte de seu esposo sem poder fazer absolutamente nada por não ser uma Lan de nascimento.

O amor que ela tinha e tem por Qingheng-Jun, seu esposo e antigo soberano de GusuLan, a fizeram entrar em sofrimento com sua perda, foi como ser rasgada em duas de modo abrupto com a perda repentina dele. Ela ainda se lembrava do dia que recebera a notícia. Por mais que tentasse desviar os pensamentos, eles sempre lhe enchiam a mente.

⌛⌛ Flashback ⌛⌛

Lan Sury estava diante de um jardim acariciando sua barriga de quase cinco meses de gravidez quando viu o seu cunhado, Lan QiRen se aproximar devagar. Ela sentiu a hesitação do homem em vir até ela. Ele não tinha mais a postura da qual ela havia se habituado. Sempre sério, cumpridor dos preceitos e correto da mesma maneira que seu irmão era. Estava cabisbaixo e receoso, o que a fez franzir o cenho.

_Lan Sury...

_Diga meu cunhado. – respondeu ela com um sorriso sereno ainda acariciando a barriga.

QiRen se aproximou mais e se abaixou, lhe segurando a mão esquerda, o que a surpreendeu. Seu cunhado não era de tocá-la daquela forma. Não quando seu marido não estava presente pelo menos. Ela não era de dar essas liberdades à ele e nem muito menos ele era de tomá-las.

_Preciso lhe contar algo. Qingheng-Jun se foi... – ele viu a lágrima descer pesada pela face da cunhada.

_Como se foi? – perguntou com apenas um fio de voz.

_Ele estava em Qinghe auxiliando MingJue. Sabe que em algumas ocasiões apenas opostos podem se deter. Ele tentava deter os cadáveres ferozes de Wei Hui. Ele já estava fraco demais por reparar a alma da ômega de MingJue que havia sido fragmentada por Hui.

_Hui era amigo de meu marido... Eles era inseparáveis, quase irmãos. Ele jamais...

_Pois fez! – disse QiRen com ira, a interrompendo. – Ambos estão mortos.

A mulher sentiu algo rachar dentro dela. A perda do marido relacionada a dor da traição de um amigo, do melhor amigo de seu marido no caso. Nem QiRen era tão próximo de Qingheng-Jun quanto Hui era.

Sury chorou, apertando os dedos de QiRen e ele a encarava pálido, vendo a alma dela rachando de pura tristeza e dor e temeu, pela ômega, o que fez uma ponta de desespero brotar no coração dele. Não esperava que a notícia fizesse aquilo com ela. Não esperava que a dor da notícia da morte do irmão fosse fazer sua doce cunhada se rasgar de dentro pra fora.

Ele a estabilizou como podia no momento. Não podia perdê-la, já havia perdido seu irmão e não poderia perder mais alguém de sua família no mesmo dia.

QiRen vinha fazendo de tudo desde então para que a ômega não morresse. Mas única coisa que fez Sury querer aguentar e se manter firme foram seus filhos. O que gerava e o pequeno Huan. Contudo, cada dia que se passava, a tristeza a consumia mais e mais e mais e mais ela sangrava por suas rachaduras, caindo por cada uma delas...

⌛⌛⌛⌛⌛

_Mamãe... Você está...

_Estou morrendo A-Huan. Eu não posso mais mentir para você. Não quando você pode sentir. Já fez seis anos e despertou seu dom.

Ela olhou para o colo, para o pequenino que ainda mamava a olhando, segurando uma mecha de seu cabelo. Sury passou a mão sobre uma das asas do bebê, sentindo uma delicada penugem que mais tarde daria lugar à penas.

Lan Huan subiu na cama e sentiu a mãe passar o braço a volta dele e a abraçou chorando.

_Eu te amo meu querido. Assim como amo A-Zhan. Eu não sei quanto tempo ficarei aqui. E também sei que seu tio não é como seu pai. Ele tenta ser maleável, mas é rígido demais. Então me prometa que vai cuidar, proteger e amar seu irmão.

_Eu prometo. Mamãe, posso ficar aqui com vocês? Assim? Abraçadinho?

_Pelo tempo que quiser querido e que eu puder permitir querido.

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Sei que estamos apenas começando, mas alguém já tem teorias? 😏
Se sim, escreve aí nos comentários. E se tiver curtido o capítulo, deixa uma estrelinha. Beijos na testa.

Ninguém além de você (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora