Capítulo 7

85 2 0
                                    

• Kiara narrando
   Ficamos assistindo filmes de terror e sinceramente, eu e a Cléo somos as mais corajosas. A Sarah cobriu os olhos com as mãos praticamente o filme todo, nem assistiu a melhor parte do filme. Detalhe, não terminamos de ver o filme ainda.
    Quando tem alguma cena com morte, gritos, sustos para o público que assiste o filme, ela fala:
- Ai porra que susto. Kiara, tira essa bosta desse filme, não aguento mais esses sustos de repente, pessoas morrendo, sangue... Tira logo vai.
- Ai Sarah, aguenta mais um pouquinho.
- Já está acabando - diz Cléo.
- Eu preferia mil vezes estar assistindo um filme de romance - Sarah entoou.
- Credo - diz Cléo - Brega. Filmes de romance são tão cheios de blá, blá, blá. Eu te amo, nhe, nhe, nhe. Eu te amo mais do que tudo, nhe, nhe,  nhe.
- Mas é lindo. Meu sonho viver um romance desses de filmes clichês - Sarah falou.
- Sarah, me poupe - digo - Você já vive um desses romances.
- Jura? - ela falou.
- Sarah, você namora um cara incrível, foi embora de casa pra ficar com ele, o John B pisa em qualquer um que tente quebrar uma unha sua, beijou na chuva depois de uma declaração de amor, qualquer perrengue que você passe ou que o John B enfrente, vocês estão juntos, um pelo outro... O que você quer mais?
- Verdade, falando nele... Vou ligar pra saber como ele está. Já volto - diz ela.
- Essa Sarah Cameron - diz Cléo sorrindo e balançando a cabeça.
  De repente escuto o meu celular tocando. Era o JJ. Pausei o filme para atendê-lo.
- Oi - digo atendendo a chamada.
- Oi - ele falou - O que tá fazendo?
- Assistindo filme, com as meninas. E você?
- Tô na casa do John B. Eu quero te ver, posso ir aí?
- A gente se viu não tem nem três horas, JJ.
- E daí? Tô com saudades já. Posso ir aí ou não?
- Pode, mas chama os meninos também, as meninas estão aqui em casa.
- Beleza. Vou levar cerveja.
- É festa agora, JJ? - perguntou Cléo, se aproximando do celular.
- Se vocês estiverem afim, pode ser - JJ falou.
- Vem logo. Traz mais uma daquela que a gente estava fumando hoje, por favor.
- Tá bom, maconheira. Tchau. Vejo você daqui a pouco, beijo.
- Maconheira é o caralho kkkkkk. Beijo, tchau - digo e ele ri, em seguida desligo a chamada.
- Olha só, você e o JJ chapados juntos não pode ser uma boa ideia - Sarah opinou.
- Porque?
- Sei lá - Sarah disse - Quer trair seu namorado de novo?
- Nada a ver, eu já fiquei chapada com o JJ várias vezes e não foi por isso que a gente começou a se pegar. E outra que eu não vou ficar tão chapada assim né.
- Kiara, você pegou o JJ sóbria - Cléo falou.
- Meninas, por favor.
- Tá bom, concordo que estamos pegando pesado contigo. Você namora e essa pessoa não é o JJ - Cléo falou.
- Verdade - Sarah falou - Desculpa a gente, Kie.
- Você está certa, Kiara - Cléo concordou - Me desculpa.
- Tudo bem...
- Ai pra quê ficar falando tanto sobre o JJ ? - Cléo entoou - Pra quê? Vamos mudar a conversa. Sarah, vai fazer faculdade do que?
- Medicina Veterinária - Sarah respondeu.
- Ai que fofa - digo - E você Cléo?
- Eu não faço ideia, trabalhei por muito tempo com o Terence e acabou que nem pensei muito nisso. Mas sei que ainda tenho tempo pra descobrir. E você Kie? O que quer estudar ?- Cléo perguntou.
- Ainda estou em dúvida. Acho que quero ser bióloga marinha ou talvez eu siga o desejo da Anna, faça uma facul de medicina.
- Não. Você tem que estudar o que você gosta. Não importa o que a sua mãe pensa nesse quesito - diz Cléo.
- Verdade, Kiara - Sarah concordou - Não deixe a Anna decidir a sua vida. Eu não deixei o Ward decidir a minha.
- Sarah, posso te fazer uma pergunta? Não tem nada a ver sobre o que estamos conversando agora, mas eu quero saber.
- Claro - ela falou - Pergunte o que quiser.
- Como era a sua relação com o Rafe antes de você virar pogue, antes do Ward te expulsar de casa, antes de você começar a namorar o John B?
- Bom, eu e o Rafe até que éramos bem unidos na infância. Até os meus oito anos de idade éramos muito amigos, parecia até uma família normal. Mas quando eu fiz nove anos e ele doze, apesar de três anos de diferença, fazemos aniversário no mesmo dia. No dia do nosso aniversário o Ward e todos nós esquecemos que era o aniversário dele, Rafe. Mas lembramos do meu. E nós saímos pra um parque de diversões, fomos para as Bahamas e o Rafe não disse nada, só ficou com cara de nojo o dia inteiro. Aí, quando chegamos em casa o Ward foi brigar com ele pelo ocorrido e o Rafe contou que haviam esquecido o aniversário dele. O Ward deu os parabéns pra ele e o mandou ir dormir. Claro que como qualquer criança o Rafe ficou arrasado, porque no meu aniversário me deram atenção, me levaram pra sair, me deram presentes, etc. Enquanto no dele, só recebeu os parabéns porque ele mesmo lembrou o pai do próprio aniversário. E a partir desse dia e dias em que ele se sentia desprezado pelo Ward, a nossa relação foi mudando cada vez mais. Quando notei, já não tínhamos a boa relação entre irmãos como era antes - contou Sarah.
- Nossa - falei chocada.
- Por essa ninguém esperava - diz Cléo incrédula - E a Wheezie? Como era a relação dela com você e o Rafe?
- Bom, a Wheezie era o neném da minha mãe. Ela cuidava da Wheezie como se fosse uma bonequinha de porcelana. Eu lembro de quando a Wheezie tinha três anos e eu seis, observava a minha mãe colocando ela pra dormir. Eu e o Rafe éramos completamente apegados pela Wheezie, o Rafe principalmente. Minhas amigas de infância iam em casa e queriam pegar a Wheezie no colo, mas o Rafe morria de ciúmes dela.
- Eu lembro disso - digo -  Eu era uma das amigas da Sarah.
-  Sim, éramos grudadas. Ainda somos - diz Sarah - Ele não queria que ninguém que não fosse da família ficasse de grude com a irmã caçula e até hoje percebe-se que se ele ama alguém de verdade, que não seja o Ward. Essa pessoa é a Wheezie. Eles são muito próximos.
- Coitada da Wheezie - digo.
- Kiara! - Cléo me reprovou - Tá bom, que o Rafe é insuportável, mas finalmente descobrimos que ele ama alguém de verdade, que é a irmã caçula.
- Ah, tudo bem. O Rafe é meio chatinho as vezes - Sarah concordou comigo.
- As vezes? - digo - Tá bom, parei.
  De repente ouvimos o som da campainha.
- Só pode ser os meninos - diz Cléo.
- Kiara! - gritou John B, quase derrubando a porta da frente.
- Já vou, merda - digo abrindo a porta - Que desespero é esse garoto?
- A polícia né - diz JJ entrando na minha casa com os garotos - Por pouco a gente não vai pra delegacia.
- Por que? - perguntou Sarah - O que vocês fizeram dessa vez?
- Não me diga que roubaram um carro - diz Cléo.
- O que?
- Dois meses depois de você viajar, o JJ e o John B roubaram um carro da polícia - diz Cléo, e eu quase tive um treco.
- Mentira da porra - diz JJ.
- Tô zoando, Kiara - diz Cléo.
- Bom, nós sabemos que isso não é impossível de acontecer - diz Pope, e depois, cumprimentando a Cléo com um beijo.
- Não mesmo - entoou Sarah.
- Gente, o que aconteceu de verdade? - perguntei curiosa.
- O JJ estava com maconha e a gente teve que vir depressa porque a polícia está bem ali na esquina - John B explicou.
- Agora sim, isso faz muito mais sentido - digo.
- Isso sim, soa familiar não é mesmo? - diz JJ sorrindo.
- Com certeza - concordei sorrindo também.
- Toma aqui, o que a senhorita me pediu - diz ele me entregando um baseado.
- Valeu mesmo.
- Se a Anna descobrir... Nem te conheço - JJ emitiu.
- Óbvio - falei.
- Enfim, a cumplicidade desses dois - entoou John B.
- Sempre - JJ emitiu e em seguida piscou pra mim, e eu pisquei de volta.
- Vou lá pra varanda - digo - Vocês vem?
- Cla... - John B tentou dizer algo mas Sarah o impediu.
- Não, ninguém vai não, só o JJ. Não é mesmo galera? - Sarah falou.
- É sim - diz Cléo.
- Podem ir vocês - Pope emitiu.
- Beleza - digo.

Kiara e JJ Maybank - O Romance Onde histórias criam vida. Descubra agora