Capítulo 02

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Província: Áreas ou regiões administrativas urbanas de uma cidade; Pequena-Cidade; Área ou região fora da cidade.

Chococo: Torta de chocolate com coco; Pode ser servida em taças ou pedaços.

Fazenda: Áreas rurais de uma cidade, de propriedade privada, independente do tamanho.

Educação secundária: Etapa obrigatória da educação em Reilarand; Realizado dos 06 aos 17 anos.

Faculdade: Curso escolhido para realizar a Educação Terciária.

☆☆☆☆☆☆☆

Entrei no Restaurante Água Na Boca com minha cabeça cheia de pensamentos.

O que eu estava fazendo? Eu não deveria estar ali. Por que encontrei aqueles documentos? Por que liguei para o número que estava em um dos cartões que achei, falei com uma mulher que desejava encontrar com um tal de Antonio Guimarães? O que deu em mim?

Nunca deveria ter entrado no quarto dos meus pais sem permissão. Nunca deveria ter encontrado aquela caixa. Nunca deveria ter reparado naqueles documentos. Nunca deveria ter ligado para um número desconhecido e marcado um encontro com ele.

Passei pelas portas duplas do restaurante, segurando a bolsa pendurada em meu ombro com firmeza. Deveria voltar para casa, lugar de onde nunca deveria ter saído. Mas, minha curiosidade estava sendo mais forte. Ainda assim, a parte racional do meu cérebro estava funcionando, fazendo com que eu me indagasse sobre quem poderia ser realmente o Antonio. E se for uma armadilha? Se for uma daquelas pessoas que promete inúmeras coisas (como trabalho, por exemplo), mas estava fazendo contrabando humano? Se ele for um psicopata? E se...

Não, Alice! Não pense assim! Me repreendi em pensamento.

Algo que eu aprendi ao longo de minha vida, lendo e ouvindo tudo ao meu redor, era que nunca, jamais, em hipótese alguma, deveríamos marcar um encontro com desconhecido em lugares isolados, com poucas pessoas. Por isso, pedi a mulher, talvez secretária dele, para marcar com o tal Antonio no Restaurante Água Na Boca. Era pequeno, mas movimentado na província Beneide.

Observei atentamente cada um dos clientes, procurando por um homem de terno preto e gravata vermelha. O que não deveria ser difícil de encontrar. Afinal, a maioria das pessoas no restaurante estava usando roupas comuns. Ninguém usava terno e gravata naquele lugar. Ele não estava ali. Deveria ir embora. Era um sinal. Eu só precisava dar meia volta, sair do restaurante e fingir que nunca encontrei aqueles documentos, nem que procurei por um homem desconhecido. E torcer para não encontrar nenhum conhecido no meu caminho de volta para casa (que havia sido bem sucedido na ida ao restaurante).

Decidida a esquecer o que aconteceu, dei meia volta. Porém, antes que eu desse o primeiro passo para sair daquele ambiente, ouvi uma voz desconhecida chamar pelo meu nome, próxima de mim.

— Alice.

Engoli em seco e meu coração bateu mais forte apenas com a possibilidade de que muitas coisas poderiam acontecer. Nenhuma delas era agradável. Virei na direção da voz, vendo o homem que eu procurava. Cabelos castanhos, com alguns fios brancos, barba por fazer, terno escuro e gravata vermelha. Com um sorriso enorme no rosto. Deveria ter uns 40 anos. Ele se aproximou de mim, me envolvendo em um abraço.

Quem era esse homem? Por que estava me abraçando? Estava totalmente envergonhada com sua atitude e desconfortável. Qual foi a última vez que recebi um abraço? Acho que no Natal, dos meus avós, tia Pat, tio Rick, Nanda e Dudu.

A Herança - Livro 01 Da Trilogia "Mudança De Vida" [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora