Capítulo 1

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Ola espero que tenham lembrado que hoje temos atualização, eu espero de todo coração que gostem dessa minha história, estou fazendo ela com todo amor do mundo.

Sejam bem vindos e no leitura, não esqueçam de deixar a sua estrelinha e comentário, é muito importante para engajamento da fic além de deixar essa autora feliz, é isso beijos.

Os primeiros raios de sol ainda estavam surgindo quando levantei, quente e brilhante no céu me proporcionou um pouco de conforto naquela manhã, mesmo com os dedos doloridos e sempre a constante fraqueza nas pernas, e a inegável sensação de que aquele dia poderia ser meu último, mostrei o meu melhor sorriso olhando para o céu, o dia já havia começado tempestuoso como estava sendo à longo dez anos.
 
Avistei a porta da padaria a alguns metros, estava velha e precisava de uma mão de tintura urgente, mesmo assim continuava sendo um dos melhores estabelecimentos da vila comparado aos casebres decaídos dos nossos vizinhos, estava carregando duas sacas de trigo em um dos ombros enquanto tinha um cesto em outro, empurrei a porta com o quadril, as mãos ocupadas dificultaram um acesso que outrora era fácil a maçaneta, mesmo assim forçando um pouco ela acabava cedendo.

As sacas eram pequenas apesar de pesadas e eu temia não conseguir fazer sequer uma dúzia de fornadas de pães, mas talvez fosse o suficiente para garantir pelo menos uma pequena reposição  pela manhã e com muita sorte o jantar, meu pai entrou logo depois, com alguns poucos ovos do galinheiro seus olhos demonstrando o tempo todo a dúvida “faço pães para vender, ou o café da manhã das crianças?” Praticamente consegui ouvir seu pensamento, porque eu tinha a mesma dúvidas todas as manhãs.
 
Era como tirar do almoço para sobrar na janta.

— Pode fazer omelete para eles pai, sobrou um pouco de ontem, acho que deve ser o suficiente. — ele piscou algumas vezes apertando os lábios quando guardou os ovos nos bolsos afim de levar para casa.
 
— E você? Não comeu nada ainda. — ele murmurou com as mãos trêmulas, meu estômago roncou como se houvesse sido conjurado e eu lhe retornei um sorriso tranquilizador.
 
— Não se preocupe, irei cuidar de tudo por hoje, pode ir para casa, Hyujin deve estar com fome. — ele olhou de mim para o forno, então para a rua e para mim outra vez, sua garganta oscilou mas ele apenas caminhou até a porta e saiu.
 
Prendi a respiração sentindo que poderia chorar, minha barriga doía, não porque estava sem comer desde cedo, mas porque estava sem comer desde o dia anterior, minhas pernas fracas precisavam de um esforço a mais para me manter de pé e eu sentia suor nas têmporas pelo mínimo de esforço que fosse.
 
— Vamos Taehyung, talvez você tenha um pouco mais de sorte hoje, só um pouco. — murmurei para mim mesmo, sofrendo pela força que era necessária para sovar a massa.
 
Era preciso de uma força considerável até mesmo para obter uma massa lisa e elástica, amassar, esticar, dobrar, amassar, esticar virar... O tempo passou rápido até que eu terminasse a primeira fornada do dia, minha cabeça não reunia poder o suficiente para pensar em nada que não fosse a sensação de estar sendo devorado pelo próprio estômago, eram nove horas da manhã e nenhum cliente sequer fez menção de vir.
 
Me sentei na bancada, tentando esconder a tremedeira e o suor, respirei fundo até ouvir o som do sino tilintar como uma benção, imediatamente levantei do lugar o que talvez não tenha sido uma boa ideia, num segundo eu estava de pé e de repente não conseguia ver ou ouvir ou sequer ter o controle do meu corpo, talvez eu tenha caído e desmaiado por alguns segundos ou minutos, mas quando abri os olhos havia um rapaz, eu não o reconhecia, talvez não fosse da vila.
 
— Ei, você está bem? — ouvi sua voz com um eco distante, reverberando na minha cabeça que doía alguns tons a mais assim que retomava consciência.
 
Tentei falar, mas minha boca sequer se movia e os sons que saiam eram horríveis, então parei de tentar até sentir que estivesse um pouco melhor, o rapaz até então desconhecido sentou meu corpo inerde em um dos banquinhos altos e talvez eu fosse muito magro considerando a incrível facilidade que ele teve em me erguer.
 
Senti algo gelado nos lábios, água, virei o rosto, se eu tomar água de barriga vazia poderia ter o triste fim de vomitar as tripas e não era assim que eu queria morrer.
 
Ele deu leves batidinhas em meu rosto e foi assim nesses minutos agonizantes que retornei a consciência sentindo como convite uma dor de cabeça afiada cutucando meu cérebro sem pena.
 
— Você está bem? Ei, fale alguma coisa por favor. — ele tinha uma voz suave e calma, foi a primeira coisa que prestei atenção quando meus ouvidos entupidos voltaram a ouvir, um cheiro almiscarado e confortável, concordei com a cabeça algumas vezes, apertando os olhos para afastar a dor.
 
— Estou bem, me perdoe.
 
— Não peça desculpas, tome, coma isso, você está muito pálido. — ele me entregou um embrulho com uma enorme fatia de bolo dentro, com glacê, chantilly e todas as outras coisas deliciosas que eu sequer tive o sonho de experimentar em algum momento da vida.
 
Quase recusei, mas eu estava com tanta fome que não tive coragem.
 
Engoli cada pedacinho com desespero, meu corpo implorando por mais mesmo que estivesse mastigando, o rapaz ainda a minha frente me encarando com uns grandes olhos negros que por alguns segundos de concentração eu tive a impressão de conhecer.
 
— Devagar, você vai engasgar desse jeito, hun? Coma devagar. — eu não sei porque, mas o obedeci, saboreei o bolo com mais calma, aproveitando cada centímetro de doçura. — Isso, assim mesmo.
 
Quase sorri com o seu elogio, mas julguei que seria falta de educação abrir a boca entupida como estava, sem contar que seria muito estranho.
 
Ele me estendeu um cantil pequeno de água assim que eu acabei de lamber o depósito em que um dia um bolo extremamente delicioso existiu.
 
— Melhor? — concordei. — Você pode me atender agora?
 
Quase engasguei com a água, abrindo enfim um sorriso sem graça quando senti uma queimação nas bochechas. Droga!
 
— Sim, me desculpe, desculpe. — o fiz várias reverências até sentir que era o suficiente, ele no entanto, apenas negou com a cabeça a quantidade de vezes que eu me curvava.
 
— Pare com isso. — sibilou, os olhos de corça brilhando negros na luz do sol assim como os cabelos escorridos para trás, só agora eu conseguia me dar conta de como ele era incrivelmente lindo.
 
— Sim, me perdoe novamente, o que o senhor deseja? — perguntei, ainda sentindo uma vergonha descomunal ao lembrar dos minutos anteriores e a leve sensação fantasmas das suas mãos na minha cintura.
 
— Bolo de nata. — ele disse, um djavu arrepiou as minhas costas, ele me lembrava aquela senhora.
 
— C-claro. — eu me virei ansioso, com a imaginação patética de que aquele dia glorioso poderia se repetir e eu ganhar dinheiro mole novamente.
 
Mas eu só o entreguei as fatias de bolo, ele sorriu enrugando os olhos embora não fosse um sorriso que chegasse até os olhos, mostrou os dentes brancos e alinhados presos numa gengiva vermelha e brilhosa, muitos detalhes Taehyung, você está encarando demais.
 
Baixei a cabeça imediatamente, ele puxou algumas notas e me entregou, infelizmente aquele dia não se repetiu mas eu ganhei um pouco mais do que a quantidade de bolo exigia, ele piscou um dos olhos grandes e foi embora.
 
🌙
 
Quando voltei para casa, com nada mais do que aquele homem havia me dado e alguns outros que tive sorte de vender, meu pai estava sentado na poltrona surrada na sala encarando a lareira, o ambiente estava frio apesar do fogo, havia anos que eu não sentia calor, anos que meu próprio corpo não sabia o que era conforto, meu pai estava com as duas mãos diante o rosto, não consegui não me preocupar, soltei a sacola das sobras de pães e caminhei até ele.
 
— Pai? O que houve? — ele não me olhou quando disse:
 
— O hyun está doente. — foi simples, mas cortou meu peito como uma faca, já havia alguns dias que ele estava dando sinais de fraqueza, fiz tudo o que pude para evitar, mas como parece não foi possível.
 
— Ah não...
 
— Bium acordou mais cedo para comer os ovos que eu preparei, mas o hyujin demorou para descer, quando fui dar uma olhada, ele estava tremendo em febre. — ele disse, contive o impulso de ir até meu irmão ver como ele estava.
 
Mas pensar sobre o que deveríamos fazer sobre isso era mais sábio... Mas, não tínhamos dinheiro sequer para uma consulta, se descobrirmos o que ele tem, precisaríamos de dinheiro para o tratamento..
 
— Pai... — tentei, mais como uma suplica.
 
— Eu não sei mais o que fazer, Taehyung, estou tão cansado. — os lábios de meu pai tremeram e eu nunca mais havia o visto chorar desde a morte de minha madrasta.
 
Provavelmente o fato de meu irmão estar doente lhe trouxesse fortes lembranças do passado, a morte de Sooya nunca foi uma das questões que ele gostava de tratar, eu mesmo com 10 anos na época nunca soube o que de fato aconteceu, era um dos fatores que eu gostava de permanecer neutro, nunca jamais o forçaria a contar.
 
— Não, não pense assim, iremos dar um jeito.
 
— Eu nã-
 
— Papai, eu vou dá um jeito. Eu prometo, vou procurar uma alternativa, não importa o que eu tenha que fazer. — eu não deixei que ele terminasse qualquer palavra antes de me virar e subir para o segundo andar.
 
Minha cabeça voltou a doer, uma forte vontade de chorar inundou minha garganta e por alguns longos minutos eu me vi parado em frente a porta do pequeno quarto que meus irmãos dividiam. Entrei, suspirei, sorri.
 
Bium foi o primeiro a vir até meu encontro, pulou em meu colo e eu o abracei com força beijando sua bochecha, os dois tinham cinco minutos de diferença quando nasceram, Bium sendo os cinco minutinhos mais novo que Hyujin, ambos gêmeos idênticos e meus irmãos só por parte de pai.
 
Eles não tinham nada muito parecido comigo apenas fortes traços que lembrava a mãe que eles sequer chegaram a conhecer.
 
Nossa história de família era um entrelaçado maluco de acontecidos, a maioria sem explicação, que nem sempre eu tive paciência para contar, Sooya chegou na minha vida quando aquele ser pequeno e molenga sequer se entendia por gente, ela me criou quando minha mãe biológica morreu durante o parto, que dela eu sabia muito pouco,  de início Sooya foi apenas uma ajuda para o recém viúvo e pai de primeira viagem, depois ela se apaixonou por mim e então por meu pai e meu pai por ela.
 
E eu a amei como minha mãe biológica, nunca senti falta de ninguém quando tinha ela por perto, era doce, gentil, carinhosa, minha mãe a quem eu mais amava no mundo.
 
Estava prestes a fazer dez anos quando ela teve meus irmãos e neste mesmo dia descobrimos que a barriga enorme não era por acaso e dentro dela haviam duas crianças gêmeas idênticas, ela as teve poucos dias depois do meu aniversário e algumas semanas depois, ela sumiu e recebemos a triste notícia da morte.

Asas de Corvo | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora